Capítulo dois

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Agnes...

Eu juro que nunca vi uma pessoa tão histérica na minha vida. A mulher só faltou me bater. E olha que foi uma luta convencer meu pai e meu irmão Jordan que conseguiria fazer o trabalho. Ainda tive que passar pela burocracia de ser contratada como menor aprendiz, e só daqui três semanas, quando fizer dezoito, poderei de fato ter a carteira assinada como secretária.

Nem acredito. Dezoito anos. O complicado no trabalho, não é o trabalho em si. O difícil é lidar com as pessoas. O Ser humano é o que complica tudo.

Ela continuava me olhando por trás dos seus óculos escuros, e quando olhei em minha secretária eletrônica e vi o Jordan entrar em na sala por seu elevador particular, pedi licença, abri a porta da sala dele e expliquei toda situação a ele.

Eu o observava sair da cadeira de rodas, e passar sozinho para a cadeira, próximo a sua mesa.

- Guarda para mim? – Empurrou a cadeira em minha direção. E eu a coloquei dentro do elevador dele. Embora hoje, o Jordan tivesse muito mais facilidade de mobilidade de um dia tivera, sua sala ainda precisava ser adaptada para facilitar sua vida.

- A mulher faltou me bater. É uma fera. Disse que se eu fosse secretária dela ela teria me demitido.

- E se não fosse minha irmã também faria a mesma coisa. – Olhei para ele assustada. – Ontem quando esteve aqui para treinar, devia ter visto se havia algo para assinar.

- Quer dizer que também acha que eu sou a culpada?

- Quero dizer que juridicamente ela tem razão. Só não a dispensarei porque sei que a culpa foi da secretária que saiu de licença e não sua. E que essa seja sua primeira lição, nunca... Nunca se esqueça de me trazer documentos que precisam ser assinados.

- Mas ontem isso tudo foi muito desorganizado. Ninguém me passou orientação alguma, como disse que faria como eu poderia adivinhar tudo sozinha?

Ele não disse nada. Por que era tão difícil aceitarem que eu estava certa. Como adivinharia o trabalho a ser feito?

- Desculpe maninha. Foi um imprevisto o parto da minha secretaria se adiantar tanto assim. - Ouvimos baterem à porta. E de repente, a mulher enfiou a cabeça pela abertura da porta.

- Já entendi tudo. Vocês são namorados. - E foi entrando. - E eu igual boba esperando lá de fora. Já vi que nem vai adiantar eu reclamar da mocinha. – Senti o olhar do Jordan sobre mim e fiquei tensa. Todos nós sabíamos que ele havia relutado muito em me deixar assumir essa vaga. E agora, me olhava como se minha ineficiência apenas confirmasse suas suspeitas. Sei que meu pai precisou falar com ele, caso contrário, não o teriam convencido. Seu argumento era de que ele precisava de uma secretária tão eficiente, que cobrisse suas deficiências. Mas sabe que meu pai não o trata com diferença. Ele ama a todos da mesma forma, assim como corrige a todos nós, do mesmo jeito.

- Você deve ser a engenheira da qual a Agnes acabou de me falar.

- Sim sou eu. Que estou esperando uma assinatura sua neste documento para começar uma obra há três dias. Três dias. - Ela jogou o papel sobre a mesa.

- Desculpe se não me levanto para me apresentar é que...

- É que você deve estar muito cansando? Chegando ao trabalho há essa hora meu amor. Quando todos nós já deveríamos estar no meio do expediente. - Como podia ser sarcástica a tal ponto? Pensei comigo. Ela nem mesmo havia deixado o Jordan se justificar. - Nós engenheiros pegamos as oito e saímos as cinco, com apenas duas horas de almoço. Vejo agora que escolhi a profissão errada para seguir devia ter escolhido advogada, já que vocês chegam as... - Olhou no relógio... - Dez da manhã.

Paulo - Amor e GratidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora