Perrie ficou de joelhos, próxima a poltrona, pegando álcool e algodão, na caixa de primeiros socorros. Molhou o algodão e encostou no arranhão do joelho da Jesy.
- Ai! - Ela reclamou, baixinho. Perrie fez cara de pesar. Continuou limpando, levemente.
De vez em quando, olhava mais acima, e observava a tatuagem que havia, na coxa da ruiva. Era linda. Quando terminou de limpar, colocou o band-aid.- Prontinho. - Disse, sem se afastar.
- Obrigada. - Ela abriu uma pomada, e passou um pouco, na altura do joelho. Ia massagear, mas Perrie foi mais rápida.
Jesy ficou sem jeito. Porém, não disse nada, deixou que ela deslizasse as mãos por seu joelho, espalhando a pomada. Aproveitou o toque carinhoso dela, em sua pele.
- Eu preciso perguntar. - Perrie disse, quebrando o silêncio. Olhou pra Jesy. - Sobre essa cicatriz. - Apontou pra cicatriz no joelho. - O que houve?
Jesy pensou bem, antes de responde-la.
- Foi um acidente.
- Hum... - Continuou com a massagem delicada. - No trabalho? - Jesy assentiu. - O
que você faz, afinal?- Eu era militar.
- Dá pra imaginar. - Perrie olhou-a sorrindo. Jesy sorriu também, adorando o sorriso da loira. As covinhas delicadas que se formavam nas bochechas, os dentes perfeitos. Ela devia sorrir sempre.
- E você? Médica, né? - Perguntou, deduzindo, por ela querer lhe ajudar. E também,
porque lembrou do jaleco branco, que ela usava, no dia anterior.- Não. Cientista.
- É sério? - Jesy ficou surpresa.
- É sim. Eu trabalho... - Parou de falar e de movimentar as mãos, em seu joelho. - Eu trabalhava, na Universidade Stony Brook.
- Bacana. - Sorriu, vendo -a de cabeça baixa.
- Era. Até... Esse inferno começar. - Se levantou, voltando pro sofá. Jesy viu, que seus olhos estavam marejados. Se arrependeu de ter perguntado. Mas, não tinha como saber. Sem saber o que dizer, ficou calada.
25 de Novembro
Três dias se passaram, lentos e tediosos. Uma nevasca atingiu Nova York, atrasando
os planos da Perrie, de ir embora. Ela sentia, que não devia ficar ali, comendo e vestindo as coisas, dos outros. Usando água e energia. Jesy era cordial, mas não chegaram a conversar muito. Perrie teve tempo o bastante, para pensar no que fazer com a sua vida, dali pra frente.Leu e releu, a sua folhinha amarela. Algo clareava em sua mente, sobre aquilo. E ela
se sentia na obrigação, de consertar o que fez. E se não conseguisse arrumar, a morte era a melhor opção. Não iria nunca, conseguir ser feliz, depois do que causou. Claro, que nunca
imaginou o que aconteceria. Mas, era sua culpa, direta ou indiretamente.Jesy bem que queria, ter uma conversa, com outro ser humano. Mas, não achou brecha no comportamento da loira, para puxar uma conversa, naqueles três dias. Se cumprimentavam pela manhã, avisava a ela, quando a comida estava pronta. A ensinou como lavar as roupas, em sua máquina de lavar. Fora isso, sempre via a loira concentrada, em uma folha de papel. Ela lhe pediu, no dia anterior, uma caneta e um bloco de anotações. Quando não estava escrevendo, tentava telefonar pra alguém.
Então, Reggie era com quem tinha que contar, para exercitar a voz. Isso, quando ele estava
afim. Muitas vezes, ele gostava de estar perto da loira. Jesy não negava sentir ciúmes. Mas,
não podia fazer nada. Estava ansiosa para a nevasca parar e poder sair dali. Queria
caminhar, novamente.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Apocalípse (Pesy)
FanfictionJesy Nelson, é uma ex militar, que não sabe mais seu lugar no mundo. Perrie Edwards, cientista que de repente, se vê sozinha e sem esperanças. Seus caminhos se cruzam em meio ao caos e desesperança, exatamente, quando uma mais precisava da outra. Si...