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Quando despertei na manhã seguinte, o lado de Miranda na cama estava vazio. Levantei, escovei meus dentes, acabei vestindo uma meu moletom da faculdade e uma calça jeans. Ficaria em casa com minha família, não precisava de nada mais que isso para aquele dia.
Quando desci as escadas, uma Miranda sentada a bancada tinha uma xícara de café entre os dedos e lia o jornal enquanto meu pai fazia exatamente o mesmo do outro lado da bancada. Minha mãe estava fazendo panquecas, algo que percebi rapidamente pelo cheiro e as duas ruivas lindas e escabeladas a ajudavam a prepará-las. 

-Pelo jeito eu fui a única aqui a despertar tarde. Bom dia... -sussurrei me aproximando de onde todos estavam e ganhando a atenção deles. Me aproximei de Miranda que quando fui beijar sua boca como o bom dia de todos os dias ficou corada mas não evitou o contato. Cass e Carol já estavam basicamente habituadas com nossas demonstrações de afeto e meus pais por mais incrível que possa parecer, pareciam bem. 

Beijei logo depois cada uma das cabeleiras ruivas e em seguida fiz o mesmo com meus pais.
Mamãe me olhou como fazia em minhas férias e eu já sabia... Ela faria o café, mas arrumar a mesa era tarefa minha. 

No fim, tomamos café na bancada. As garotas estavam ansiosas pelo que faríamos naquele dia e milagrosamente vi Miranda arrastar uma das panquecas para seu prato. Diferente de mim que as cobri com mel, Miranda as cobriu com iogurte natural e frutas. Mas... Comeu panquecas e eu estava realmente surpresa. 

E, eu até confesso... Viver com Miranda era ter surpresas todos os dias. E isso era delicioso.
Logo depois, mesmo ouvindo Miranda reclamar apenas com os olhos, coloquei todas as louças na lavadoura e deixei que a máquina fizesse seu trabalho.

 
As meninas rapidamente depois do café, correram para seu quarto e regressaram com um enorme tabuleiro de jogos. Seus olhos pedintes alargaram o sorriso de meu pai, e minha mãe rapidamente fez o mesmo.

Miranda se aproximou, me ganhou sua atenção e no fim foi para seu escritório... Ela devia ter revisado o livro na noite anterior na não o fez. Faria agora para que pudéssemos ter a tarde livre.
Junto de meus pais e das meninas, fomos para a sala da ocitocina e naquele mesmo tapete que em tempos não tão distantes eu e Miranda fizemos amor, nos juntamos para jogar no mesmo instante que minhas bochechas ficavam rubras.

Algumas horas depois, entre muitos sorrisos e algumas doses de raiva da parte dos perdedores, estranhei a demora de Miranda em não estar ali.
Caroline e papai estavam dando uma surra enorme em minha mãe e Cass que perdiam mais uma partida já revoltadas. A alegria no rosto daquelas meninas e o sorriso que minha mãe direcionou a mim quando em uma jogada de mestre Cass virou o jogo e venceram, e logo depois a ruiva a abraçou alegre, encheu meu coração de amor. Esse podia ser meu plano de finais de semana em família... Eu quase não precisava de mais nada.

Enquanto se preparavam para mais uma partida, levantei sorrateira do sofá e fui até o escritório de Miranda, vendo-a tirar os óculos e me encarar.

-Já perdi a hora, não é? -sussurrou me encarando quase envergonhada.

-Um pouco... -sussurro em mesmo tom. Ela empurra sua cadeira para trás e eu acabo fazendo a volta na mesa, sentando-me suavemente em seu colo. Os dedos de Miranda rapidamente desenham círculos em minhas costas e calmamente descem para minha bunda, apertando-a com um gesto puro de desejo?

-O que está fazendo? -pergunto para ambas as coisas, tanto seu carinho espontâneo quanto para o livro.

Sua mão volta para minhas costas e ela limpa a garganta em um pigarreio enquanto a outra mão folheia o livro.

-O que você acha destas fotos? -aponta para uma das modelos.

Eu tenho que dizer, as fotos parecem incríveis, mas Miranda parece ver algo que eu não percebo.

-Olhe o contraste da pele da modelo com o fundo, não está estranho? -perguntou.

Observando melhor, acabo concordando com ela.

Miranda destaca então um post-it amarelo, cola sobre a folha e escreve em letras garrafais a palavra "refazer".

-Pronto, vamos lá? -disse fechando o livro e logo depois voltamos para a sala com meus pais.

Acabamos regressando para a sala e ali encontro todos entre gargalhadas. 

Miranda vai para a cozinha, regressa com uma garrafa de vinho e taças e ficamos nós duas observando meus pais e as meninas em uma sintonia que parece não ter fim.
Quando a noite começa a se aproximar, as meninas vão para seus quartos se arrumarem e acabamos que todos nós fizemos isso.

Eu estava saindo do banho quando ouvi Miranda ao telefone. Ela havia me falado do jantar, mas eu achei que as reservas já haviam sido feitas. Mas não, ela estava fazendo aquilo agora e eu estava achando o máximo.
Ela já estava pronta, vestia um terninho perolado e um lenço da Hermes. Ela acabava de passar batom sentada em sua penteadeira quando seus olhos encontraram meu reflexo pelo espelho.
Ela então desligou o telefone e ficou me encarando por ali, dizendo sem palavra alguma que me amava e eu sabia que era verdade. Eu apenas lhe sorri e terminei de me arrumar.

-Todos prontos?
Perguntei ao pé da escada algum tempo depois. Sentados a sala, Miranda foi a primeira a largar seu copo e seguir em minha direção. Seus olhos azuis infinitos brilhavam e eu estava encantada.
Ela me deu sua mão, juntou seu  braço com o meu e acariciou meu anel de noivado.
-Vamos?

Seguimos para o restaurante em divididos carros, eu e as meninas em um, Miranda Roy e meus pais em outro.
Se eu estava apreensiva com a noite? Sim.
Eu sabia que aquela seria uma noite de questionamentos sobre o casamento, eu estava feliz, mas casar com Miranda Priestly? Um peso e tanto, não acha?

As meninas me perguntaram coisas sobre minha infância, sobre como seriam as coisas do nosso casamento em diante, mas a pergunta que mais me deixou emotiva foi se havia algum problema pra mim elas terem gostado muito dos meus pais. E eu senti totalmente o inverso. Eu me senti mais amada do que nunca.

Nos havíamos nos sentado no restaurante, Miranda em uma ponta da mesa, meu pai na outra. As meninas de um lado, eu e minha mãe do outro. E eu acabava de levar minha taça aos lábios quando minha mãe se colocou a falar.

-Então, quando será o casamento?

Eu já estava preparando um discurso mental para depois de meu gole como algo "ainda não sabemos, temos que verificar a agenda de Miranda, organizar tudo..." Mas Miranda foi mais rápida que eu.

-Pensei em realizarmos daqui três semanas.

E eu? Eu me engasguei ao ponto de minha mãe me dar palmadinhas nas costas.

-Três semanas? -murmurei retomando minha respiração.

-Sim, -continuou Miranda. -Acho que não temos mais motivos para esperar, não acha? E fique tranquila, dará tempo para tudo. -continuou acariciando minha mão sob a mesa.

As meninas, rubras e segurando o riso, apenas se encararam e tomaram de seus sucos.

-E onde será? -emendou meu pai logo depois.

-No Ohio.

-No Ohio?! -eu não sabia se terminaria o jantar viva. -No Ohio onde?

Miranda apenas sorriu, acariciou mais firme meus dedos e então me encarou.

-O Resto é surpresa.

-Você fazendo surpresas? -revidei.

-Falaremos sobre isso mais tarde. -finalizou ela, e eu quase ouvi sua voz dizendo um "isso é tudo" enquanto seus olhos me encaravam.

Eu apenas peguei minha taça de vinho e voltei a beber.

É, seria uma longa noite.

Recontratada [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora