Capítulo 30 - Um brinde aos adúlteros

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Como já dizia a música, o tempo não para, e a verdade é que o tempo sempre tem vários lados num mesmo relógio, então enquanto eu tentava descobrir que rumo o meu relacionamento a margem das leis morais – e contratuais – tomaria, minha família planejava um almoço com todos juntos... Todos mesmo, então meu pai convidou a mamãe, que foi acompanhada do seu novo namorado, o Rubens que foi acompanhando com sua fome insaciável, e a tia Mirian que levou a Lilica cor de fezes.

A mesa parecia uma verdadeira trincheira ao som de Carl Orff.

— Hm... Esse caldo de repolho e camarão está uma delícia. — Rubens balbuciou de boca cheia, só consegui decifrar por estar ao seu lado — E olhe que eu nem gosto de repolho.

— Obrigado — Eliza sorriu — Fui eu mesma quem preparei.

Puf... Até parece — Tia Mirian revirou os olhos pegando a Lilica do chão e pondo em seu colo — O que você colocou aqui?

— Bom, foi um pouco de leite de coco, uma mistura de verduras e também uma pitada de açúcar pra deixar esse agridoce.

O que mais me causava vergonha alheia era que Eliza permanecia educada enquanto a titia fazia seu papel rude.

— Gosto estranho.

Mas é claro que ela não estava sozinha, a mamãe fez questão de também deixar clara a sua insatisfação com o pobre molho de camarão.

— De quem foi essa ideia da reunião em família? — perguntei baixinho para Bruno que estava ao meu lado.

— Acredite se quiser, da minha mãe, ela achou que por você estar morando aqui poderíamos apaziguar as coisas... Alguém quer vinho? — ele permanecia sereno com toda aquele clima, acho que o lance de ser diva é para poucos.

— Então Ricardo. — meu pai aceitou que Bruno o servisse enquanto ele se dirigia ao namorado da minha mãe — Quer dizer que você é terapeuta? Como conheceu a Alexia?

— Hm. — Ricardo não conseguiu manter a plenitude com essa pergunta e engasgou um pouco, mas se refez para responder — Ela era... Minha paciente.

Patrício arqueou a sobrancelha e mastigou lentamente encarando o meu novo padrasto.

— Isso não é antiético?

— Que curioso. — mamãe colocou o queixo sobre as duas mãos em forma de torre, eu conhecia aquela pose clínica. Droga! Vai começar — Você falando de ética, Patrício?

— Curioso é eu ter que te lembrar, você ainda é psicóloga, não é?

— Alguém quer pão? — Eliza levantou uma cesta fumegante que cheirava a padaria e goiabada, mas foi ignorada com sucesso.

— Não acredito que você está falando assuntos dessa natureza Patrício, vamos deixar isso mais bíblico e falar sobre adultério?

— Na verdade eu sou ateu. — meu pai rebateu.

O Brilho da TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora