A TV estava ligada apresentando um filme que não me recordo, o balde de pipoca entre Bruno e eu permanecia intocado e as únicas coisas que se moviam eram as nossas teorias sobre o real motivo de Lamartine ter feito o que fez.
— Se é que ele fez algo realmente não é Henrique? — Bruno finalmente se sentiu confortável em pegar um punhado de pipoca para dar mais franqueza em sua ideia — Depois de tudo o que essa família fez para te separar do pica de diamante, o que é uma mentira em comparação?
— Sim, não é nada. Mas se é realmente mentira, quem é a mulher que já foi várias e várias vezes até a empresa em busca do Lamartine.
Meu irmão postiço ponderou um pouco.
— Não sei, mas você deve lhe dar uma chance de falar. Não tome nenhuma decisão precipitada Henri, chegaram tão longe para se separarem por algo que nem sequer puderam discutir.
— Isso nem sequer passou pela minha cabeça, preciso ouvir dele o que realmente aconteceu. Lamartine virá me buscar as onze horas e vamos até seu apartamento para conversarmos melhor.
— Então é melhor se aprontar, acho que ele já já está por aqui.
Bruno mal terminou de falar e o meu celular bipou, uma mensagem de Lamartine avisando que já estava aproximando-se da casa do meu pai, me despedi de Bruno e desci às pressas. Fiquei no meio da pista do condomínio e a cada vez que o farol do carro preto me ofuscava, meu coração sofria palpitações mais intensas, me via coberto por ideias irracionais e só desejava que ele me dissesse a verdade.
O caminho até o apartamento foi de silêncio imperante, Lamartine provavelmente sabia que Petros me falara a respeito... dela. Mas também sabia que eu não estava satisfeito em ouvir aquilo através de terceiros. Quando chegamos ao apartamento não fomos até o quarto, ficamos na sala, frente a frente.
— Eu não sei por onde começar. — ele disse com a voz entrecortada.
— Bom. — sem querer, posso ter soado de maneira firme, Lamartine pareceu rijo ao ouvir meu tom — Comece pelo que eu quero saber, você realmente matou uma pessoa? Uma garota?
Ele soltou o ar, olhando para baixo envergonhadamente.
— Sim, eu matei.
— Eu tenho certeza que a resposta será sim, mas... Foi homicídio culposo?
Por favor diga que sim.
Por favor diga que sim.
Lamartine assentiu, amenizando um pouco as minhas conclusões anteriores, mas é claro que ele não se sentia mais ameno por isso.
— Eu tinha dezenove anos.
Ele começou a contar sem coragem de olhar nos meus olhos e com a voz tão pesarosa que me fez querer chegar mais perto.
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O Brilho da Tentação
RomanceApós uma sequência de acontecimentos ruins num único dia, o maior desejo de Henri era poder recomeçar a vida sem lembrar de quem lhe machucou e tentar ignorar o fato de ir estar morando com seu pai, com quem tem uma relação conturbada. Mas quem...