Capítulo 40

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DYLAN

Kate sabia como eu era. Um fodido inconsequente que não escondia o que queria e quem queria. Por isso não foi nenhuma surpresa quando apareci com uma professora especialmente contratada para ensinar a pequena diabinha mirim a aprender inglês. Era uma merda ter de se comunicar usando as mãos ou dependendo da russa. Ou eu ficava parecendo um idiota com uma cara de lesado ou ficava parecendo um idiota com cara de lesado e mexendo as mãos no ar como se fosse a porra de um mímico.

E nenhuma das opções era viável pra mim.

E por saber o quão Natasha era inteligente, não me espantei por ela pegar algumas palavras tão rápido.

Enquanto a senhorinha que batia abaixo dos meus ombros explicava apenas o básico para ela, eu me via a olhando sem parar. Hora e meia seu rosto se voltava para o meu e a bailarina sorria. Mas não era um sorriso qualquer. Era o sorriso que fazia um cara do meu tamanho e da minha idade parecer um fantoche nas mãos dela. Eu sorria de volta e beijava sua bochecha. Diziam que somente os bebês tinham um cheirinho doce. Mentira. Ela tinha um cheiro de morango bom. Eu quase sentia vontade de pegá-la nos braços e apertá-la até fazê-la gargalhar o máximo possível.

E obviamente atrapalhei a aula mais do que algumas vezes.

Mas caralho, o que eu podia fazer?

Fui enfeitiçado por uma menina de seis anos que nem sabia se comunicar comigo.

— Aposto que se interrompê-la mais uma vez ela vai tacar o sapato na sua cabeça — Kate sussurrou ao meu lado enquanto lia ou fingia ler o seu livro.

— Isso é uma aposta? — a olhei, levantando uma sobrancelha — Sabe que se apostar comigo e perder eu te castigarei, russa.

— Devo entender isso como intimidação? — lentamente virou a página, como se nada estivesse acontecendo. Filha da mãe.

— Jamais — pisquei um olho, fazendo-a esconder o sorriso. — Eu nunca faria isso. Intimidar? Que tipo de pessoa eu seria? Seria o mesmo que dizer que eu beijo pessoas desconhecidas e que poderiam me passar uma herpes, gonorreia ou sei lá que porra em um bar na maldita Rússia.

Aproximei-me dela, debruçando-me sobre o braço da cadeira.

— Eu tenho amor à minha vida, Kate. E não beijo nos primeiros encontros. Muito menos faço outras coisas — falei bem baixo —, com uma russa dona de pernas enormes, olhos verdes e que anda por aí em seu vestido vermelho como uma diaba pronta para me prender em seu tridente.

— Mesmo? — ela disse ironicamente — Porque não pareceu. As lembranças que eu tenho daquele dia são bem diferentes.

— Já ouviu falar que a bebida tende a danificar o cérebro? — apontei para a cabeça — Russos podem ser bem...

Ela bateu em meu braço, apertando os olhos.

— Me parece bem preso no meu tridente à essa altura.

— Você não faz ideia do quanto, russa — respondi, pegando em sua mão. — E por livre e espontânea vontade.

— Então eu não fiz nada para ajudar? Decepcionante.

— Claro que fez, apareceu naquele antro de DSTs como Nathan falou e foi louca o suficiente para beijar um desconhecido no meio da rua enquanto ele te prensava na parede. Isso me parece ser mais do que ajudar. Mas o maior culpado nisso tudo sou eu. Deixei você enfiar esse garfo na minha bunda e pronto. Você me tem nas mãos desde lá.

— Nesse caso, não há de que.

Porra! Eu amava quando ela agia daquele jeito. Aparentemente despreocupada, mas mostrando o quanto gostava de aceitar as minhas insinuações.

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⏰ Última atualização: Dec 17, 2018 ⏰

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