A visita

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Dois dias tinham se passado depois do acidente na sala do chefe e seguindo ordens médicas, eu estava em casa de repouso. Minha mão ainda está bem inchada e o corte da testa graças a Deus não vai deixar marcas e mesmo que deixasse, o cabelo cobriria tudo.

Passaram-se só dois dias e Berta já está feito louca tendo que se virar no escritório e ainda ajudar no bar já que o time estava desfalcado, eu recebi ligações de Gustavo me desejando melhoras e de Adam Ruiz que me ligava praticamente o dia inteiro, pra saber como eu estava. Minha maior surpresa mesmo foi a inesperada visita de Marta, ela ainda trouxe pessoalmente um lindo buquê de flores em nome de seu irmão com cartão assinado e tudo.

Cara senhorita Alvarez! Mais uma vez peço desculpas pelo ocorrido e pela maneira estúpida que agi. Estimo que fique boa logo e que não esqueça que a senhorita tem um compromisso comigo. Não vejo a hora de desfrutar de sua companhia ao meu lado na festa de minha irmã e de apresenta-la a minha tia que está ansiosa para lhe conhecer. Ass. Jonatas A. Marinho

Meu chefe nem imagina que ele foi depois do meu pai, o primeiro homem e único a conseguir me dar flores. Não por falta de tentativas dos rapazes da minha cidade, meu pai é que nunca deixou mesmo, ele jogava as flores no lixo antes que eu soubesse que eram pra mim. Só descobri porque flagrei meu irmão fazendo o mesmo, aí ele não teve escapatória e acabou confessando tudo.

Eu recebi Marta com muita alegria e aproveitei para lhe mostrar o bar e também para apresentar o pessoal, na verdade só Dinah, Lipe e Marcos. Nando e Bob não tinham chegado ainda. Marta estava ansiosa para falar pessoalmente com Bob que até então só tinha falado com ela por telefone.

Marta tinha achado tudo incrível ou ''IRADO'' como ela dizia e tinha adorado o ambiente, nós estávamos sentadas em uma parte do bar conversado e tomando um drink sem álcool que Marcos gentilmente preparou pra gente. Acabei contando a ela que tinha feito balé quando criança e que Dinah e Nando estavam me forçando a dançar, ela mais que apoiou a idéia e disse estar ansiosa pra me prestigiar, só ia ter que vir com Gustavo porque se depender do irmão ela não vai sair nunca de casa.

- Que irado! Deve ser muito legal dividir o ''AP'' com os amigos e morar em um lugar como este, é como ter a diversão em casa a hora que quiser sem ter que pedir permissão.

- Nem sempre. O bar surgiu por necessidade mesmo e graças a Deus não nos atrapalha porque conseguimos separar as coisas e apesar do trabalho temos horários, o que ajuda muito senão não daríamos conta – eu rio.

- Acredita que meus amigos já me falaram do bar antes mesmo de eu te conhecer, eu não sei como fui me esquecer de mencionar isso com você, inclusive eles vem muito pra aqui. Eu tenho umas amigas bem loucas que piram no garçom/ segurança gato que vocês tem aqui.

-Então elas vão adorar saber que ele também vai dançar em uma apresentação bem especial.

- Não brinca?! É o que eu to pensando?

- Umhum. Strip-tease.

Nós rimos da idéia maluca e das outras que vão surgir durante essa balada cultural. Eu expliquei pra ela que a intenção é fugir do convencional e mostrar talentos além de que financeiramente é uma boa proposta. Um tempo depois a conversa mudou um pouco de foco.

- Então Nath? E sua família? Você me disse que não é daqui, certo?

- Sim, minha família é toda do interior só Dinah e eu mudamos pra cá em busca de algo melhor. Minha família não é tão grande, tenho pai, mãe e um irmão mais velho que casou antes de eu vir pra cá e já vai ser papai. – eu rio meio triste.

- Sente falta deles?

- Muita! Mas e você? Quero saber mais de você.

- AH! Minha família também é pequena como você já deve saber. Somos só meu irmão, uma tia que sempre cuidou da gente desde pequenos e que está louca pra te conhecer de tanto que falo de você em casa, e meu primo bobão que você já conhece e eu. Perdi meus pais quando era um bebezinho, minha tia é o mais próximo de uma mãe que conheço e meu irmão é como um pai pra mim.

- Sinto muito!

- Tudo bem. Eu sei que sou amada por eles de onde quer que eles estejam isso é o que importa pra mim. Então... Os meninos vão demorar muito?

Antes que eu abrisse a boca, eis que eles dão o ar da graça.

- Helo mortais! Gente alguém precisa dar um jeito na tranca da porta. Aquilo está uma merda.

- Nando! Olha os modos. Temos visita. – Dinah fala

- Ops! Desculpa... Mais aquela porcaria ta emperrando e precisa de reparos urgentes!

- Ainda bem que não falei nada. – Bob diz e depois fica olhando para Marta como quem estava vendo uma miragem.

Marta e eu levantamos da mesa e vamos até o balcão onde eles estão.

- Gente, eu quero apresentar minha visita. Essa é Marta Almonte. Marta essa figura aqui é Nando e esse rapaz que não para de babar aqui é o Bob, nosso DJ.

- Muito prazer querida. Desculpe os modos e não ligue pra mim, sou assim mesmo e se pretende vir mais vezes, é melhor ir se acostumando. Ah! Eu amei seu cabelo. Bem vinda chica. – Nando cumprimenta.

- Gracias! – ela responde dando dois beijinhos em Nando.

- Oi – ela diz a Bob.

- O-Oi. – ele responde e aperta a mão dela que parece meio tímida.

Bob e Marta conversaram um pouco e depois de um tempo ela decidiu ir embora, se despediu dizendo que voltaria mais vezes e que indicaria o bar pra mais amigos dela e que tinha adorado conhecer todo mundo e todos disseram o mesmo a respeito dela. A visita foi agradável, o problema foi depois que ela foi embora.

- Ta ficando importante heim? Recebendo a irmã do chefe em casa...

- Não viaja Nando. Foi só a visita de uma amiga e ela também queria conhecer o Bob.

- Sei... Cuidado pra chefe Junior além de amiga, não virar cunhada também. – Dinah e os meninos riram.

- Ela é uma gata... – Bob elogia.

- Olha só... Pensei que nerds só gostavam de Star Wars e vídeo games.

- Não enche Lipe! Eu adoro Star Wars, vídeo game e garotas bonitas.

- Então acho que está na hora de sair do mundo virtual, maninho. - nós rimos.

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