Capítulo 13

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KATE


Uma noite.

O grande problema das promessas era justamente o fato de cumpri-las. Quando se impunha limite a algo, ultrapassar essa barreira e fazer aquilo que não era premeditado passava a ser tentador demais. E essa era a questão, quando se estava cara a cara com o pecado, ceder às suas vontades era excitante demais.

O pecado da Eva foi ser seduzida por aquilo que não tinha e deixar que a aparência a ludibriasse. E essa mesma voz pecaminosa não parava de sussurrar em meu ouvido, falando tudo aquilo que servia apenas para alimentar meu lado impuro que não via a hora de ser colocado para fora. Seus dedos gentis incessantes nas carícias por meu rosto eram a personificação da tentação. As mãos não me deixavam. Dylan me tinha contra a parede e sabia disso.

- Diga a verdade russa, não para mim, mas para você - insistia, batendo na tecla que pouco a pouco não aguentaria mais a pressão.

- Dylan...

- Apenas diga, Ekaterina.

Abri os olhos e coloquei a mão em seu ombro, o afastando levemente para que pudesse ver seu rosto. Dylan não se deu por vencido, pelo contrário, arrastou a boca quente em meu pescoço, causando calafrios por meu corpo que ansiavam cada vez mais por seus toques. A migrou então até a minha boca, roçando nossos lábios num carinho transbordante de sensualidade extasiante. Não me beijou, mas eu pegava fogo.

- Depois - informei, com a garganta seca e a voz sôfrega, minha mão agora amparava seu rosto nas mãos, eu ofegava sedenta por ele, a verdade nua e crua era mais do que nítida e óbvia em minha cabeça.

- Como assim depois? Russa, você tá transformando minha vida numa porra de cabeça pra baixo - ele tinha a mão em minha nuca e os olhos questionadores fixos em mim.

Sorri, era impressionante como pequenas respostas minhas o deixavam doido.

- No final do expediente. Não sei se reparou, mas estou em horário de trabalho e tenho certeza de que estão olhando para nós agora. Você quer uma resposta? Tudo bem, eu te darei. Apenas espere mais um pouco, umas horinhas a mais não farão diferença.

Minha voz custava a voltar ao normal, dos pés à cabeça sentia o comichão intenso e assustador que me tomava, o abismo que crescia ao meu redor usava suas forças para me tragar.

- Porque não é o seu pau que está duro e roxo há dias, tudo culpa sua.

Meneando a sobrancelha, usei os dentes para puxar o lábio inferior.

- Já ouviu falar que a mão ajuda?

- Diaba dos infernos.

- Nunca disse que era santa, americano.

- Ekaterina, vou adorar fazer você se ajoelhar como uma boa menina - seus lábios repuxados para cima salientavam a cara cafajeste, ele tinha razão, eu jogava também, mexendo as peças no tabuleiro, aguardando a melhor oportunidade de dar o bote.

Aproximando novamente meus lábios dos seus, sussurrei sem um pingo de escrúpulos aquilo que definitivamente confirmava o quão igual a ele eu era. Uma imagem se formou em minha cabeça e foi impossível não lembrar de Tomás, um amigo antigo que sem dúvidas riria em ironia vendo minha reação naquela hora.

- Americano, quando eu me ajoelho, geralmente não é para rezar.

Pisquei para Dylan e o safado, impressionado, e com certeza não esperando aquilo, sorriu de lado.

- Essa sua língua afiada não sabe o que a aguarda.

- Será?

Afastei-me dele como quem não quisesse nada. Girei a arma na mão, peguei outro pente no bolso da calça e a recarreguei antes de devolvê-la a Dylan. Afinal, a aula não tinha terminado e ainda precisava ensinar o que eu sabia fazer.

SEDUÇÃO FATAL [HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora