A partida e os novos amigos

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Uma semana passou voando e como previ o senhor Arabão estava tão convicto que sairia vitorioso mais uma vez que aceitou de imediato o novo acordo, a única exigência feita por ele era que eu deveria me manter VIRGEM, pois se não conseguíssemos o dinheiro ele nos tomaria tudo e eu ainda viria de brinde. Da pra acreditar num troço desses?!

Eu então comecei a preparar tudo para minha partida, o clima estava estranho em casa, minha mãe e meu irmão estavam feitos loucos de um lado pro outro juntando as reservas que tínhamos pra eu poder viajar em segurança enquanto isso meu pai apenas me evitava. Eu entendia o quão difícil estava sendo para ele mais do que para os outros, ele se sentia responsável e culpado por tudo quando na verdade também foi só mais uma vitima.

O dia da minha viagem tinha finalmente chegado e eu estava ansiosa, nervosa e apreensiva, pois não sabia o que iria acontecer comigo na capital, porém decidi deixar todos esses pensamentos de lado e focar somente no que realmente importava e acabar com isso tudo.

Eu estava terminando de arrumar as malas e aproveitando cada minuto do meu quarto para me despedir dos meus livros, da minha escrivaninha, dos meus discos da minha cama enfim. Tudo ali tinha minha cara, perfeitamente organizado e meticulosamente guardado em seu devido lugar, a pior parte vinha agora. A despedida.

Sai do quarto arrastando as malas e todos já me aguardavam na sala, meu irmão veio me ajudar e o silêncio angustiante dominou a todos, sabíamos que não teria volta e que eu teria que seguir dali sozinha.

- É... Acho que chegou a hora. Vocês não vão me dar um abraço?

- É claro que vamos filha, só estamos admirando a filha maravilhosa que temos e a mulher que ela se tornou – minha mãe é a primeira a falar me abraçando.

- Venha aqui maninha, eu sempre tive muito orgulho de você e nunca vou esquecer o sacrifício que está fazendo por mim e agora por minha família, só lastimo não estar lá pra quebrar a cara dos engraçadinhos que se meterem a besta com você. – ele me abraça e bagunça um pouco meu cabelo.

- Vou sentir sua falta cunhada. Eu queria muito que você realizasse seu sonho, mas de outra forma e não assim, o que sei é que Deus tem um propósito em nossas vidas e que foge ao nosso entendimento, só confie nele, pois o que vem dele é sempre pra nosso bem ainda que seja de maneira difícil. Só tenha fé e não desista. Certo?

Eu assenti para ela agradecendo suas palavras, a essa altura eu já estava me debulhando em lágrimas, mas desabei mesmo foi com meu pai. Ele me abraçou desesperadamente e chorava feito uma criança, eu nunca o tinha visto assim, ele sempre fora forte e o que estava vendo era um homem de coração estilhaçado por saber que todos estavam dependendo unicamente de mim.

- Pai... Não fique assim vai dar tudo certo ok! Eu preciso sair daqui e saber que vão ficar todos bem. Eu preciso disso entende? Preciso que todos vocês sejam fortes agora.

- Filha eu... – foi só o que ele disse antes de me puxar para um abraço apertado e os outros se ajuntarem a nós num abraço coletivo que levou todos aos prantos. Fomos para rodoviária onde decidi não prolongar aquele momento de tristeza, entrei no ônibus e de lá segui viagem rumo a um destino desconhecido. Natalie Alvarez agora viveria sua própria aventura. – Deus me ajude!

Cheguei à capital e quando desci do ônibus eu estava moída da viagem, não tinha um só membro do meu corpo que não doesse. Comecei a me desesperar quando vi o fluxo de gente que andava de um lado pro outro parecendo um bando de loucos, não que eu não estivesse acostumada com gente pra lá e pra cá, afinal venho do comercio, só que aquilo era... de mais até para mim. Olhei para os lados e uma luz de repente brilhou e um sorriso largo se abriu no meu rosto. Ela estava lá. Dinah correu ao meu encontro e nos abraçamos.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora