Tia Vero

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- Jonatas o que aconteceu? Você está bem?

Encontrei tia Vero sentada no sofá da sala, e como de costume, ela estava tricotando para ver se isso lhe dava sono, quando não, gostava de jogar conversa fora com Maria. A essa altura Gustavo e Marta já tinham se recolhido.

- Eu estou bem, tia. – digo beijando-lhe a cabeça e sento ao seu lado no sofá.

- Você chega nesse estado e diz que está tudo bem? Andou brigando? Já basta Gustavo. Quer matar sua velha tia também?

- Calma dona Verônica. Foi um acidente mais não foi comigo, eu só socorri a vitima.

- Vitima?!

- Eu estava trabalhando até mais tarde com a minha assistente, a senhorita Alvarêz. Eu senti dor de cabeça e ela se ofereceu pra pegar meu remédio que estava na estante. Só que eu me esqueci de avisar que a escada de apoio tava quebrada e o resto, a senhora pode imaginar. Ela caiu e se cortou com a prateleira de vidro.

- Meu Deus!

- Eu só ouvi o barulho e quando corri pra ajudar, ela estava ajoelhada e com sangue na mão e na testa.

- Imagino que isso trouxe muitas lembranças, não é mesmo?

- Sim, tia. Muitas...

- Por que tenho a sensação de que não é tudo? Você tem andando disperso e mais preocupado que o normal.

- Tem razão tia, mais não quero encher sua cabeça com meus problemas.

- Eu estou aqui pra te ajudar filho, e você vai poder contar comigo sempre que precisar. – ela afaga meus cabelos.

- Eu sei tia, e, agradeço por seu cuidado e sua proteção, mas realmente tive um dia cheio hoje e não queria falar de problemas.

- Tudo bem moçinho. Agora me diga como está a moça?

- Bem, ela pegou alguns pontos na mão e graças a Deus ela não precisou pontear a testa também. Tia? – faço uma pausa – Eu entrei no hospital com ela. – digo por fim.

Minha tia meio que ficou paralisada quando me ouviu dizer isso, ela não quis se aprofundar, pois sabia o que aquele assunto ia provocar em mim. Ela me deixou falar e eu disse que quando me dei conta já estava lá e que meu instinto falou mais alto e a única coisa que eu queria era protegê-la. Depois de um tempo em silêncio, minha tia resolve mudar o foco da conversa.

- Essa moça mexe com você, não é? Ela é um dos motivos de você andar tão distraído?

- O meu Deus, tia! De onde tirou isso?

- Meu filho, você nunca esteve envolvido com nenhuma mulher seriamente e se já se apaixonou alguma vez, nunca nos contou. Essa moça já ganhou o respeito do meu filho e o carinho da sua irmã, duas pessoas mentalmente difíceis de lidar. Ela também acabou de ganhar minha admiração, e eu não duvidaria nada se ela acabasse ganhando seu coração também. Desde que essa moça apareceu, eu só tenho ouvido falar coisas boas dela e gostaria muito de conhecê-la.

- É tia, ela faz jus ao que dizem dela e um pouco mais. Só acho que vocês estão babando de mais por ela, nem a conhecem direito.

- Não estamos babando por ela. Deixamos isso pra você. – Ela brinca

- O que é isso? Um complô? Francamente tia Vero! Já basta Marta e Gustavo agora a senhora também?

- Sejamos óbvios John. Essa moça mexe com você e fim de papo, agora levanta essa bunda daí e vai tomar um banho e vista roupas limpas enquanto eu te preparo um chá, e não discuta com os mais velhos principalmente quando eles estiverem certos.

- Tia?

- Agora John!

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