Após uma sequência de acontecimentos ruins num único dia, o maior desejo de Henri era poder recomeçar a vida sem lembrar de quem lhe machucou e tentar ignorar o fato de ir estar morando com seu pai, com quem tem uma relação conturbada.
Mas quem...
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Aquela foi uma das primeiras manhãs em que vi todos reunidos na mesa para tomar café, mas estranhamente parecia natural, já havíamos tomado posição. Bruno ficava ao meu lado e na frente da sua mãe que estava ao lado do Patrício a minha frente, ele nunca foi adepto daquela ideia de que o provedor senta-se à base da mesa, partia do princípio que deveria estar ao lado da sua esposa... Eu conhecia aquela filosofia, pois era para minha mãe que ele recitava isso em todos os jantares de família.
— Então Henri? Como vai o trabalho? — Eliza me perguntou educadamente.
— Está tudo bem, mais movimentado que o normal na realidade, estou um pouco assustado com a troca de patrão, parece que tem um peso nas minhas costas.
— Nossa! — ela disse ainda me olhando — Imagino que seja uma hora ruim para pedir alguma joia de presente não é?
— Eliza!
Meu pai a repreendeu, Bruno e eu estávamos sorridentes, Eliza tinha uma postura elegante, mas era possível sentir a sua energia meninona a quilómetros.
— Não... Tudo bem — fiz um sinal para que meu pai relevasse — Quando a poeira baixar eu mesmo faço uma joia para você Eliza.
Ela levou a mão até seu peito e impressionada inspirou uma lufada de ar.
— Você sabe fazer joias?!
— O avô dele o ensinou — Patrício interviu — imaginei que já tivesse perdido a prática meu filho.
— Eu sempre tento praticar quando posso. — Respondi.
— Você volta de que horas hoje? — Bruno tocou em meu braço — Vai ter uma balada hoje aqui no bairro, tá a fim?
— Hm... Pode ser, hoje sairei algumas horas mais tarde, acho que vou querer espairecer um pouco.
— Ótimo! — Bruno sorriu e virou-se para Eliza — Vocês também vão?
Estranhei a pergunta dele, achei que estivesse brincando, mas quando Eliza se virou para o meu pai com um ar de questionamento foi que me dei conta de que Bruno estava falando sério. Patrício prensou os lábios, pensativo.
— Não sei não, hoje tenho que corrigir algumas provas, amanhã tenho que dar aula e tudo mais.
— Mas bebê o semestre mal começou. Você pode dar uma procrastinada e entregar as notas depois não pode?
Eles se entreolharam, Eliza estava fazendo uma carinha de cachorro pidão e continuou até que meu pai cedesse.
— Ah Maravilha! Já vou escolher o meu vestido.
Ao término do café encontrei com Bruno na porta, ele estava indo para sua aula de hipismo, fomos conversando a caminho da garagem.
— É sério que eles vão também? — perguntei ainda sobre o assunto da mesa.
