Capítulo 05 - Sentimentos Voláteis

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Eu sabia que Rubens não teria dinheiro pra bancar o prejuízo no carro do Tarso, então assim que recebi a notícia do que aconteceu juntei dinheiro e fui para a UFRN onde Tarso estudava

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Eu sabia que Rubens não teria dinheiro pra bancar o prejuízo no carro do Tarso, então assim que recebi a notícia do que aconteceu juntei dinheiro e fui para a UFRN onde Tarso estudava.

— Não precisava fazer isso Henri. — ele estava numa mesa, solitário.

— Só não quero que você tenha a moral de sair por aí dizendo que eu mandei meu irmão fazer isso e depois te deixei na merda sem carro, aliás, não fui eu quem mandou rabiscar "idiota" na lataria.

Sem sequer me despedir já fui dando as costas e caminhando, meu pai era professor da universidade federal e não queria que ele me visse lá, nem que me perguntasse o que eu estava fazendo.

— Na verdade ele riscou "namorado pau no cu" — Tarso veio caminhando ao meu lado — Não fiquei bravo, meio triste pelo carro. Sinceramente achei que foi um bom karma pelo que fiz com você.

— Meu irmão é o karma em pessoa, mas não posso negar que no fundo fiquei um pouco satisfeito pelo que ele fez. — Tarso não disse nada, apenas assentiu olhando pro lado.

— Eu não estou namorando o Marcel.

— O quê? — estávamos a passos lentos, Tarso me olhando profundamente, por um momento senti uma compulsão de passar o braço por cima de seus ombros e beijar o seu nariz sardento, dizer que tudo ia ficar bem, como dizia na maioria das vezes em que brigávamos, mas dessa vez era diferente.

— Marcel e eu não estamos namorando, ele só inventou aquilo para te fazer ciúmes.

Ele estava com aquela voz, aquela voz complacente que por muitas vezes me acalmava ou deixava excitado, ou as duas coisas ao mesmo tempo. Pensei que bastaria algumas distrações para esquecer o Tarso, mas não era fácil apagar quatro anos da memória como se não significassem nada.

Eu estava com a boca entreaberta e já sentia meu nariz obstruindo como acontecia sempre que chorava.

Ah Tarso. Você acha que isso é o que me incomoda? Não ligo pra o que está fazendo agora, o que você fez no Pub Nine é que é imperdoável, isso sem contar no que fez além de lá.

— E-eu estava bêbado, estava chapado, fora de mim.

— Isso não é desculpa cara! Eu já fiquei bêbado, chapado, bêbado e chapado, mesmo assim tinha plena consciência de que você era o garoto que eu amava. — as lágrimas ganharam a batalha, por mais que minha voz continuasse plena eu sentia o sal caindo pelo meu rosto — Quer saber de uma coisa? Não faz mal, eu esperei atitudes muito maduras vindas de você, mas esqueci de quem se tratava.

Tornei a caminhar e novamente Tarso parou na minha frente, ele também estava de olhos marejados e aquilo me feria ainda mais.

— Henrique... Um dia você irá me perdoar?

Nos encaramos por um longo instante, todos os sorrisos voltaram a minha mente, todas as palhaçadas que ele fazia com qualquer coisa que visse pela frente e todas as loucuras que aprontamos juntos quando apenas uma cama ou qualquer lugar reservado era necessário.

O Brilho da TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora