Capítulo 6

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KATE

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KATE


— Psiu — sorrindo, passei os dedos pelo rosto tranquilo de Natasha que dormia no quarto do hospital. — Bailarina, é hora de acordar, meu amor.

Natasha se remexeu na cama ao ouvir minha voz e lentamente foi abrindo os olhos. Piscando demoradamente, se acostumando com a luz, mexendo a cabeça sobre o travesseiro. Erguendo o braço livre da agulha, levou a mão até a boca e bocejou.

— Mamãe? — perguntou bem sonolenta, a voz doce e fina que eu sentia tanta falta todos os dias quando era acordada por ela pulando sobre mim. Suspirei pesarosa e me inclinei sobre seu corpinho pequeno, beijando sua testa.

— Oi, princesa. Estava morrendo de saudades — confessei ao pentear seus fios cor de mel bagunçados com os meus dedos. Eles ainda estavam ali. Mas não por muito tempo. A leucemia avançava e a medicação começava a não ter o efeito esperado. Era questão de tempo até que ela precisasse da quimioterapia. Meu coração doía só ao pensar que teria que contar para ela o que aconteceria com os cabelos que ela tanto amava.

Mas ela mesma era o meu consolo. Desde que descobrimos sua doença. De todos, Natasha foi a que permaneceu mais forte. Mesmo com as dores, desconforto e mal estar que os remédios causavam. O que mais me destruía era que não percebi os sintomas antes, jamais imaginei que a falta de apetite, a febre e a fadiga que ela sentia fossem os sinais de que tinha leucemia.

Todos pensaram que não passasse de algo simples.

Se eu tivesse me atentado antes, ela não estaria tão debilitada. E para uma mãe, não havia nada pior do que ver seu filho sofrer por uma desatenção sua. Mas o sorriso tão alegre e lindo que abriu foi o meu refrigério. Natasha sorriu, os lábios se esticando o máximo que conseguiu. Suas bochechas, apesar da palidez, se avermelharam o suficiente para que por ínfimos segundos não houvesse nada de ruim. Somente o amor puro de verdadeiro.

— Senti sua falta, mamãe — disse fazendo o beicinho de quando queria um abraço. Engoli as lágrimas e sentei na cama, a envolvendo em meus braços. Seu cheirinho de perfume suave de morango, bem tímido e mesmo assim tão forte que adentrou minhas narinas, seu carinho que tinha um calor tão inebriante e as carícias que seus dedos fizeram em meu rosto quando nos soltamos.

Fechei os olhos, apenas sentindo seu toque puro e inocente. Sem máculas e angelical. Nunca me arrependeria de ter prosseguido com a gravidez sozinha. Mesmo quando fui deixada sem ajuda nenhuma por alguém que dizia me amar, mas que quando soube que seria pai desapareceu. Natasha nunca seria um erro. E mesmo que considerassem assim, seria no máximo um leve desvio do percurso que mudou minha vida para sempre.

E para melhor. Eu não seria o que era se não fosse por ela. E era por isso que pedia tanto que o tratamento desse certo. Não aguentaria perdê-la. Não sei se dessa vez suportaria a dor. Uma vez tinha sido demais. Ter a ferida aberta outra vez seria o meu fim.

SEDUÇÃO FATAL [HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora