Capítulo 36 - Enfrente seus Demônios - Parte II

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"Quanto a você fazer isso sozinho, não se preocupe. Eu estarei com você."

Contar com o apoio de Henrique me dava forças, mas no meu íntimo sentia e sabia que aquela era uma dor intransferível, por mais que ele estivesse completamente compadecido, a maldita conta do destino tinha somente um devedor... eu.

­­­­— Quer que eu vá com você?

Henrique desligou o carro me observando, estávamos em frente a ONG Giulia Flores, sentia como se estivesse prestes a encarar a própria garota depois de todos aqueles anos.

— Não, acho que seria melhor eu fazer isso sozinho, mas você poderia me aguardar aqui?

— É claro — ele tirou as mãos do volante e passou-as gentilmente pela minha barba, logo em seguida encostou seus lábios macios nos meus, uma injeção de fleuma em meus nervos — Boa sorte.

Assenti respirando profundamente e saindo do carro. A entrada da organização era rodeada por um belo jardim e possuía uma fonte que remeteu por um instante Giulia, caminhei até a porta de entrada evitando aquela projeção que me remetia o passado, mas é claro, aquele era um momento a se remeter o passado.

Entrei me deparando com um corredor só e a recepção logo em frente, a moça de cabelos castanhos e olhos azuis soltou o kindle em suas mãos e me olhou, estupefata, a julgar pelo título do livro na tela do objeto eu pude até imaginar que ela pareceu estar diante de um dos personagens eróticos, era uma reação comum de alguns ao me ver, e em geral eu tirava vantagem sobre aquilo, contudo aquele não era o momento.

— Bom dia. — falei educadamente, porém com um tom baixo.

— Bom dia... hu.

Ela soltou um som estranho, como um ofegar. Ignorei esse fato.

— Estou aqui para falar com... A senhora Flores?

— Em que posso ajudar?

Ouvi uma voz suave ao meu lado, virei e saindo da primeira porta daquele corredor, a senhora com cabelos ruivos me observou, erguendo o peito suavemente como se precisasse de ar para falar comigo.

"Mas é claro, deve me odiar, eu fui o monstro que ceifou a vida de sua filha"

— Lamartine — ela pronunciou meu nome como se me conhecesse a tempos — Eu estava o esperando.

Sem falar mais nada ela virou-se e continuou andando, a segui. O corredor tinha um lado aberto, com arcos dando diretamente a um pátio enorme, possuía tantas flores e árvores quanto a entrada da instituição, pessoas andavam normalmente, de muletas e algumas até com cadeiras de rodas, a mulher me olhava e olhava para o lugar com um leve sorriso em seu rosto rechonchudo e de marcas suaves.

— Eu não sei o que dizer... Perdão. Perdão por ter perdido o controle, perdão pela sua perda, perdão por não ter lhe atendido todas as vezes que a senhora me procurou.

O Brilho da TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora