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-Acorde, temos que ir pra casa...
Sua voz ao meu ouvido é tão bom.
-Vamos querida, temos um almoço pra realizar ainda...
Mas ali está tão bom.
Puta merda!
-Miranda! -resmungo rápido. Minha bunda arde, ela me encara de pé ao lado da cama com as mãos na cintura.
-Agora sim, bom dia novamente. -diz com aquele bico torto, vestindo roupas limpas e já pronta para sair.
Ela caminha pelo quarto, vai até a mesa e me trás uma xícara de café.
Ela se senta ao meu lado, mas não me entrega a xícara.
Me encara, seus olhos brilham.
Então eu me aproximo, tiro a xícara de suas mãos, a largo no criado mudo e sem delongas me arrasto de encontro ao seu corpo,  sentando em seu colo e abraçando seu pescoço.
Suas mãos quentes tocam minha cintura e logo ela acaricia onde me deu a palmada.
-Estamos quites.
E eu não resisto ao seu sorriso tão espontâneo, não resisto ao cheiro que me enlouquece e simplesmente me aproximo mais, meus seios tocando sua pele tão coberta, minhas mãos acariciando sua nuca, me permito beija-la uma vez mais e alimento o amor latente dentro de mim.
Ela me retribui, acaricia meus cabelos, aperta minha bunda.
-Você é tão... É tão... Gostosa. -Ela sussurra contra meus lábios, quase em tom envergonhado.
-Hm, você acha?
-Uhum... -ela murmura ainda me tocando, sua boca correndo pelo meu pescoço. -Acho. Mas... -e então ela se afasta, ajeita os fios de cabelo bagunçados que caem em meu rosto e então me encara. -Precisamos ir para casa.
-Eu sei, querida.
Levanto de seu colo, pego a xícara de café e tomo longos goles.
Rapidamente tomo um banho, me visto e não demora até estarmos em casa, onde duas meninas rubras e ansiosas correm em nossa direção.
-Como foi a noite? -pergunta Cass com olhos curiosos.
Acaba que eu também fico rubra.
-Foi incrívelmente maravilhosa e instigante, e... -Ela faz um bico torto em minha direção e volta a encarar a filha. -E Andrea estava bêbada e dormiu 2 minutos depois de se sentar a cama.
As garotas riram ao ponto das gargalhadas e eu apenas encarei Miranda como quem diz "mas a manhã compensou muito bem."
-Onde estão os Sachs? -perguntou.
-Na cozinha. -respondeu Caroline.
-Vamos preparar o almoço?
Os olhos das meninas brilhavam... Momentos simples porém únicos para elas.
-Só iremos trocar de roupa, ok?
-Certo!
Enquanto Miranda foi para o quarto, eu acompanhei as meninas até o encontro de meus pais.
Mamãe estava com uma xícara de chá em mãos abraçada ao meu pai, ele a encarava e pelo que eu os conhecia, eles haviam acabado de se beijar.
-Bom dia. -me aproximei, os dois tomando-me aos braços.
-Bom dia, princesa. -disse meu pai fazendo meu coração encher de amor.
Eu beijei-lhe a bochecha, fiz o mesmo a minha mãe e então me servi de outra xícara de café.
-Ressaca? -perguntou minha mãe com um meio sorriso, contendo-o por completo e encarando meu pescoço.
-Um pouco...
-Pelo jeito a noite foi boa. -ela disse de aproximando, tocando o lugar que agora percebi arder.
-Oh céus, que vergonha... -respondi baixinho encarando meu pai que começava a fazer as palavras cruzadas no jornal e que as meninas o acompanhavam.
-Não tem que ter vergonha... -minha mãe sussurrou. -Você não veio com a cegonha... Eu entendo isso aí.
E então ela sorriu de verdade, abertamente, acalentando meu coração.
-Então, eu tenho que lhe dizer que não foi a noite... Pois eu acabei dormindo em cinco minutos após entrar no hotel... Foi uma, hm... Manhã gloriosa.
-Hmmm.... -murmurou mamãe erguendo as sobrancelhas e tomando um gole de seu chá.
Meu rosto esquentou.
-Não fiquei com vergonha... Tem mais é que aproveitar mesmo.
Ela me sorriu outra vez, e então caminhou até meu pai e as meninas, abraçando Caroline por suas costas.
-O que vocês estão aprontando?
-O vovô Richard está fazendo as palavras cruzadas, e eu gosto disso também mas ainda não... O que foi?
Cass encarava nós três com verdadeira surpresa e Caroline apenas mirava os próprios dedos.
Mamãe me encarou, papai parou de escrever, a caneta suspensa entre seus dedos.
Foi ai que Miranda entrou na cozinha, encarou todos nós e parou ao lado das filhas, observando o jornal que meu pai tinha em frente.
-Antíctone. -Disse encarando a folha parda, mas nós ainda encarávamos Cass.
-O que foi? -Ela perguntou quando encarou nós três e voltamos nosso olhar para ela.
-Nada... -respondi rapidamente voltando minha atenção a ela, dando a volta na bancada e abraçando Cass como minha mãe fez com Carol. -O que você disse?
Miranda revirou os olhos.
-Antíctone.. a resposta para a pregunta da palavra cruzada.
-Ah, sim... -Respondi, e meu pai voltando a aterrizar em terra firme rabiscou as letras conta o papel.
-Vamos começar o almoço?
As meninas ficaram com meu pai nas palavras cruzadas e eu e Miranda fomos para a bancada. Ela desenrolava a carne do plástico e eu começava a picar cebolas quando minha mãe me abraçou pelas costas e apoiou seu queixo ao meu ombro.
-Está tudo bem. -ela sussurrou ao meu ouvido. -O nome disso é espontaneidade. E nós não nos importamos. É bom ter crianças depois que nossa menininha cresceu e já vai até casar...
-Oh mãe...
E eu não resisti, largando tudo e me virando para abraça-la.
Pude ver Miranda nós encarando, mas sem deixar de fazer o que preparava.
Eu apenas disse em um mover de lábios um "depois" e ela concordou.
No fim, minha mãe insistiu muito para preparar a salada e acabou que Miranda e eu ficamos responsáveis pela carne e as meninas por arrumar a mesa do almoço junto a meu pai.

Não posso negar, eu jamais imaginei que Miranda cozinhasse bem. Isso é uma tremenda supresas sempre que acontece. Nós estávamos acabando de almoçar quando Amélia chegou. Apresentei meus pais a ela que ficou envergonhada com tal situação, mas diante do concordar de cabeça de Miranda, sorriu mais leve.

Após o almoço, todos os adultos agarraram suas xícaras de café e foram para a sala. As meninas rapidamente buscaram um baralho de cartas coloridas, mas nossa possível jogatina foi interrompida quando Miranda se abaixou ao meu lado e pôs a mão em meu ombro.
-Se importa se eu conversar a sós com seus pais?
No primeiro instante fiquei pálida, tenho certeza. Mas, que mal havía?
-Não, tudo bem... Ficarei aqui com essas pestinhas. -Sorri para as garotas que colocaram a língua pra mim.
-Certo então. -E então ela se aproximou e beijou minha testa.
-Richard, Martha... Se importam em me acompanhar? Gostaria de ter uma pequena conversa com vocês.
Ambos concordaram e largaram suas xícaras na mesa de centro, logo os três sumindo pelo corredor.

Não demorou para as ruivas começarem a me dar uma surra no novo jogo. Eu nunca lembrava as regras ou elas estavam trapaceando demais. Havia se passado cerca de uma hora desde que meus pais entraram naquela sala com Miranda, mas foi só o pensamento passar por mim que eles apareceram e tanto eu quanto as garotas ficamos surpresas com o sorriso que Miranda tentava esconder.
-Quem ganhou? -Meu pai perguntou.
As garotas rapidamente ergueram as mãos mas o que eu prestei a atenção mesmo foi minha mãe e Miranda segurando as mãos uma da outra enquanto quase cochichavam.
-Vamos lá, meninas? Temos que nos despedir dos Sachs, o vôo deles é logo.
Acabei suspirando, sentia saudades deles.
Eu fui a primeira, tomei os dois em meu abraço, beijei suas bochechas e os mantive ali, sentindo mais uma vez o quanto os amava dentro de meu abraço.
-Vou sentir saudades... -sussurrei
-Serão apenas três semanas, querida. -mamãe complementou.
Logo foi as meninas, que os abraçaram e ficaram um bom tempo ali. Os quatro pareciam felizes e aquilo me deixou imensamente feliz também.
Miranda abraçou minha mãe, algo que eu ainda estava tentando absorver. Ela e meu pai apenas trocaram um cumprimento de mãos, foi, diria eu, até mesmo engraçado.
Acompanhamos meus pais até a porta, cumprimentei Roy que rapidamente colocou as malas no carro e Miranda me abraçou firme pela cintura quando o carro partiu.
-Não chore. -sussurrou.
-Não vou chorar.
Menti pra mim mesma.
Não demorou trinta segundos para as três Priestly me levarem para dentro de casa e me abraçarem firmes.
-Eu sempre choro quando eles vão para casa, mesmo tentando me conter.
-Oh Andy... Disse Cass.
Caroline me abraçou, Cass sentou ao meu colo.
-Olha só, em três semanas você os verá de novo, e aí vai ser tudo bem melhor, como sempre é. A gente sabe, esqueceu que nossa Mãe viaja pra caramba?
-Cassidy Louise Priestly, não seria "A mamãe viaja demais?"?
-Ah mãe. -resmungou.
-Nada de "Ah mãe" mocinha. Agora eu irei trabalhar um pouco, preciso revisar meus e-mails e vocês tem avaliação amanhã.
O bufo das duas foi unísono. Ambas me beijaram e subiram rapidamente as escadas.
Miranda ficou ali, sentada ao meu lado no sofá encarando meu rosto e secando uma lágrima solitária que se perdeu.
-Você está bem?
Lhe sorri. E eu realmente estava bem, acenei em concordância para enfatizar aquilo.
-Fiquei sabendo que Cass chamou seu pai de avô. -disse Miranda esperando uma reação minha.
-É. -sorri. -Foi quando você entrou na cozinha dizendo...
-Antíctone?
-É.
-Conversei sobre isso com seus pais. E bem, eles pareceram bem felizes e não se importaram com isso, devemos conversar com as meninas sobre precipitações.
-Devemos, mas eu achei tão natural da parte dela...
-Eu sei, querida. E acredite, eu também. Só vamos deixar que elas tenham consciência dos laços afetivos, certo?
-Certo.
Miranda me beijou, acariciou minhas bochechas e então saiu da sala indo para seu escritório.
Eu fiquei ali por um tempo, pensando em como o final de semana foi perfeito, o quanto eu amava essas pessoas e o quanto poderia morar nesses dois dias.

***

Oi amores, tudo bom?
Viram como eu voltei logo?
Esse então, foi o antepenúltimo capitulo da história 😭😍
Estou exatamente esses dois emojis, muito apaixonada por -FINALMENTE!- ter chegado aqui e muito chorosa.
Espero que acompanhem esse desfecho... E que gostem muito!
Ainda haverá surpresas, hein?
Beijão!
(Não deixem de comentar, hein?)

Recontratada [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora