KATE
Sentada em uma poltrona branca de frente para um espelho que não escondia em nada minha fadiga, esperava pacientemente. Pernas dobradas, braços sobre os joelhos, chacoalhando os pés no ar, lutando contra o cansaço. Não era possível que colocar um vestido no corpo demorasse tanto.
Mas Nina se provava mais do que capaz.
Dez longos minutos.
Como?
Quando o último foi rejeitado, ela segurava a próxima opção na mão.
E não saiu do provador depois disso.
Ouvia sua voz, num burburinho sem parar com a vendedora. As duas dentro de um espaço minúsculo por tempo mais do que suficiente para que a minha nada ortodoxa amiga se enfiasse dentro de um pedaço de pano. Bocejei. Meu sono era gigantesco. Minha rotina se resumia em dormir em um sofá duro e pequeno de hospital e dar aulas o dia inteiro. Quando pensei que conseguiria ter algumas horinhas em uma cama perfeitamente confortável, fui arrastada para fazer compras.
Maior prova de amizade impossível.
Sono era sagrado.
— Acha que uma hora ela sai lá de dentro? — Nathan perguntou, buscando meu rosto com os olhos afáveis, porém refletindo o desânimo por ter de esperar assim como eu.
Exatamente. Nina e Nathan. Os dois pareciam chiclete. Como se fossem amigos desde sempre. Ao contrário do primo que fez aquela bendita aula de tiro com o único propósito de me provocar, Nathan realmente se interessou. Voltou todos os dias naquela semana. E na semana seguinte também. Suspeitei que fosse por causa da russa pirada, mas não.
Ele não a olhava como se a desejasse como mulher.
Ou como se desejasse qualquer outra mulher.
Nina claramente ficou desapontada.
— Poxa, só porque pensei que daria uns pegas no americano gato. Minha maior fantasia é ser a professora rigorosa que coloca o aluno safado e delícia na linha...
Ela não daria pega nenhum nele, mas os dois se juntaram e não mais se largaram. A dupla N&N, como tinha intitulado os dois, adorava uma balada e música alta.
Segundo Nina, Nathan era o homem da vida dela.
— Moreno, alto, bonito, sensual, cheiroso, atira bem, tem um sorriso divino, um corpinho sensacional, e ainda por cima tem um olho incrível pra macho, bem melhor que o meu. Quer coisa melhor?
Expirando longamente, o olhei e sorri.
— Se ela não sair nos próximos minutos, eu mesma vou lá e a trago até aqui — recostei no encosto estofado, cruzando os braços, observando seu risinho de divertimento. — Entendo que as mulheres demorem escolhendo roupas, mas ela exagera. Não sei como você ainda está aguentando ficar aqui.
Nathan girou sobre o assento. Encarou-me de frente, alargando o sorriso branco e gentil. Antes de me responder, tomou uma lufada de ar e passou os dedos pelos fios de cabelo. Estar perto dele era estranhamente confortável. Sua presença era como um bálsamo. Suas palavras eram sempre bem pensadas e inteligentes. Sua postura era a de um cavalheiro.
— Não tenho nada mais interessante pra fazer, pelo menos com Nina sei que não ficarei entediado. Fora que ter a oportunidade de conhecer a famosa Ekaterina de verdade é bem animadora. Sem ninguém a tirando do sério, você sendo você mesma. E claro... — abriu os braços, indicando a si mesmo — mostrando quem eu sou também. Afinal, tenho o dever de zelar pelo meu sobrenome.
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SEDUÇÃO FATAL [HIATO]
Romansa[+18] Dispa-se de todas as algemas e vista-se da liberdade de ser quem e o que desejar. ▪▪ Dylan Travis cresceu sabendo que nada em sua vida era ordinário. Com um pai autoritário e exigente, uma família que coman...