Minha Rotina

751 18 14
                                    



Acordo de manhã fazendo um esforço daqueles que só quem adora dormir entende. A claridade que teima em invadir o meu quarto insiste que eu devo levantar e deixar os meus sonhos no único lugar da casa onde eu posso ser eu mesma. Meu quarto, o meu ''País das maravilhas''.

- Não, o dia ainda não chegou... Só mais dez minutos, por favor!!!

Me chamo Natalie Alvarez, e não sou exatamente o que as pessoas da minha família julgam como normal, eles vivem perguntando ''em que mundo eu vivo?'' e dizendo pra eu ''não viajar tanto sem sair do lugar''

­- Não acredito que levantei as cinco da manha em pleno domingo. Que ser humano com juízo perfeito faz isso? – reclamo comigo mesmo indo em direção ao banheiro fazer minha higiene matinal.

Após terminar todo o processo matinal, vou sendo arrastada por uma força maior até a cozinha. Antes disso escuto minha mãe batendo nas panelas, aquele era o sinal de todas as manhãs de que ela estava pondo a mesa para o café, não só o café mais todas as nossas refeições. Minha mãe é ótima mais com certeza tem algum problema com as panelas da cozinha, principalmente se ela estiver apressada.

- O café está pronto. Vamos logo que hoje o dia vai ser longo! – minha mãe grita nos chamando como sempre faz.

- Bom dia mãe.

­- Bom dia filha.

Entro na cozinha e fito minha mãe com aquela expressão animada que ela conhece bem e puxo uma cadeira, quando já estou sentada sinto um beijo no alto da minha cabeça. Eu não vivia sem aquele beijo, ganho ele todas as manhãs, e a sensação de ser aquela menininha protegida é algo que não larga de mim.

- Bom dia querida.

- Bom dia pai.

E como tudo que é bom assim como tudo que é ruim dura pouco, meu irmão é o próximo a me dar bom dia.

- E aí maninha? Como vão às viagens?

- Vão bem, obrigado palhaço!

- Parem os dois, vocês não são mais crianças e a próxima viagem que a Nath e nós faremos, é para o mercado.

Minha mãe interrompe as provocações e no mesmo instante estamos os quatro rindo, você pode estar se perguntando o porquê de estarmos rindo de algo aparentemente idiota como, por exemplo, rir depois do que disse minha mãe, o que acontece é que quando não estou estudando ou trabalhando eu passo horas lendo, essa é a forma que encontro para fugir um pouco do mundo real e sem expectativas em que vivo, dessa forma, eu consigo sonhar e imaginar que algo diferente pode acontecer em minha vida, por isso eles dizem que eu vivo viajando porque passo horas do meu tempo indo para um lugar que nunca vai fazer parte da minha realidade.

Já mencionei que também sou um pouco desastrada? Não? Pois é, mas que fique claro que isso só acontece quando estou nervosa!! Tá bom... Às vezes eu me distraio um pouco, mas o que posso fazer? Prefiro dizer que acidentes acontecem. Eu vivo em uma cidade pequena chamada Aracity e acredite, ou não, nossa cidade já recebeu o titulo de maior produtora e exportadora de tabaco, laranja e algodão do país.

Tudo bem que do jeito que falo parece que minha cidade é atrasada e que eu vivo revoltada, não é bem assim. Aqui temos tudo que precisamos e conseguimos viver bem com a tecnologia e o meio ambiente já que ainda vivemos basicamente do campo. Meu problema é que sou uma garota a frente do meu tempo e viver em um lugar onde todos se conhecem e a maioria ainda é conservadora, é que é o problema.

Minha família é simples, nós não somos ricos assim como a maioria das pessoas daqui, mas vivemos com certo conforto, pois meus pais deram muito duro na vida para que não nos faltasse nada. Aqui não temos essa divisão de classes que vemos nas capitais e na sociedade de modo geral mais sim, temos dificuldades como em qualquer lugar do mundo, pois ricos mesmo são os fazendeiros e a indústria que se instalou aqui a alguns anos e graças a ela temos vários cursos técnicos e uma universidade onde me formei, o problema era que as pessoas que conseguiam se formar precisavam mudar se quisessem exercer a profissão. Temos cinema, internet e uma espécie de mercado onde se vende e se compra de tudo. Ah e um clube onde só frequentam os ricos, tipo muito ricos mesmos.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora