Recontratada [CONCLUÍDA]

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-Você vai ficar bem? -perguntei sei lá quantas vezes, uma a mais quando o carro parou frente a Runway a espera que eu desembarcasse dele. 

-Já lhe disse que sim, -sussurrou observando meu rosto. -E além do mais você irá para minha casa depois disso, não é?

Balancei a cabeça em concordância, me aproximei mais dela e segurando seu rosto com ambas as mãos a beijei como se todos os meus desejos mais felizes pudessem ser transmitidos ali. 

-Eu também, você sabe que eu também... -murmurou ainda com nossos rostos completamente próximos antes que eu pudesse pronunciar o "eu te amo" de tantas vezes. Sorri, ela sorriu de volta e então pegando minha bolsa desci do carro. 

-As meninas estão lhe esperando, não demore. -Disse antes da porta se fechar e o carro partir. 

No escritório, acelerei tudo o que pude e mesmo sem a autorização de Miranda reprogramei toda sua agenda da semana seguinte. As coisas não seriam fáceis e eu precisava ter a segurança de que ela estaria bem, bem e consciente que a revista sobreviveria ao seu afastamento tão necessário.  Hoje à noite seria realizada uma mostra de desfile e Miranda era a principal pessoa a estar presente. Com o cancelamento de sua presença, todo o evento foi cancelado e remarcado para outra data. 

Irv parecia sentir que as coisas "iam desandar" quando entrou no escritório em passos largos e sem sequer falar comigo entrou na sala de Miranda. Ali o meu sangue gelou, senti meu coração palpitar mais forte apenas por ele ter tido o trabalho de sair de sua sala. Não a encontrando lá, ele retornou e se posicionou frente a minha mesa, apoiando as pontas dos dedos contra a madeira. 

-Onde ela está? -questionou em tom baixo e quase acusador. 

-Miranda cancelou sua agenda de hoje. -expliquei já apertando debaixo da mesa minhas pernas quase em um ato de proteção. 

-Você sabe onde ela está? Ela não pode sair assim sem falar nada, ela é editora chefe e não Deus. Eu exijo...

Eu nem o deixei concluir.

-Senhor, -usei as armas que tinha, levantando-me e parando na mesma pose que ele, nossos olhares na mesma altura e meus poros latejando já em sensação de raiva. -Ela pode não ser Deus, mas tem todo o direito sim. 

Os olhos do homem pareceram saltar do rosto e me encararam surpresos. Foi minha deixa para continuar. 

-Miranda fica dentro desse escritório mais que qualquer um, a vida dela é isso aqui, ela não se ausentaria sem um caso de extrema urgência, tal qual eu posso lhe garantir que é. 

Tentei manter o tom de minha voz o mais baixo e ameno possível, mas diante da maneira como ele falou minha vontade real era de vociferar. 

-Com certeza você sabe qual é o motivo, não é mesmo? -debochou sem cerimônias. -Ainda mais dormindo com ela, correto?

Aquilo foi totalmente o meu limite. 

-Em nenhum de meus contratos diretamente com a Runway ou até mesmo com a Elias Clark  existe uma cláusula ou qualquer vírgula que impeça relacionamento entre os funcionários. -Digo firme. -Com isso, o mínimo que posso lhe exigir é que mude suas palavras lhe garantindo que Miranda não gostaria de ouvir sua fala. Além do mais, você sabe tão bem quanto eu que essa revista não existiria se não fosse ela. -Os olhos do homem parecem querer saltar do rosto. -Ah, e contudo, estou aqui neste momento mais como a namorada dela como sua funcionária, já que minha carga horária deste dia seria apenas a noite. 

-Garota, garota... -Diz ele entre dentes, se afastando da mesa e cruzando os braços. -Você não sabe onde está se metendo, Miranda não é o ser mais...