Capítulo Catorze

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Vou jantar, e tomar um banho. Passei o dia todo sentada, revendo essa história. "se der" Ainda posto de madrugada, caso contrário, amanhã posto mais. Bjs!!! Lembrando que esse livro ficará só segunda completa aqui na plataforma. Depois retirarei novamente e depois de revisado, irá para a Amazon. Com capítulos estras  e dois anexos. Que são os contos da Nina e Jordan, e 


Agnes

Sonhei com o Paulo. Ontem quando me ligou disse que talvez voltasse amanhã. Levantei, tomei um bom banho, passei no quarto do Jordan, e o encontrei pronto para o trabalho. Dei um beijo em seu rosto e fiquei feliz por ver que a Nina havia conseguido tirá-lo de casa.

O medo dos meus pais acho que era o mesmo que o de todo nós, que alguém chegue com um preconceito besta e derrube o trabalho de toda uma vida.

A mente do ser humano é um campo de batalha... Ai que travamos nossas piores lutas.

A mesa do café, esperamos por ele ao ver o barulho do elevador. Meu pai sorriu ao vê-lo abrir a porta e sair de terno.

- Achei que gostaria de ficar mais uns dias em casa. Estou à frente de tudo se quiser.

- Não pai. Está tudo bem. Não posso me esconder do que está dentro de mim. E também é um direito das pessoas não suportarem olhar para algo que não lhes agrada.

- O direito dela termina onde começa o seu. Ninguém precisa aceitar o diferente, mas precisa respeitar.

- A maior luta é com os meus conflitos internos.

- Isso mesmo filho. Lutas internas precisam ser vencidas. Eu não te disse mais a Maria Eduarda não faz mais parte do nosso quadro de funcionários.

Olhamos os dois três para ele, nem a mim ele tinha contado, mesmo tendo passado todo o dia se esbarando em mim na empresa.

- Não se assustem. Eu liguei para o Pierre antes para saber se a lei era favorável a nós ou não, e ele disse que sim. Segundo ele o Código Penal brasileiro determina como passível de punição os atos criminosos e de desrespeito causados por fatores discriminatórios.

- Não precisava ligar para ele sou advogado.

- Não quis nem contar o acontecido. - Meu pai respondeu ao Jordan e continuou falando conosco. - O objetivo maior da lei no código penal é que o Estado e a população saibam como agir em relação ao seu tratamento e de assegurar que o deficiente deve gozar no maior grau possível, dos direitos comuns a todos os cidadãos. A deficiência não pode ser em hipótese alguma, motivo para discriminação, ofensa e tratamento degradante.

- Eu queria ter tido a oportunidade de dizer a ela como na verdade, a sociedade é que é deficiente e não está preparada para o diferente. - Minha mãe ainda apresentava resquícios de revolta.

- Eu fico feliz com o apoio de vocês, mas infelizmente todos nós e os meios sociais somos um tanto que incapazes. Sempre se discute nas faculdades sobre a necessidade de adoção de políticas públicas efetivas de mecanismos de apoio para promover a igualdade e o exercício pleno dos diretos de todos, porém nada se faz a respeito. - Ele tomou um último gole de café e empurrou a cadeira para fora da mesa. - Agora preciso ir. Vou passar na casa da Nina.

- Estão namorando? - Perguntei animada.

- Não. - Foi à única coisa que respondeu e saiu. Ainda levaria um tempo para termos o nosso Jordan de volta. Há feridas que são invisíveis.

Fui para o trabalho, no carro ao lado do meu pai, olhando as linhas de expressão daquele homem que não demonstrava cansaço, mas que todos nós sabíamos de suas lutas na vida. A família sofre com cada dor que sofre uma pessoa que tem deficiência. Não é somente a pessoa em si que sofre. Todos sofremos um pouco.

Paulo - Amor e GratidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora