Surto

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Eu indico que vocês ouçam Lay me dawn do Sam Smith, enquanto leem esse capítulo. Não importa se cover ou  a versão original. Eu estava ouvindo essa musica na versão Diamond with cover quando construí este capítulo. Preparem os lenços porque esse casal está só começando a nos fazer chorar!

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Jonatas era um homem difícil de lidar quando queria, mas daí nem o seu próprio médio poder controlá-lo foi um pouco de mais até para mim. O quarto ficou pequeno e o ar ali ficou estranho. Dona Vero olhava o sobrinho com fúria e reprovação, mas na verdade era só excesso de preocupação mesmo, dela e de todo mundo.

- Jonatas o que está acontecendo? – eu pergunto

- Vai negar a verdade da Nath também Jonatas? – dona Vero cruza os braços olhando para o sobrinho.

- Está tudo sob controle ok? Não há com o que vocês se preocuparem...

- Dessa vez o senhor está enganado senhor Almonte. - o médico fala.

- Fale doutor. Quero ver se ele vai continuar negando porque nem ele tem noção da gravidade do fato – dona Vero fala firmemente.

- Por ser o médico da família eu precisei conversar com a sua tia e contar sobre a sua ultima consulta. – o medico explica – Como todos já sabem o senhor Almonte sofre de enxaqueca crônica. Mas o que o senhor não comentou com seus familiares foi que de uns tempos pra cá essas dores estavam constantes e mais fortes, que o remédio não estava surtindo tanto efeito e que notou outros sintomas como visão turva, irritação, inchaço e vermelhidão nos olhos por tempo prolongado entre outros sintomas que me deixaram bem preocupado. Ele me procurou no meu consultório e eu pedi uma serie de exames, passei medicamentos mais fortes pra combater as dores e também pedi que ele fosse a um oftalmologista de minha confiança porque percebi que as dores não tinham nada a ver com a enxaqueca dele. Infelizmente os exames que realizamos no senhor Almonte detectou uma ulcera nas córneas dele, o que só confirmou minhas suspeitas. Eu expliquei ao senhor Almonte que só tratamento no caso dele não resolveria e que ele precisa lutar contra o trauma que ele tem e fazer a cirurgia o quanto antes. Se o senhor não operar poderá ficar cego, senhor Almonte. – o medico encerra a fala olhando para nós três.

Jonatas não disse nada, apenas ouviu tudo e depois de uns minutos calado ele teve uma reação a qual ninguém esperava, ou melhor, eu não esperava.

- Eu não quero ficar aqui, não entende? Eu não quero operar. Se eu operar, eu não irei sair vivo de lá. Eles estão mentindo. Eles também disseram que ela sairia viva de lá e ela não saiu... Eles mentiram, são todos uns abutres mentirosos, eles não saíram vivos de lá... Vocês vão fazer o mesmo comigo também... – Jonatas está tendo o que parece ser um surto nervoso, um ataque de pânico e raiva, ele começa a falar coisas desconexas e chora tirando o soro de seu braço com desespero e eu na tentativa de impedi-lo o abracei com todas as minhas forças.

- Jonatas não! Para, para... Desta vez a gente vai até o fim, nem que para isso eu tenha que me amarrar a você Jonatas Almonte. – eu digo surpreendendo a todos segurando ele. – Olhe pra mim Jonatas. Eu estou aqui, estou com você e não vou deixar nada te acontecer. Olhe pra mim, eu não vou deixar que te machuquem. – eu levanto seu rosto para que ele me olhe e o beijo desesperada – Eu te amo. Apenas fique comigo, só fique comigo. Vai ficar tudo bem, eu prometo. – digo com os lábios colados nos dele.

- Você não entende Natalie? Eles estão mentindo...

O médico se apressou e aplicou-lhe um sedativo, Jonatas foi se acalmando aos poucos enquanto me apertava forte. Aos poucos ele foi ficando inconsciente em meus braços. Sua tia desabou num choro angustiado vendo aquela cena, só então entendi que o problema do Jonatas era mais grave do que se podia imaginar. Eu me perguntava enquanto o abraçava que trauma ele tinha sofrido a ponto de fazê-lo preferir a cegueira a operar.

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