Rainha dos zumbis

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Perrie ouviu um click e manteve os olhos fechados. Mas, nada aconteceu. Não sentiu, absolutamente, nada. Morrer, não devia ser daquele jeito. Apertou de novo. Nada. Então,abriu os olhos. Olhou pra arma, com estranhamento. Não fazia ideia, de como manusear aquilo. Estaria travada? Suspirou, sentindo mais lágrimas caindo. Nem pra se matar, servia.

- Está sem munição. - Ouviu uma voz grave, dizer. Era ela. A heroína de uma figa. Não
olhou pra ela. - Sorte do meu tapete preferido, no qual está sentada. Iria estraga-lo. - A voz
dela ia ficando, mais perto.

- Já resolveu? - Perrie perguntou, mantendo a cabeça baixa. - Já posso ir?

- Não resolvi. - Parou na sua frente. Olhou para as botas dela.

- E o que falta? - Finalmente, a encarou.

- Falta eu decidir o que usarei, para derruba-los. - Explicou. - Não vou gastar munição
à toa. E não para de chegar mais, aí na frente.

Perrie deu de ombros.

- Quanto tempo demorará, pra você se decidir? - Continuavam se fitando.

- Eu desci pra buscar umas bolinhas de gude. - Mostrou-lhe o estilingue. - Aí, vi você,
tentando se matar. Por que, hein?

- Não interessa. - Disse ríspida. A mulher levitou uma sobrancelha. - E a culpa é toda
sua, por estar chegando mais. Você quem ficou atirando, que nem uma louca.

- Eu sou a louca? - Perguntou sarcástica. - Você quem estava vagando pela rua, como se fosse a rainha dos zumbis.

- Eu estava muito bem! - Alterou a voz.

- Devia estar mesmo! - Ela se afastou, com alguns passos.
- Garanto!

Ficaram em silêncio, por um tempo.

Olha, você não quer tomar um banho? Trocar de roupas, poderia ser bom. Está toda
suja de sangue.

- Só abre logo, essa porta, tá legal? - Disse baixando a cabeça, novamente. Não dava a mínima, pro fato dela estar tentando ser gentil. Não queria gentileza de ninguém, queria estar morta. Como todos que conhecia.

- Eu abro a droga da porta, quando eu bem quiser! - A voz lhe trouxe, de seus
pensamentos. - Você quer se matar? Quer mesmo? - Ela continuou falando. Perrie voltou a fita-la. - Pula da janela do meu quarto. Você passa por ela, tranquilamente. - Sorria, irônica. - Claro que, talvez, você não chegue a morrer. Não é tão alto. Porém, quanto a isso, você não precisa se preocupar. O pessoal aí fora, cuida de você. Pra mim, só vai custar mais uma bolinha de gude. - Se afastou, abrindo a gaveta de um armário. Lhe lançou um último olhar,
balançando uma caixinha. Então, subiu as escadas.

Jesy ainda não acreditava, no quanto aquela mulher podia ser chata. Tentou ajudar,
apenas isso. Sentiu uma dor enorme no coração, ao assisti-la apontar a arma pra cabeça.
Ia fazer algo, mas então ela puxou o gatilho. Ficou aliviada, pela arma não ter disparado.
Ela era uma insuportável, mas não queria que se matasse. Ainda mais, na sua frente.

Se debruçou na janela, com o estilingue na mão. Posicionou uma bolinha de gude e
mirou em um dos zumbis, na sua porta. Já devia ter quase vinte. E continuava, chegando
mais. Suspirou. Reggie estava deitado em sua cama. Em poucos minutos, iriam almoçar.
Acertou o zumbi na cabeça. Ele caiu. Jesy mirou em outro. Lembrou da forma como foi
tratada, quando tentou ser gentil, oferecendo seu banheiro, até roupas, daria a ela. Não se conformava. Derrubou mais um zumbi, lá fora.

E a loira, estava decidida mesmo, a se matar. Disse como estava a situação lá fora, esperando que ela repensasse. Mas, ela apenas deu de ombros. Aquele era o gesto que mais odiava, nela. Matou mais um zumbi. Se aquela louca pensava, que iria tentar ser legal outra vez, estava enganada. Acabaria com os zumbis que estavam ali fora, e abriria a porta.

Era melhor ela ir embora, mesmo. Melhor pra todo mundo. Reggie reclamou, em cima da cama.

- Já vai. - Jesy disse, acertando mais um zumbi. Viu que começou a nevar. Matou apenas mais quatro zumbis e se afastou da janela. Sua barriga já estava roncando. - Tá bom, né Reggie? Ela que espere. - Sorriu pro cachorrinho. - Vamos comer? - Pegou ele. - Sim! - Beijou seu pelo.

Desceu as escadas, já de olho na loira, que continuava sentada no cantinho, perto da porta. Ela chorava. Não podia evitar, sentir pena dela. Queria muito, saber o que tinha acontecido. Talvez se tivesse perguntado, com mais sensibilidade, ela teria dito. Ou não. Naquele momento, ela lhe olhou. Jesy desviou o olhar, indo direto pra cozinha

E não soube, se oferecia comida a ela, ou não. Ficaria muito irritada, caso ela fosse grossa, de novo. Mas, tinha que oferecer. Começou a imaginar, de onde ela poderia ter vindo. Provavelmente, do estádio. Ouviu as rajadas de tiro e viu helicópteros. Ficou muito assustada. Lembrou-se, de conferir na internet, mais tarde, o que havia acontecido lá. Mas, apostava alto, que tinha a ver com aquela fera. Queria saber, como aquilo aconteceu. E se haviam mais, como ele.

Jesy colocou a comida do Reggie. Tinha cozido macarrão, mais cedo. Despejou em uma
travessa e colocou um pouco de molho. Levou a travessa pro microondas. Depois que
esquentou, ela retirou e jogou queijo ralado por cima. Se serviu e foi até a sala.

Perrie sentiu o cheiro de comida. Estava muito bom. Seu estomago fez barulho. Ela enxugou as lágrimas e fungou.

- Tem... - Ouviu a voz da mulher. Olhou pra ela, no mesmo momento. - Tem macarrão na mesa. Você pode se servir.

Ela saiu, sem esperar sua resposta. Gostou, do fato dela ela não tentar um diálogo. Diria que não queria comer. E provavelmente, ela acharia rude. E seria mesmo, rude. Não
costumava esconder, quando não ia com a cara de alguém. E definitivamente, não foi com
a cara dela. Isso, desde o dia, que ela derrubou seu celular no meio da rua. Mas, de qualquer forma, não conseguiria colocar nada na boca. Ainda mais, estando tão suja. Olhou pro teto, fechando os olhos. Só queria sair dali.

Jesy passou boa parte da tarde no quarto, com o Reggie. Tentava dar um fim, aqueles zumbis que estavam na sua porta. A neve lhe atrapalhava. Causando, desperdício de muitas bolinhas. Fechou a janela. Estava entrando muito frio. Tomaria um banho e buscaria notícias na internet. Também, tentaria telefonar pra sua mãe. Antes de tudo, decidiu
separar algumas coisas, pra sua "hóspede". Caso, ela decidisse tomar banho, não precisaria pedir. Duvidava muito, que ela pedisse.

Separou uma calça de moletom preta. Uma camiseta branca e uma blusa de frio. Meias, um cobertor grosso e uma toalha. Desceu as escadas. Ela continuava do mesmo modo. Sentada no cantinho. Agora, um pouco inquieta, provavelmente, era frio. Recebeu seu olhar.

- Aqui, tem algumas coisas. Para caso, mude de ideia e queira tomar um banho quente. - Deixou tudo em cima do sofá. - O banheiro fica lá em cima. Porta da esquerda. - Era tudo.

Subiu. Pegou o que precisaria para o seu banho e entrou no banheiro. Não demorou muito. Nem molhou os cabelos. Com aquele frio, quem sentia prazer em tomar banho? Se vestiu e saiu do banheiro. Logo, estava sentada na cama, embrulhada e com o notebook no colo. Reggie estava ao seu lado.

Já haviam países, totalmente devastados. Praticamente todos, da América Latina. Não havia nenhuma informação, sobre aquele zumbi estranho. Todas as notícias diziam que o Madison Square Garden, tinha sido invadido por um zumbi, que espalhou a infecção. Mas, não falavam se ele era diferente dos outros.

Distraída, se assustou, ao ouvir um barulho, fora do quarto, sendo que o Reggie estava ao
seu lado. Lembrou-se, de que não estavam mais sozinhos ali. Era ela. Indo pro banheiro. Sorriu. Era meio angustiante, ficar vendo ela toda suja de sangue. E talvez, depois do banho, ela conseguisse dormir um pouco e assim, colocar a cabeça no lugar. Tendo lido, todas as notícias novas, Jesy desligou o notebook. Deixou ele em cima da cama mesmo, e se deitou.

Caiu no sono, sem perceber. Dormiu por duas horas. Acordou as sete da noite. Estranhou, Reggie não estar ao seu lado. Se levantou da cama, com pesar. Estava tão quentinho ali. Saiu do quarto, desceu as escadas e parou ao ver Reggie, deitado junto a loira, no sofá. Ela acariciava o pelo dele. Não conseguia ver o rosto dela direito, mas parecia chorar.

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Perrie babaca neh pqp

Apocalípse (Pesy)Onde histórias criam vida. Descubra agora