Após uma sequência de acontecimentos ruins num único dia, o maior desejo de Henri era poder recomeçar a vida sem lembrar de quem lhe machucou e tentar ignorar o fato de ir estar morando com seu pai, com quem tem uma relação conturbada.
Mas quem...
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— Mas que desgraçados!
Rose estava na frente da minha mesa, era sábado e os setores relaxavam já que nenhum dos Chermont estava presente, Rose e Kleiton eram frequentadores assíduos da "minha" sala.
— Foi como eu te falei, mas será que pode voltar ao trabalho agora? Estou tentando digerir tudo isso.
— Eu só queria poder digerir era a cabeça daquele idiota! Eu nunca gostei dele e você sabe disso.
Ela não estava falando de Tarso, era o Marcel que Rose odiava desde o colégio, a pior coisa que existe é ser amigo de pessoas que se odeiam. O ambiente sempre ficava pesado quando ambos estavam perto e eventualmente rolava alguma discussão, ainda bem que só Rose demonstrou interesse em trabalhar na Chermont quando o banco de colaboradores caiu.
— De quem você vai arrancar a cabeça Rosemeire? — Kleiton entrou na sala com um bife enorme de papéis.
— De ninguém. — cortei o assunto estendendo a mão para pegar os papéis — Isso é o planejamento anual?
— Uhum. Você tem que repassar tudo isso para a nova chefa assim que ela tomar posse.
— Okay. — pus uma etiqueta vermelha nos papéis indicando que eles eram importantes, adquiri esse hábito para não me perder nos compromissos que pareciam brotar diariamente — Vocês chegaram a vê-la?
— Eu vi! — Rose disse com uma pontada de entusiasmo — ela é poderosíssima.
— Você já a conhecia? — Kleiton se virou para Rose intrigado.
— Não.
— Então como sabe que ela é poderosíssima? — dessa vez fui eu quem perguntou.
— Alôo — ela cruzou os braços e mexeu seu pescoço — Quantas mulheres tem a chance de liderar uma das seis maiores empresas de gemas preciosas do mundo? Além do quê só negras poderosíssimas usam afro no ambiente de trabalho, acredite em mim.
Ela apalpou seu próprio cabelo que era quase idêntico a da nova superiora, com a diferença de que o seu era mais arredondado.
— Beleza senhora poderosíssima, agora me deixe trabalhar, tenho muita coisa pra terminar, você também oh homem do dinheiro.
— Vamos embora poderosa. — Kleiton levou uma das mãos para a testa num gesto dramático. — Aqui não somos bem quistos.
Ambos saíram fingindo tristeza, "vocês dois são um comédia".
Sozinho eu comecei a simplificar mais algumas coisas no meu computador, coloquei comentários em todas as planilhas e já estava prestes a fazer mais uma coisa quando o telefone tocou.
— Escritório de Mariano Chermont, Henrique falando, Bom dia.
— Bom dia meu jovem, sou eu. — Ah meu Deus! É agora.
