Capítulo Quatro

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Paulo

Sábado devia ser dia de festa de balada, mas para falar a verdade, travava uma luta interna, entre ir ao jantar, ou chamar a Nina, o Jordan e a Agnes para assistirmos a um bom filme. Mas segundo a Nina hoje seria o baile da Agnes e como ela não disse nada, cheguei a pensar que me convidaria e não o fez, irei ao jantar na casa da Sabrine. Sei que foi de bom coração a intenção do convite, mas não me sinto nem um pouco animado.

Este não sou eu, somente meu estado de espírito depois de conversar nas redes sociais com alguns amigos e descobrir que minha ex, está dando uma festa hoje em nosso apartamento para apresentar o "noivo". Coitado não sabe o que o aguarda.

Mas enfim, um bom banho deve ajudar.

Entro no chuveiro e deixo que a água percorra meu corpo e depois de uma hora e meia estou me despedindo de minha mãe e indo em direção à casa da Sabrine.

Busco o endereço da Sabrine pelo mapa em meu iphone, e sigo as instruções. Em vinte minutos estou parado diante de uma casa bonita, estilo antigo. Está um pouco descuidada, mas pelo jeito é família tradicional.

Antes passei na floricultura, como ela disse que não tem mãe comprei flores para ela, para o pai não trouxe nada. Como não o conheço não ficaria bem trazer algo que ofenderia o homem.

Vai que trago vinho e é um alcoólatra. Charutos e está tentando deixar o vício. Não! Decididamente não se pode deixar uma má primeira impressão. O Lucca e o Pierre sempre nos alertaram nos mínimos detalhes.

Bato à porta e espero que me atendam. Demora um pouco, mas por fim, a luz da varanda se acende e ela aparece toda radiante. Muito elegante.

- Espero que esteja no horário. – Disse observando que não havia mais ninguém na sala, nem ouvia mais vozes.

- Ah sim, está. Será só você, meu pai e eu. – Um jantar íntimo. Ótimo! Ela fechou a porta e guardou meu casaco. - Sente-se ele não demora aparecer. São para mim? – Só então me lembrei das flores e estendi à ela todo sem jeito.

- Sim.

Depois que voltou da cozinha colocando as flores sobre um móvel, ela sentou-se ao meu lado. E eu que cheguei a pensar estar atrasado, horas depois deduzi estar era muito adiantado. Nosso assunto havia até se esgotado e nada do pai aparecer. Estava quase dando uma desculpa qualquer e ligando para o Jordan para me juntar a eles quando o telefone dela tocou e ela sorriu sem graça comunicando que o pai estava chegando.

E dessa vez era verdade. Cinco minutos depois, a porta se abriu. E nossa conversa que havia voltado ao auge, acabou esmorecendo quando ela percebeu que o pai entrava bêbado.

- Pai...

- Oi filha, desculpe o atraso estive com os amigos até agora e... – Ele dizia com fala enrolada, enquanto travava sua própria luta com a jaqueta de couro. E quando se virou para me cumprimentar... --- O Senhor deve ser... – Pareceu perder a voz.

Naquele momento eu pensei que ele poderia ter me reconhecido de algum lugar, mas o olhar o qual ele lançava era tão profundo e agoniante que comecei a ficar incomodado e a pobre moça também.

- Pai... Esse é o doutor Paulo... Meu chefe. O mesmo que me salvou dos rapazes de quem eu lhe falei, mesmo sem saber que eu iria trabalhar na empresa dele. – Me senti agradecido pela intervenção da garota.

- Como vai senhor? – Estendi a mão, mas ele não fez questão de retribuir o gesto e logo em seguida virou as costas deixando-me totalmente sem ação.

Paulo - Amor e GratidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora