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Acabei perdendo a noção do tempo, perdi o controle do que acontecia enquanto todo o misto de emoções escorria por meus olhos.
-Andrea... Meu Deus...
Senti Miranda se ajoelhar comigo, me puxar para seus braços e ali eu me senti renegada.
Tentei me afastar, tentei empurra-la para longe mas ela me segurou, me manteve em seus braços enquanto eu não sabia como parar de chorar.
-Você podia ter me falado quando aconteceu, podia ter me falado do seu relacionamento com essa... Essa vaca!
Eu praticamente gritava entre os soluços do choro e não me importava. Miranda me puxou para seu colo e eu acabei me rendendo. Devolvi o abraço, me afundei contra seu corpo enquanto sentia ela acariciar meus cabelos molhados e minhas costas.
-Eu não queria que pensasse besteiras, não queria que uma coisa do passado afetasse o nosso presente, que afetasse o que sentimos... -Sussurrou ela beijando minha cabeça. -Acalme-se Andrea... Fique calma... Já passou, vai acabar... Vamos conversar, sim?
Eu apenas me afastei dela fungando o nariz, levantei e dei a mão para que ela fizesse o mesmo. Miranda se sentou no sofá enquanto eu só sabia andar de um lado para o outro.
-Venha cá... -pediu baixinho, seus olhos também vermelhos.
Meu peito ardia, tudo parecia estar corroendo dentro de mim. Eu acabei me sentando, porém na ponta oposta do sofá.
-Você a amou?
A pergunta saiu antes mesmo que passasse pelo filtro entre meu cérebro e a língua.
Miranda balançou a cabeça em concordância. Aquilo foi um balde de água gelada com pedras de gelo do Ártico diretamente dentro de mim.
-Ela amou você?
Miranda deu de ombros inicialmente, logo um sim saiu de sua boca.
-Por qual motivo ela fez isso, por que... O que ela ganhará fazendo isso? E se... O que ela vai fazer com essas fotos, o que... E se meus pais veem algo assim? Santo Deus!
-Andrea... Venha cá... -pediu baixinho.
-Miranda...
-Venha, por favor...
Eu fui.
Eu amava essa mulher, independente de qualquer coisa. Eu estava abalada sem dúvida alguma, porém estava viva, ela estava ali, e já tinha dito também que não queria que o que aconteceu mudasse algo entre nós.
Ela me abraçou inicialmente, depois se recostou na guarda do sofá, colocou uma das pernas sob ele e então me puxou de costas para si, fazendo-me apoiar as costas contra seu peito. Os braços de Miranda me envolveram, ela me apertou forte contra si e pela primeira vez depois dessa bomba que ela largou em meu colo eu consegui respirar melhor.
Mas... Ainda existia questões enormes dentro de mim e eu precisava perguntar.
-Faz tempo? -questionei. -Você é Jaqueline faz tempo que aconteceu?
Miranda suspirou, seus dedos procurando os meus. Ela beijou minha cabeça e suspirou uma vez mais.
-Aconteceu logo depois de meu divórcio com o pai das meninas... -Ela começou a contar... Estava falando... -Nós nos conhecemos, ambas em situações complicadas e acabamos nos envolvendo. Eu nunca tinha... Tinha...
-Como eu? -interrompi. -Você nunca tinha dormido com uma mulher?
-Não, nunca... -Ela beijou minha cabeça uma vez mais. -Jaqueline foi uma rota de fuga para toda a dor que eu sentia no momento. Porém, depois de alguns meses ela começou a ter atos de histeria, tudo era motivo de briga, de problemas... Eu não aguentei aquilo tudo, mesmo realmente sentindo algo por ela. Cada briga que tínhamos matava mais o que eu sentia. Quando terminamos, ela simplesmente enlouqueceu e foi pra França... Eu me casei novamente logo depois... Ela me mandou cartas ameaçadoras, coisas que nunca aconteceram por fim. Ninguém nunca soube disso, ninguém além de nós duas.
Eu estava quietinha acomodada ao seu peito ouvindo cada detalhe enquanto ela acariciava meus dedos. Mas aí... Meu peito se encheu de ciúmes quando algo que eu não esperava nessa história aconteceu.
-Lembra quando você me deixou em Paris?
Santo Deus! Eu apenas balancei a cabeça em concordância, todos os meus músculos tencionados em receio.
-Nós acabamos nos encontrando em um restaurante e depois de muita conversa e flechas jogadas acabamos bêbadas. Ela tentou algo... Praticamente implorou para que passássemos a noite juntas.
EU ESTAVA FURIOSA. FURIOSA POR UM CIÚME QUE EU NÃO PODIA SENTIR.
-Vocês transaram em Paris? -as palavras saíram praticamente cuspidas.
-Não meu amor... Não...
MEU AMOR.
Eu estava mole... Nada mais fazia sentido.
-Nós não transamos... -continuou e eu tentei retomar o foco. -Ela insistiu muito, mas quando eu disse que não podia, que eu tinha agora sentimentos por outra pessoa ela enlouqueceu... Disse que jamais me deixaria em paz, que faria da minha vida um inferno. Eu confesso que não acreditei, afinal, ela já havia feito ameaças que não aconteceram.
Eu escutei tudo e entendi, de verdade... Mas as únicas palavras que latejavam em minha mente eram duas... "meu amor..."
-Andrea, você está sorrindo?
Eu saí de meu transe automáticamente percebendo minha falha.
-Você me chamou de meu amor... -Comentei baixinho, me virando um pouco para poder ver suas expressões.
-Chamei? -questionou ela com o cenho franzido.
-Chamou.
Miranda piscou algumas vezes, me encarou e então uma de suas mãos me ajeitou contra seu ombro acariciando meus cabelos.
-E se você fosse o meu amor, haveria problemas pra você?
Puta merda! Lá estava a Andrea gelatina mais uma vez... Ela só pode estar querendo me matar.
-Não, não haveriam problemas.
Miranda balançou a cabeça em concordância, beijou minha cabeça e sussurrou um "bom" contra meus cabelos.
Eu fiquei perdida em suas palavras, e com ela mais uma vez tudo deixou de existir. Me acomodei aos braços de Miranda, deixei que o ritmo da sua respiração me acalmasse enquanto o trecho final de nossa conversa latejava em minha mente.
Suas carícias se tornaram cada vez mais firmes contra meus dedos, logo suas mão os soltou e parou em minha cintura, erguendo minha camiseta aos pouquinhos, acariciando minha barriga com seus dedos inicialmente gelados. Aquilo me arrepiou inteira.
Não demorou para seus dedos esbarrarem em minha calcinha e me deixarem completamente ofegante e querendo eles dentro dela.
-Miranda...
-Sim?
-O que faremos em relação a isso tudo? -perguntei antes que qualquer coisa acontecesse, antes que eu me perdesse pela magia de seus toques.
-Bem... -Ela respirou fundo, colocou seus dedos mais para cima e começou a brincar com... Com meu umbigo? Mas o que... -Sobre as fotos... Já resolvi tudo por hora, mas só saberemos se está tudo certo se ela não fizer nada a mais.
-O que você fez?
-Apenas contratei alguém que invadiu a rede dela, apagou todos os arquivos de celular, computador e online que ela possuía..
Eu estava sem palavras.
-Como você fez isso?
-Algumas pessoas me devem favores... Você sabe como essas coisas funcionam. Só precisamos torcer para que ela não tenha armazenado essas fotos em alguma mídia externa.
Eu apenas suspirei, pedindo quase em uma oração em silêncio que essas fotos não existissem mais.
-E agora? -murmurei me ajeitando contra ela, apertando seus braços ao redor de mim.
-Agora eu posso continuar com essa parte?
E então, seus dedos desceram para minha calcinha, entraram dentro dela e me acariciaram onde ela parecia desligar todo o mundo e me transformar em uma louca por ela.
-Com certeza você pode.
Eu apenas joguei a cabeça para trás sentindo sua respiração em minha orelha, afastei minhas pernas e deixei ela fazer comigo o que quisesse.

Recontratada [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora