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Depois de nossas trocas de afeto frente a lareira, depois de todos os nossos beijos, depois de todos os nossos olhares pararem tantas vezes encarando um ao outro, depois de todos os sorrisos bobos e encaradas cheias de desejo, uma chuva intensa caiu sobre a cidade nos pegando de surpresa. O tempo pareceu querer ter mais certeza ainda de que não sairíamos daquele momento. E de certa forma, não saímos mesmo.
Miranda levantou-se do tapete, me estendeu sua mão e então subimos para o andar superior da casa. Eu já conhecia aquele caminho e sem me surpreender entramos em seu quarto. Ela manteve aquelas luzes baixas como da primeira vez e logo me puxou para a cama. Deitei junto a ela, seu corpo ao lado do meu me envolvendo e sem palavras me dizendo o quanto ela me queria.
Nada poderia ser comparado com esse momento. Nem nossos momentos de intimidade poderiam ser comparados. Aqui éramos duas pessoas apenas querendo ficar junto, dois seres tentando destruir a lei da física de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Meus braços também a envolveram, ela puxou minha perna sobre sua cintura e me permiti então acariciar seu corpo e voltar a beijar mil vezes mais sua boca.
Eu não sei quanto tempo ficamos assim, perdi a conta das carícias e sai do meu transe onde só ela existia quando ela suavemente foi se afastando e levantou da cama.
Miranda foi diretamente para seu closet e lá ficou por um bom tempo. Quando ela regressou, vestia uma longa camisola de seda preta e trazia um pacote em suas mãos.
Ela se sentou na cama ao meu lado, sem dizer nada me esticou o pacote e aí foi que eu me sentei e a encarei sem entender.
-Pra você. -sussurrou ela com um sorriso contido.
-Pra mim? -Não pude esconder a surpresa na voz. Miranda apenas acenou em concordância e eu acabei agarrando o pacote de suas mãos. -Dois presentes em um dia? Estou com muita sorte, não estou?
Miranda sorriu enquanto eu abria o pacote e rapidamente meus dedos encontraram a maciez de um tecido. O tirei do pacote e me deparei com uma linda camisola curta também de seda mas na cor rosé. Era linda.
-É a segunda vez que você vai dormir aqui, acho mais que justo você ter uma camisola aqui para seu conforto.
Eu sorri. Sorri largamente.
-Tem algo que você não pensa, algo que você não tenha planejado?
Ela balançou a cabeça em negação ficando séria mas logo voltou a sorrir.
-Vamos, vá vestir para podermos descansar.
Eu senti sua frase exatamente como uma ordem e sem me conter levantei rapidamente da cama e a encarei por um mísero momento.
-Sim, Miranda.
E corri logo para o closet.
Quando regressei, Miranda estava deitada já debaixo das cobertas e assim que ela me viu largou o celular sob o criado mudo e como se eu fosse uma criança bateu suavemente sua mão contra as cobertas me chamando para lá.
Eu não era louca de recusar, era?
Óbvio que não!
Fui para a cama, me deitei ao seu lado e Miranda não demorou a desligar o abajur e se acomodar ao meu lado. Logo seu corpo se enroscou ao meu e eu me ajeitei junto a ela me perdendo em um cansaço quase desconhecido.
Antes que minha consciência fosse tomada pelo sono, acabei me dando conta que não era apenas cansaço. Era... Era a tranquilidade em repousar em um sentimento que eu sentia ser de verdade, algo que não era atoa, algo que todos os meus poros imploravam por mais de tudo. Eu me sentia naquele momento a pessoa mais importante do mundo.

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.
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Mãos inicialmente gélidas tocaram minhas costas e logo começaram a aquecer-se conforme corriam por minha pele. Meus olhos pareciam se recusar a abrir e aquelas carícias estavam gostosas demais. O toque desceu por minhas costas, apalpou com vontade minha bunda e foi aí que comecei a despertar. O movimento desceu um pouco mais, senti o tecido de minha camisola subindo e então dedos que eu parecia conhecer até em meus mais profundos sonhos me tocaram contra a calcinha.
-Andrea... Acorde, agora, querida...
Aquilo foi como um balde de energético em minha cabeça. Meus olhos se abriram, tudo se tornou realidade e eu me dei conta total de que era realmente muito mais que um sonho.
-La Perla, Andrea? Tive que descobrir sozinha, é?
Aquilo me tomou em cheio. Os dedos dela vagaram para debaixo do tecido e então meus olhos se abriram e encontraram uma Miranda completamente nua com seu corpo de encontro ao meu. Não conseguiu segurar um gemido, seu corpo se ergueu contra o meu, sua boca colou na minha e enquanto minha boca se abria e minha língua procurava a dela, seus dedos se afundaram em mim lentamente e eu não contive os sons saindo de minha boca.
Miranda os empurrou fundo, os moveu dentro de mim e então eu me agarrei a ela, tateando seu corpo, procurando seus pontos mais sensíveis.
-Teremos que ser rápidas, minhas filhas estarão aqui em breve...
Aquilo foi um cubo de gelo deslizando em minha pele mas logo derretendo. Miranda sabia o que fazia, sabia como fazer meus pensamentos sobre qualquer outra coisa desaparecer com o simples toque dos seus lábios contra os meus.
Ela me beijou, correu sua boca por meu corpo é exatamente quando ela afastou a coberta, me deixou vê-la inteiramente nua, sua boca baixou sob meu corpo e ela me abocanhou meu sexo em um golpe só.
-Miranda... Ahh...
Eu não sabia me calar. Minhas mãos seguraram seus cabelos, seus ombros, eu não sabia onde me apoiar, eu só sabia sentir, sentir...
Minha pele se arrepiando...
O corpo sucumbindo...
Eu estava quase...
Quase...
Sua boca me tomando e eu quase..
Quase...
Seus dedos entrando e saindo, aumentando as estocadas conforme eu ia caindo...
E alcançando...
E...
-Mãe, chegamos! Estamos em casa!
Aquela voz ecoou pela casa inteira, os olhos fechados de Miranda se abriram sem ela tirar o contato de mim, eu tentei protestar, tentei parar mas aquilo já era um caminho sem volta. Miranda pegou a mão que apertava minha coxa, a levou para minha boca e a tapou rapidamente segurando contra sua palma o grito que saiu de meus lábios quando cheguei ao orgasmo naquele desespero de ser pega no flagra.
Enquanto meu corpo se acalmava rápido demais, enquanto todas as ondas do orgasmo passavam, Miranda saiu de entre minhas pernas, sorriu me deixando louca após lamber os lábios e então subiu por meu corpo parando perto de minha boca.
-Eu tranquei a porta, acalme-se. -Sorriu ao segurar o próprio riso diante de meu sufoco.
-Eu... Eu... E agora, Meu Deus do céu!
-Acalme-se, por favor... -sussurrou ela. -vou me vestir, descer para encontrá-las e te espero para o café. Já irei amenizar o "terreno."
-Você vai... Vai... Falar hoje?
As palavras saíram sem que eu controlasse como tudo o que acontece quando estou perto dela.
-Ora, para quê esperar?
Miranda me beijou, agarrou seu robe ao lado oposto da cama e então o vestiu seguindo para o banheiro e poucos minutos para o andar de baixo.
Eu estava atônita.
Duas garotas saberiam em breve do relacionamento da mãe com outra mulher e eu infelizmente não sabia o que pensar.
Estava mais uma vez em desespero causado por Miranda Priestly.

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Me perdoem a demora, de verdade. Espero que tenham gostado. Beijos

Recontratada [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora