O Acordo

Impaciência

Eu estava impaciente e ficar em casa nessa agonia não iria resolver nada, eu não vou permitir que essa mulher me descarte assim, sem sequer ouvir o que tenho a dizer pra ela. Eu mandei outras mensagens, liguei varias vezes e nada. Já que ela não estava me dando outra escolha eu tive que tomar medidas drásticas.

Liguei para Berta que também não atendeu, mas mesmo assim não me dei por vencido e resolvi ligar pra Dinah que após varias chamada finalmente atendeu e o que ela, ou melhor, eles não sabiam era que eu tinha um plano B caso nenhum deles me atendesse. Eu fui a casa dela decidido a só sair de lá quando falasse com ela e foi o que fiz, depois de escutar os desaforos da Dinah e mais um NÃO da Nath, eis que alguém finalmente decidiu abrir a porta. A essa altura do campeonato eu já não me importava com o frio ou com a chuva fina que caía naquele momento, eu tinha esperanças de que fosse ela a abrir a porta, mas para aumentar ainda mais a minha frustração quem aparece é Dinah.

- Vai ficar ai parado? Entre, não quero que você pegue uma pneumonia e morra sem dar uma boa explicação – Dinah abre o portão me dando passagem pra entrar.

- Onde ela está?

- Calmo aí bonitão! Primeiro é comigo que você vai ter conversinha – ela fala seria.

Era a primeira vez que entrava ali, o bar era um ambiente aconchegante, pequeno, porém muito encantador. Eu corri o lugar ligeiramente com os olhos até Dinah se aproximar e me entregar uma toalha pra eu me secar.

- Esse lugar é bem legal.

- Obrigado, trabalhamos duro pra colocar esse lugar pra funcionar. Nath fez um verdadeiro milagre com o pequeno capital que tínhamos para construir tudo isso, seu primo e sua irmã já vieram aqui e também gostaram bastante. Ah, nós moramos no andar de cima e bom, não é exatamente como a sua casa, mas quem sabe em outra oportunidade você não vai lá conhecer.

- E por que não hoje? Onde está sua prima Dinah? Preciso falar com ela.

- Sossega o facho aí garotão! Ela está magoada e não quer falar com você agora, dê um tempo a ela. Tudo que está acontecendo na vida da minha prima é muito novo pra ela, e também nas condições em que ela está é melhor que vocês não se falem hoje.

- O que ela tem?

- Ela tem uma doença muito conhecida chamada decepção amorosa que eu acredito que você nunca teve e que graças a Deus tem cura, mas pra aliviar a dor que ela estava sentindo ela tomou um belo de um porre!

- O quê?

- Pois é meu bem! Pra tudo tem a primeira vez...

- Por que você deixou ela beber desse jeito?

- Você ficaria surpreso se soubesse o que mulheres revoltadas são capazes de fazer! Agora senta aí enquanto te preparo um café, mas se você quiser, eu tenho algo mais forte também? O que vi ser?

- Aceito o café. – faço uma pausa e continuo – Por que esta fazendo isso?

- Isso o quê?

- Me ajudando. Bom, pelo menos está me ouvindo...

- Não se iluda porque a minha vontade ainda é de chutar suas bolas! Estou fazendo isso pela minha prima, mas também porque não acredito que você seja esse filho da mãe escroto que a gente viu beijando aquela... aquela mulher! – ela fala enquanto prepara o café.

- E não sou! Por isso estou aqui.

- Então poderia explicar realmente o que aconteceu? – Dinah diz sentando cadeira depositando a xícara na mesa.

- Isso não tem veneno não é? – eu pergunto

- Fique tranqüilo que eu só pretendo te matar se a sua explicação não for convincente o baste – eu percebo um tom de brincadeira em sua fala.

- Em primeiro lugar, eu não tenho nada com a Sophia. É verdade que ela tem sentimentos por mim e na faz questão de esconder isso de ninguém de ninguém, só que eu nunca correspondi aos sentimentos dela. Ela foi até minha casa porque não conseguiu falar comigo e nem com o Gustavo e minha irmã me contou o que fez com ela – digo e Dinah abre um sorriso lembrando o ocorrido – Quando ficamos sozinhos ela aproveitou o momento e me agarrou, aí vocês chegaram e entenderam tudo errado.

- Não foi o que pareceu!

- Dinah, eu não estou pedindo que acredite em mim, mas estou falando a verdade. Olhe pra mim? Que necessidade um homem da minha posição teria de estar aqui a uma hora dessas, todo molhado e praticamente implorando pra falar com uma mulher que não quer nem vê-lo?

- Nossa! Você realmente faz jus ao que Berta e a minha prima dizem.

- Dinah, sua prima está com raiva de mim por algo que eu não tive culpa.

- Quem manda ser bonito e ainda por cima rico, não é? – ela é sarcástica.

- Tanto o dinheiro quanto a beleza são coisas que com o tempo tendem a acabar, mas o meu caráter é a única coisa que vai morrer junto comigo. Eu não quero brincar e muito menos usar a sua prima se é o que está pensando. Também tenho meus princípios.

- UAU! Você e a minha prima nasceram um para o outro. Até parece ela falando...

- Ela disse alguma coisa a você?

- Querido! O que ela ia me dizer se nem ela sabe o que está rolando entre vocês?

- Gosto da sua prima, Dinah! Eu já estive com muitas mulheres apesar de ser um homem muito reservado, e sabe por que nunca me casei? Porque nenhuma delas se compara e muito menos se iguala a sua prima, e eu ó preciso que ela me deixe mostrar isso a ela.

- E o que faz você acreditar que com Nath vai ser diferente? Que não vai ser mais um casinho discreto seu?

- Porque estou apaixonado por ela!

- CHOCADA EM CRISTO!

- O que disse?

- Nada... Olha Jonatas, eu não quero que a Nath sofra, apesar de parecer forte ela é muito frágil e inexperiente nas questões do amor e uma pessoa muito boa que não merece que um canalha estrague a vida dela. Ela já tem tantos problemas que não seria justo entende? Tudo que estou fazendo é para protegê-la, mas não pense que pesei as coisas que você me disse. Vou retribuir o favor que você fez a mim a ao Gustavo pedindo pra ela pelo menos ouvir o que você tem a dizer, porém, ela não é obrigada a nada e você tem que respeitar os sentimentos e as decisões dela, ok? Também estou fazendo isso por ela porque Deus sabe o quanto quero vê-la feliz, e se for você o escolhido pra realizar essa missão é melhor andar na linha ou eu cumpro a ameaça que te fiz, entendido?

- Não sei se agradeço ou se fico com medo.

- Por hora é melhor ficar com medo, depois você me agradece. Agora você tem que ir, já está bem tarde e todos precisamos descansar.

- Está bem, eu já vou indo mais antes queria te pedir um último favor. Não deixe sua prima sair do emprego dela, ela é uma excelente profissional, a melhor que já conheci até hoje e eu me sentiria muito mais culpado do que já estou se ela largasse uma Carreira promissora e um futuro brilhante por minha causa, ou melhor, por um mal entendido. Diga isso a ela.

- Eu direi, agora vá. Amanhã é outro dia.

- Obrigada Dinah, meu primo é um homem de sorte e a Natalie também por ter uma prima como você.

- Obrigado. Vá tranqüilo.

Como Dinah mesmo disse: o amanha é outro dia, mas antes mesmo dele chegar eu já estava traçando planos do que faria. Se Natalie pensa que vou desistir ela está muito enganada, pois quando entro em uma batalha eu nunca entro para perder!