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-Bom dia dorminhoca... Já são nove horas de uma manhã de sexta feira, em breve teremos visitas e você nem está vestida...
-Puta merda! -Eu levantei em um salto. -Perdi a hora?
Ela riu, já toda arrumada e com aquele cabelo perfeitamente alinhado que eu sou apaixonada.
-Vou lavar sua boca com sabão... -Sussurrou acariciando meus cabelos. -E não, você não perdeu a hora, eles chegarão as doze.
Respirei mais tranquila, me virando na cama para melhor encara-la.
-Ainda estou com sono... -murmurei me arrastando, deitando a cabeça em seu colo.
-Você quem quis ficar a madrugada inteira fazendo... coisas. -Sorriu.
-Não me arrependo. -disse beijando seu ventre.
-Você está acordada o suficiente para conversar?
Ali então eu despertei totalmente, sentando-me a cama e puxando o lençol para cobrir meus seios.
Miranda então me esticou um envelope pardo, um pouco menor do que aquele na qual Roy levou a mim com a possibilidade da recontratação.
-Hm... O que é isso?
-Abra e verás.
Então eu abri o envelope, onde rapidamente caiu ao meu colo três cartões e um talão de cheques.
Eu a encarei, ela apenas moveu a cabeça como quem diz "você está se fazendo de louca ou nunca viu cartões e talões de cheque?"
-Ok ok, eu apenas quero saber o motivo disso...
Então ela pegou um dos cartões, onde estava o nome completo dela e logo abaixo o meu.
-Estes cartões estão vinculados a agora nossa conta conjunta. Qualquer gasto que você tiver, quero que os use.
-Miranda, eu não acho que...
-Não me venha com explicações e lamúrias. Você aceitou o acordo pré nupcial, nós não estamos oficialmente casadas mas não há motivos para ficar esperando acontecer para esse tipo de coisa. -afirmou.
-Seus pais chegarão as doze no aeroporto. Você quer buscá-los, ou prefere que Roy os faça?
-Gostaria de busca-los. -apenas sussurrei ainda encarando os cartões.
-Imaginei. As garotas querem lhe acompanhar, tudo bem?
-Claro, não há problemas.
-Certo, então tire essa bunda gorda da cama, vá se arrumar e faça seu desjejum. -Disse levantando-se e indo em direção a porta.
-Um momento! -falei em tom firme, vendo uma Miranda que agora segurava um sorriso me encarar. -Você me chamou de gorda?
Então ela riu, colocando os dedos contra os lábios tentando esconder aquele ato.
-Você não falou isso na noite passada quando estava com seu rosto contra ela. -acusei.
Então ela veio até a cama novamente, se esticou e beijou meus lábios.
-Eu amo você. -disse com sua imensidão azul encantando meus olhos.
-Eu também amo você.
.
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Eu estava ansiosa para ver meus pais.
Depois do café da manhã, Miranda simplesmente largou uma chave próximo a minha xícara e sussurrou um "use este" enquanto servia-se de café e ia para o seu (agora nosso) escritório em casa.
As meninas estavam vestidas com seus casacos e cachecóis ansiosa por nossa saída ao aeroporto.
Quando chegamos a garagem e pressionei o botão do alarme do veículo, as luzes do lindo Porsche vermelho brilharam. Eu estava só sorrisos. As garotas comemoraram enquanto brigavam logo depois por quem sentaria no banco da frente e imediatamente coloquei as duas no banco de trás. Fizeram beicinho, mas logo mudaram de opinião quando liguei o rádio em uma estação local que só tocava música pop. Regado a música de Madonna, recordei Miranda me minha cozinha cantarolando há meses atrás, lembrando o quanto nos envolvemos e o quanto finalmente estávamos felizes.
No portão de desembarque, garotas ruivas ao meu lado buscavam expressões nos rostos desconhecidos para identificar quem seriam meus pais. Cômico pensar que nesse tempo todo, elas não viram foto alguma deles.
Não demorou para as lágrimas de saudade brotarem em meu rosto quando meus olhos se encontraram com o de minha mãe, que em passos largos correu em minha direção e me tomou em seus braços.
-Oh minha menina... Como você está... Está... Linda.
-oh mãe...
Então ela se afastou, segurou meu rosto em suas mãos e beijou minha testa.
Papai fez o mesmo, me abraçando forte e beijando minha testa com o pai carinhoso que sempre foi.
-E bem, quem são estas garotas lindas?
Juntos, fomos em direção ao carro depois de pegar as malas e os olhos de meu pai ficaram um tanto relutantes quando viu o Porsche.
-É só um carro... -lhe sorri.
Mamãe foi no banco da frente comigo enquanto papai sentou no banco de trás com as garotas. Chegava a ser cômico meu pai entre as ruivas.
Mamãe me perguntou sobre o trabalho, sobre como Miranda estava depois da cirurgia e como estava sendo isso tudo de relacionamento. Já papai, conversava com as meninas sobre o Clima de Ohio, sobre nossa casa e o quanto gostava de lá.
Quando chegamos, minhas pernas voltaram a ter uma consciência de gelatina, mas firme caminhei com meus pais pela porta dos fundos após colocar o carro na garagem. Ao meu lado, duas garotas ruivas andaram de braços dados comigo pela casa.
-Mamãe, estamos aqui! -gritou Caroline andando pela casa.
E então, segundos depois, Miranda surgiu no topo da escada e quase no mesmo instante a atmosfera mudou.
Diferente do que eu pensava, meus pais se apresentaram pessoalmente e mamãe até ousou abraçar Miranda, coisa que poucas pessoas na face da terra tiveram a audácia de fazer.
No fim, todos nós ficamos na sala da ocitocina e apenas com um olhar de Miranda, Cassidy e Caroline reviraram os olhos e levantaram subindo as escadas.
-Então... -Disse Miranda levantando-se e indo até o bar. -Gostariam de beber alguma coisa?
-Não estaria muito cedo para isso? -murmurou minha mãe me encarando.
Eu não tive tempo de responder, já que Miranda se pronunciou antes.
-Sexta feira de um final de semana totalmente livre. Não vejo problemas em uma bebida neste horário, pelo menos, não hoje.
-Aceito uma dose de whisky então. -deu de ombros minha mãe.
-Aceito o mesmo, Miranda, Obrigado. -disse meu pai.
-Querida, o que você deseja? -falou Miranda virando-se para me ver.
Ali, naquele instante, meus pais arregalaram os olhos quase impossível de se conterem. Eu apenas os encarei com o mesmo olhar com um pequeno toque de puta merda, não façam nada, não digam nada, agora ela é minha noiva e foi apenas um apelido carinhoso.
-Pode ser uma taça de vinho? -respondi a pergunta dela.
-Claro, irei na adega buscar. Tinto?
-Claro, querida, obrigada. -Enfatizei o querida encarando meus pais.
Miranda entregou os copos para ambos e foi em direção a adega, ficando então há algumas paredes de distância de nós.
-Santo Deus, isso é real... -sussurrou minha mãe.
-É claro que é real, mãe. -comentei. -E estamos muito felizes e bem, obrigada. No fim, vocês conhecerão a Miranda que eu conheço e vão amá-la tanto quanto eu.
Minha mãe ficou um pouco atônita, meu pai até pensou em falar algo mas então Miranda regressou com duas pastas em mãos e a taça de vinho.
Ela, cuidadosamente me entregou a taça de vinho e cada uma das pastas para meus pais.
-Aqui está o contrato, podem revisar.
E então eu só consegui ouvir por um longo tempo minhas batidas cardíacas aceleradas e o tilintar do gelo no whisky de Miranda.
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Miranda acabara de sair do banho e se aproximar da cama, seus olhos diretamente nos meus me acalmavam enquanto eu encolhida debaixo das cobertas repensava a maneira até sútil que meus pais encararam aquilo.
-Vai ficar tudo bem, querida. -Disse ela erguendo as cobertas e deitando-se ao meu lado. -Prometo a você.
-Não acha que eles reagiram... Bem demais?
Miranda sorriu, acariciou meu rosto e então se aproximou beijando meus lábios suavemente.
-Eles vão aceitar... Mesmo que agora eles pareçam confusos, eles te amam e não vão se opor a sua felicidade, tudo bem?
E eu concordei. Me aproximei do corpo dela colando meu rosto na curva de seu pescoço e concordei.
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Eu não fazia ideia de que horas eram quando acordei com a boca completamente seca. Talvez tenha sido aquela taça de vinho, mas tudo o que eu precisava naquele instante era de um longo e gelado copo d'água.
Levantei da cama me desenrolando de Miranda, vestindo o robe por cima da camisola e em silêncio sai do quarto.
A casa estava deserta, meus passos contra o piso pareciam levemente ecoar mas não me importei. Desci as escadas, rumei em direção a cozinha e então ali fui pega de surpresa, Cassidy estava sentada a bancada junto de minha mãe.
-O que as mocinhas estão fazendo acordadas? -sussurrei passando por elas, indo diretamente até o filtro de água.
-Insônia... -resmungou Cass largando então sua xícara.
-E você? -perguntei olhando minha mãe.
-Aparentemente, o mesmo. -Disse com um meio sorriso. -Mas Cassidy logo irá para a cama, fiz um chocolate quente para ela como fazia para você.
Ali eu fiquei até surpresa, mas não espantada e com certeza muito feliz.
-Obrigada, Martha, foi muita gentileza sua o chocolate. -Disse uma das minhas ruivas levantando de seu banco, largando a xícara na pia e voltando para dar um beijo na bochecha de minha mãe. Logo, ela caminhou até mim me abraçando firme.
-Boa noite, Andy. Amo você. -sussurrou contra meu peito.
-Boa noite, Cass... Também amo você.
E então a ruiva sumiu pelos corredores.
Eu acabei me sentando ao lado de minha mãe, ocupando o lugar de Cass e calmamente tomei minha água. Mamãe tomava uma xícara de café.
-Espero que não haja problemas pelo chocolate... Ou pelo café, não quero incomodar vocês. -Falou minha mãe girando sua xícara na bancada.
Ali eu respirei fundo.
-Não há problema algum nisso, em nenhum dos casos. -afirmei. -E você e o papai não são nenhum incômodo aqui. Vocês são a base do que eu sou, Miranda e as crianças são o meu futuro. Vocês todos são parte de mim, não é incômodo algum ter vocês aqui, muito pelo contrário.
Mamãe apenas balançou a cabeça em concordância e me sorriu brevemente.
Percebi que precisava falar melhor com ela.
-Mãe, eu sei que isso tudo está sendo muito novo e praticamente bizarro pra vocês, mas... Eu não faço ideia de como tudo isso aconteceu. Só... Aconteceu. -Contei.
-Quando percebi, Miranda e eu já estávamos envolvidas e não dava mais para voltar atrás. Eu entendo que não é todo dia que alguém idealiza os filhos durante seu crescimento para que tenham uma família estável, filhos, essas coisas... E eles mudam completamente.
Mãe, eu não mudei... Eu apenas... Me apaixonei. Eu já tenho uma família estável aqui. Eu tenho amor, eu tenho carinho, compreensão... E sou mais feliz aqui do que em qualquer outro lugar do mundo. Eu sei que estou falando demais e até mesmo, talvez, te deixando confusa. Mas...  Eu preciso de vocês, eu amo vocês, vocês são meus pais afinal e devo tudo o que sou a vocês. Mas tamanho esse amor recíproco, não acho que vocês ficariam contra minha felicidade.
Mamãe respirou fundo, olhou para sua xícara mais alguns segundos e então ergueu seus olhos para me encarar.
-Por todo esse amor que você citou agora, é por ele que estamos aqui. Nós conversamos muito, no caso... Eu e o seu pai conversamos muito. -confesou. -E realmente... Só nos basta aceitar, entender e amar você. É isso que os pais fazem.
Eu já estava com os olhos cheios de lágrimas.
-Obrigada por isso, mamãe... Eu prometo que não vou decepcionar mais ainda vocês.
-Querida, você lutar pela sua felicidade não é decepção alguma para nós. Pode não parecer, mas estamos do seu lado, tudo bem?
E então eu me abracei a ela, não consegui conter minhas lágrimas e chorei agarrada ao seu cheiro tão familiar de mãe.
Nós ficamos por um tempo assim, eu abraçada a ela enquanto suas mãos me faziam cafuné entre os fios de cabelo soltos.
Mamãe se afastou, secou as lágrimas de minha bochecha e levantou-se largando as louças sujas na pia.
-Agora, vamos lá que já está muito tarde.
E então ela acariciou minhas costas e juntas subimos as escadas. Quando paramos na porta de meu quarto com Miranda, Mamãe beijou minha testa e o amor que vi em seus olhos foi capaz de calar qualquer palavra.
Eu estava feliz, feliz e me sentindo amada. Acabei me aninhando novamente ao corpo de Miranda que roncava suavemente contra o travesseiro e me permiti desfrutar daquele som que a maioria odiaria, mas que eu amava por fazê-la tão real e humana quanto eu.

Recontratada [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora