Capítulo 92

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Paloma Santiago- ON

Passei a mão no cabelo e o joguei todo para o meu ombro direito. Minhas medeixas batiam abaixo do meu seio e fazia cócegas no meu braço. Mas naquele momento, era a única coisa que não me importaria.

Me olhei no espelho novamente e me sentia pronta. Uma calça preta, uma blusinha de manga rosinha e um tênis branco que ela havia me dado de presente. Sem nenhuma maquiagem ou batom. Não era um dia feliz pra usar aquilo.

Lembranças- ON

Médico1: Se afaste. - Me olhou. - Vamos tentar ressusitá-la.

Médico2: Trás o carrinho de parada. - Gritou pra enfermeira que entregou um carrinho ao mesmo. - Carrega em 300!

Médico1: AFASTA! - Gritou e o outro médico colocou o aparelho no peito da minha mãe.

Fizeram isso por longos minutos, mas não tiveram nenhum sucesso.

Paloma: Parem, por favor. - Pedi baixo. - Ela não... Ela não queria isso! - Suspirei e abaixei a cabeça.

Minha mãe não queria viver pra sofrer mais. Ela só queria descansar em paz.

Médico2: Hora do óbito... - E assim, foi dada a morte da minha mãe.

Lembranças- OFF

Naiara: Ei. - Pegou no meu braço, fazendo-me sair do transe. - Já está pronta?

Naiara havia me acolhido na noite de ontem depois da notícia que minha mãe não iria mais voltar. Ela veio me ver com a Alexia e o Jake. Ambas me ajudaram na questão do velório e coisas do tipo e tanto a elas como todos os outros, devo muito a eles. Patrick veio me ver e nos abraçamos por 1 hora inteirinha. Sem se largar!

Foi um abraço acolhedor diferente de todos os outros.

Paloma: Sim. - Suspirei. - Podemos ir!

Naiara: Ok! - Alisou meu cabelo. - Vamos. - Saiu do quarto.

Me olhei uma última vez no espelho e sai do quarto. Passei pelo quarto do Jake, que não estava mais ali e pelo quarto do Olavo que se encontrava com a porta fechada. Ouvi falação vindo do mesmo e encostei meu ouvido na porta para conseguir ouvir melhor.

"Não vamos conversar agora, Olavo. Foda-se se era mentira o negócio da Jessica. Não me importo mais!". Essa era a voz da Naiara.

"Por favor..."

"Olavo...". Desencostei meu ouvido da porta porque não queria ouvir as palavras de dor e decepção da minha amiga.

Ela me dizia que eu era forte. Mas na verdade, ela que era a única forte de nós duas. Que não chorava na frente de ninguém e seguia a vida como se nada tivesse acontecendo. E eu, pro meu azar, só pensava em mil e uma razões de como sobreviveria depois de tudo.

Desci as escadas em passos lentos e varri os olhos pela sala. Tudo do jeito que estava quando cheguei aqui.

Uma foto do Olavo e da Naiara moldada estava presa ao lado de uma foto do Jake já crescido.

xXx: Vamos. - Ouvi uma voz embargada atrás de mim e vi Naiara. - Só estava terminando de arrumar minha bolsa!

Paloma: Ok. - Minha voz saiu num sussurro que quase não deu para ser ouvida. - Onde está o Jake?

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