Capítulo 16 - O Amante - Parte I

5.2K 606 107
                                    

Cada um de nós possui um passado, alguns podem ser mais problemáticos que os outros, sei disso por que já ouvi muitas histórias que minha mãe contou sobre certos pacientes

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Cada um de nós possui um passado, alguns podem ser mais problemáticos que os outros, sei disso por que já ouvi muitas histórias que minha mãe contou sobre certos pacientes. Lamartine tinha alguma coisa e eu sabia, mas não queria saber, sobretudo naquele momento em que estávamos abarrotados de trabalho.

— Que bom que finalmente encontramos uma harmonia. — a estilista estava toda blasé falando enquanto acendia um cigarro.

— Pois é, depois de vinte projetos é bom poder finalmente nos entendermos. — peguei o cigarro de sua boca seca e joguei no lixo — É proibido fumar nessa sala, além do mais o cheiro me irrita.

Ela se zangou dizendo que a genialidade vinha acompanhada de umas boas tragadas, que o cigarro é chique e outras coisas boémias demais para o meu gosto. Não dei atenção a nada e logo ela saiu, Tamara entrou em seguida observando tudo ao nosso redor, ela estava sempre andando pela empresa como um fantasma, raramente aparecia diretamente na sala, mas naquele dia ela fez questão de ir.

— Onde está o senhor Chermont?

— Lamartine não pôde vir hoje, ele está organizando previamente algumas coisas para o desfile. — respondi observando alguns dos trabalhos que descartamos, Lorna e eu.

— Lamartine? — Tamara estava me encarando — Parece que vocês estão bem mais, íntimos, não é mesmo?

Ergui a cabeça, ela estava me olhando com um peso cínico assustador, será que sabe de algo?

— Bom... Nosso trabalho está rendendo bons frutos, isso posso garantir, somos uma boa equipe.

— Imagino. Vocês dois parecem realmente ser uma boa equipe. — ela soava tão enfática que um frio se instalou na minha espinha, sentei tremulo quando ela retirou-se da sala.

Droga!

Naquela tarde eu deveria ir até um dos estúdios da Chermont no centro da cidade para checar como estava indo o modelo que Lorna havia confeccionado, o olhar de Tamara me deixou apreensivo durante todo o caminho e isso resultou numa quase ultrapassagem do sinal vermelho, se a pessoa errada descobrisse o que estava acontecendo nós estaríamos perdidos, e Tamara com certeza não era a pessoa certa para descobrir.

Entrei no galpão repleto de máquinas de costura e retalhos espalhados a torto e a direita, mas estava vazio, sem trabalhadores ou qualquer ruído que não fossem meus passos.

— Olá? — minha voz ecoou, mas nenhum som em resposta — Tem alguém aí?

Tudo continuou em silêncio, suspirei balançando a cabeça em ligeira irritação.

— Que perda de tempo.

Andei até a saída no instante em que passos se fizeram mais firmes entre duas máquinas, um homem saiu andando misteriosamente enquanto seu olhar sacana me encarava.

O Brilho da TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora