Capítulo Seis

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Paulo

Não trabalharia na segunda, mesmo se quisesse. E como consequência, recebi um ultimato do Jeremy, representante de minha mãe, sobre comparecer à delegacia.

- Sabe que tenho você como a um filho. - Sentou-se meu padrasto, aos pés da cama.

- Sei Jeremy. E sabe que o respeito como a um pai. Mas estou em dúvidas sobre como agir.

- Aja segundo seu coração, e de preferência que ele esteja em total acordo com os pensamentos de sua mãe. – Não podia rir, mas não aguentei. – Filho, não se deixe influenciar pelo que vão dizer ou pelo que vão pensar... Só pelo sente.

Era uma forma dele dizer que não precisava seguir o que minha mãe, o Jordan e a Nina buzinavam em minha cabeça. Eu precisava saber que alguém respeitava meus pensamentos.

- Sinto-me injustiçado Jeremy. Não fiz nada além de ajudar a moça e depois, parar e oferecer ajuda.

- E acha que essas pessoas que agem assim devem continuar impunes? Imagina se eles pegam uma pessoa que tenha um físico um pouco menor que o seu? Uma mãe poderia estar chorando hoje, sobre o túmulo do filho. Ou procurando em hospitais e necrotérios.

Fiquei pensando por um tempo. Hoje de manhã eu já havia me decido e logo em seguida, voltado a trás, mas pensando nas palavras do Jeremy eu me levantei.

- Você me acompanha? Não quero que minha mãe entre em uma delegacia. - Ele me acompanhou. Prestei queixas e ainda tivemos que solicitar o boletim médico, feito pelos paramédicos no local do incidente.

- O Senhor tem certeza que era esse o homem?

- Sim tenho. Ele disse que eu devia me afastar da filha dele, mas na verdade fui até a casa convidado. Eu a salvei uma vez de uns assaltantes... E em retribuição ela me convidou para o jantar.

- O senhor não acha estranho que uma pessoa que mal o conheça o convide para o jantar? Ela o convidou no mesmo dia?

- Não senhor. No outro dia.

- Como ela sabia onde o senhor morava? Ou trabalhava? Creio eu que ela deva ter feito esse convite em algum lugar, ou se encontraram sem querer novamente?

- Não senhor. Ela foi fazer uma entrevista de emprego e por coincidência eu a atendi.

- O senhor ocupa que cargo nesta empresa?

- Sou administrador executivo.

- Hum... Interessante.

- O que quer dizer? - Ele anotava tudo em uma folha enquanto um homem digitava tudo o que eu ia dizendo. Ao fim ele pediu o endereço. Eu não me lembrava do nome do pai da Sabrine porque ele não se apresentara a mim. Nem ao menos apertou minha mão. E isso agora cortava meu coração. Por que eu havia parado para um homem que sequer conhecia? Idiota! Me recriminei pela milésima vez.

Voltamos para casa e para minha surpresa, ao adentrar a sala de estar, a Sabrine estava sentada ao sofá. Ela se levantou e veio ao meu encontro.

- Me contaram que sofreu um acidente, e como disseram que foi no sábado, e eu tomei a liberdade de vir, sua mãe foi atenciosa e me deixou subir.

Eu não tinha palavras para me expressar. Como dizer a ela que o responsável por esse episódio havia sido seu próprio pai?

Nos sentamos, e logo minha mãe enviou alguns biscoitos e refresco de laranja...

- Sabrine eu nem sei por onde começar, estou até sem jeito.

- Se vamos ser amigos, devíamos começar bem não acha? Se tiver algo a me dizer por favor, diga. Quer que eu vá embora? Estou atrapalhando?

Paulo - Amor e GratidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora