Após uma sequência de acontecimentos ruins num único dia, o maior desejo de Henri era poder recomeçar a vida sem lembrar de quem lhe machucou e tentar ignorar o fato de ir estar morando com seu pai, com quem tem uma relação conturbada.
Mas quem...
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Tudo ao meu redor havia adquirido uma textura de sonho, era irreal que o mesmo homem com quem troquei conversas insinuantes e beijos insinuantes estivesse bem ali na minha frente, prestes a ser nomeado meu novo chefe.
— Henrique, quero que conheça Lamartine Chermont... Meu filho.
— F-filho?! — minha voz soou sibilante, não consegui esconder a surpresa, aliás, ela parecia estar saindo da caixinha a cada momento.
O senhor Chermont tinha filhos, disso eu sabia, mas ele nunca foi do tipo que coloca fotos de família em sua mesa ou sequer comentou os nomes para mim, eu também nunca parei para pesquisar nada, já que sua outra filha, Joanne, era a chefe de publicidade, na minha cabeça era tudo o que eu precisava saber como um subordinado.
Mariano Chermont me olhou estranho, logo em seguida para seu filho que estava imóvel, assim como eu tentando esconder a vergonha.
— Por quê? — o senhor Chermont tornou a falar — Você não sabia?
— Não senhor. — respondi com a respiração entrecortada, tentando recuperar minha posição impassível. Virei para Lamartine e sorri sentindo meu lábio se contorcer — É um prazer, senhor Chermont.
— Igualmente. — sua voz estava tão robótica quanto a minha, mas tentava conter o nervosismo — Mas pode me chamar só de Lamartine.
Lamartin.
O sussurro voltou a minha mente e imaginei-me abraçando aquele peitoral robusto enquanto cheirava seu pescoço. Cerrei os punhos me obrigando a afastar aqueles pensamentos.
— Certo Lamartine. — respondi já calmo.
— Senhor. — Tamara apontou o relógio de pulso — Devemos ir agora.
— Ah tudo bem — o senhor Mariano disse pegando alguns papéis da mesa - Mas antes deixe-me passar alguns detalhes aos meus dois parceiros aqui... Henrique.
Fiquei atento, ele parecia sério e tive o impulso de pegar minha agenda para anotar o que viria, mas suas palavras eram impossíveis de serem esquecidas...
— De agora em diante esse será o seu novo chefe, como eu já havia dito antes ele não tem muita experiência com o nosso segmento, então deverão trabalhar juntos e decidirem em equipe o que sucederá em cada projeto, eu ainda continuo sendo seu superior e Tamara será minha visão aqui, contudo não tomarei partido de muitas coisas... Vocês estão por sua conta.
Engoli a seco suas palavras, era demais para minhas pernas aguentarem. Depois de me falar isso, o senhor Chermont simplesmente acenou para seu filho e retirou-se da sala junto a Tamara, nos deixando a sós com aquele silêncio ensurdecedor.
Lamartine estava com olhos fixos na porta até virar-se para mim como um estalo, tão catatônico quanto eu sua respiração ofegava forte.
