Mariano Chermont estava sentado na mesa de um escritório não muito distante de onde fora o desfile, seu retorno não poderia ser mais triunfante, Lamartine segurava a minha mão e junto a Soraia esperávamos uma explicação para tudo aquilo.
— Entendo que possa estar surpreso meu caro Henrique — o senhor de barba branca como a neve começou — Mas foi uma ordem muito respeitável, que você só recebesse sua porcentagem nessa empresa quando estivesse pronto. Creio que não exista momento melhor que esse.
— Ordem respeitável? — indaguei o olhando — Eu não compreendo.
— O seu avô Henrique, seu avô não se desfez tão simplesmente de toda parte que ele retinha dessa companhia. — Mariano levantou-se, abrindo uma gaveta e tirando dela algumas folhas grampeadas, os escritos eram fáceis de decifrar. Um contrato. — Ele imaginou que a sua mãe talvez não soubesse cuidar de todos os pró-labore, como de fato não soube. Então a única coisa que fez foi penhorar uma joia valiosíssima que possuía e a usar como fundo para pensionar você e sua família, mas nunca foi a sua intenção lhe abandonar sem nada Henri, você é, de fato, um sócio e herdeiro de parte da Chermont.
— Oh meu Deus, isso é muito pra digerir. — segurei minha cabeça que girava mais que o ponteiro de segundos no canto da sala.
— Parte da Chermont querido? — Soraia se meteu — De quanto exatamente estamos falando?
O meu antigo chefe veio em minha direção, entregando o papel que tinha um valor mensal direcionado a mim não sei nem quantas vezes mais alto que o meu salário, nomes e mais nomes de algumas ações bem-sucedidas, ações que eu até já tinha visualizado, mas nunca notei o nome do meu avô em meio a tantos Chermont, ele tinha me deixado uma fortuna.
— Meu avô possuía todo esse capital? — perguntei inspirando e soltando o ar pela boca.
— Bom, o montante foi curtindo por um tempo na conta que ele deixou, mas é isso mesmo. Todas as afiliações de Henrique Bitencourt, agora passam para Henrique Bitencourt Neto, seu avô era um grande amigo meu, ele queria que o legado que ele construiu estivesse nas mãos de alguém com capacidade de levá-lo.
Mariano Chermont tornou a mesa e da mesma mala que tirara os papéis, tirou um envelope com as listras verde e amarelo típicos de cartas, ele me levou o papel com mais lentidão, pela ênfase em seu olhar era perceptível que o envelope continha algo importante, e ao abri-lo só confirmei, a primeira frase já me arrancou daquele lugar e me transportou para uma sala onde só eu e meu avô estávamos, ele sentado à minha frente, com seus olhos azuis tranquilos e comandantes ao mesmo, me contando afável o que desejava a mim sobre aquele momento.
"Meu pequeno Henrique, sei que hoje em dia você já não é tão pequeno assim, em tamanho ou maturidade, lhe preparei para esse momento e acredito que sua capacidade atual reflete e excede todos os ensinamentos que lhe dei, agora é chegado o momento em que tudo construído por mim passa para você.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Brilho da Tentação
RomanceApós uma sequência de acontecimentos ruins num único dia, o maior desejo de Henri era poder recomeçar a vida sem lembrar de quem lhe machucou e tentar ignorar o fato de ir estar morando com seu pai, com quem tem uma relação conturbada. Mas quem...