Após uma sequência de acontecimentos ruins num único dia, o maior desejo de Henri era poder recomeçar a vida sem lembrar de quem lhe machucou e tentar ignorar o fato de ir estar morando com seu pai, com quem tem uma relação conturbada.
Mas quem...
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O som das ondas quebrando carregado pela brisa chegava aos meus ouvidos como uma música lenta e que me fazia querer ficar cada vez mais imerso sob ela enquanto o sol providenciava mais cor a minha pele anêmica.
— Não vai sair dessa espreguiçadeira Henri? — Bruno emergiu da piscina em minha frente, ele estava de óculos escuros, uma mania que eu nunca entendi.
— Não. — respondi de olhos fechados, imóvel — Vou passar um bom tempo sem pensar em nada, bem aqui.
— Qual o porquê disso?
Abri um dos olhos e bem ao lado do suco de laranja sobre o centro, estava meu celular, com a décima mensagem de Lamartine. Inspirei cansado e tornei a fechar os olhos.
— Eu odeio estragar o seu barato, mas você não pega bronze, o máximo que vai conseguir é ficar igual a um camarão. — ele tinha razão.
Maldita herança europeia, nem sol eu posso tomar!
Bati as mãos nos joelhos antes de levantar inspirando toda a experiência de marajá que era ficar na casa de praia do meu pai, estava feliz por ele ter tido a iniciativa de unir minha folga a sua e resolver levar todos até os arredores de Ponta Negra.
Mergulhei e me guiei pela água, com um pouco mais de cloro do que eu imaginava, elegantemente Bruno me seguiu e sentou nas bordas da piscina.
— Como andam as coisas com o pica de Diamante? — ele era sempre muito discreto.
— Não muito bem, ele protagonizou uma ceninha de ciúmes bem ridícula antes e depois do desfile.
— Uau! Então vocês quebraram a regra. — Bruno estava com as pernas indo para cima e para baixo como uma criança iniciante na natação.
— Que Regra?
— A de não ter sentimentos que só um casal poderia nutrir, sabia que vocês iriam se ferrar.
— É, que seja. — mergulhei rápido — Quando voltar teremos uma conversa séria sobre isso.
Bruno gargalhou blasé antes de me olhar sarcástico.
— Ai ai Henri, conversa séria?
— Qual o problema?
— Nenhum, a não ser o fato de que você e esse tal Lamartine estão namorando.
— O quê? Não mesmo!
— Vocês trabalham perfeitamente juntos, ele conta todos os detalhes da sua vida a você...
— Isso não é verdade. — não mesmo, tinham muitas coisas sobre Lamartine que ainda eram um mistério para mim.
— Mas você já foi buscar ele em um bar e até deu banho enquanto ele não conseguia nem ficar de pé... Aliás, isso foi muito fofo da sua parte.
