Capítulo 36

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N/A Já aviso que o cap é tenso... kisses

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                                Lisa

Dores do passado

Quando acho que minha vida vai começar a andar ela estaciona e ainda traz fantasmas que eu queria esquecer, ela me pediu para encontrá-la antes de ir trabalhar parecia desesperada e por mais que eu quisesse ignorá-la ela não me deixaria em paz, não que ela fosse me deixar de qualquer forma. Fazia quatro anos que eu não a via, me lembro como se fosse ontem, ela se despedindo de mim para ser internada tinha tido uma overdose e quase morreu e só por isso aceitou a internação e eu acreditei que dessa vez ela se curaria e voltaria ser aquela que eu vagamente lembrava, mas não, duas semanas depois fomos informados que ela havia fugido e eu não quis procurá-la, estava farta de tudo que a envolvia e só queria seguir com meus estudos e meu novo objetivo,  e eu simplesmente segui adiante, mas ela sempre arruma uma forma de me encontrar e tornar minha vida um inferno.

Observei ela atravessar a rua, marcamos em um lugar na periferia do distrito da Zona Norte em Central Tower, era longe o suficiente para que ela não se envolvesse na minha rotina, estava magra e mais velha do que sua idade deveria mostrar, roupas puídas, cabelos que um dia foram lindos e que agora aparentavam fios brancos e aspecto quebradiço e opaco. Ao chegar perto vi suas olheiras fundas e sua pele ressecada provavelmente estava desidratada, vê-la me doía tanto, saber que eu não podia fazer nada para tê-la de volta da forma que me lembrava, da época boa é claro, como dizer a ela o quanto eu sentia sua falta e o quanto eu a amava se ela mesma mal conseguia organizar as próprias ideias?

_Você está linda! - Disse ela ao se aproximar mais, não havia mais aquele cheiro almiscarado do seu perfume que se misturava em sua pele e que eu adorava, agora fora substituído por algo próximo a suor seco e urina que denunciavam a falta de higiene.

_Não posso dizer o mesmo de você... Já disse para não procurar meus pais para me encontrar Mercedes, diga o que quer de uma vez. -Disse friamente, falar com ela me fazia mal de várias formas e eu só queria acabar logo com isso.

_Elisabeth minha querida, pensei que sendo criada por uma família tão rica você fosse melhorar esse seu gênio. - Disse Mercedes acendendo um cigarro de forma distraída.

_ Esse não é mais meu nome e você sabe disso. - Falei me sentando no banco da praça sem querer encará-la.

_Mas foi esse o nome que eu te dei quando te coloquei no mundo e vou chamá-la assim, você no mínimo deveria tratar melhor su madre mi hija. - Disse Mercedes de forma sentida.

_ Mi madre murió cuando yo tenía ocho años

*_ Minha mãe morreu quando eu tinha oito anos - Disse sentindo meus olhos arderem com uma das lembranças mais doloridas de minha infância. _ Você é apenas um fantasma do que ela foi um dia e que voltou para tirar minha paz! Se não disser o que quer em vinte minutos eu vou embora e vou me assegurar de que você não irá me encontrar! - Disse em um único fôlego para não dar chance de nenhuma lágrima cair.

Mercedes ficou quieta por um tempo e percebi que segurava o choro, se tinha uma coisa que herdei dela era esse lado orgulhoso, que não aceitava ajuda e não demonstra fraqueza fácil. Ela soltou alguns anéis de fumaça querendo mostrar seu autocontrole, mas sendo denunciada por suas mãos trêmulas e a pequena camada de suor frio que começava a surgir em sua testa, era evidente que estava em abstinência.
_Está bem, eu preferia curtir essa manhã com minha única filha, mas vejo que está com pressa... Eu estou em um abrigo aqui perto e preciso de algumas coisas, pasta de dente, shampoo essas coisas e como não consegui emprego ainda pensei que você pudesse me emprestar alguma coisa, prometo que pago assim que eu puder. -Falou séria tentando disfarçar sua aflição.
Passei a mão em meus cabelos, evitando responder algo ríspido, eu sabia para o quê ela precisava de dinheiro, eu sabia para o quê elaprecisava de dinheiro, sabia que seeudesse o queela queriapoderia sofrer outra overdose, mas sabia também que se eu não desse,ela surtaria e poderia arruinar destruir tudo que construí com Rubí. 

Olhei em seus olhos castanhos claros aos quais eu não puxei, sua boca era parecida com a minha, seu queixo lembrava o meu e se não fosse sua debilitação provavelmente eu poderia me ver alguns anos mais velha nela, fora isso não tínhamos nada em comum. Decidi por enquanto a lhe dar o que queria e ela aceitou ansiosa, mas ao mesmo tempo senti sua tristeza e aquilo me feriu ainda mais, deixei meu número para que ela pudesse me ligar e assim não incomodassem meus pais, ela era o meu problema e eu teria que saber lidar com tudo que a envolvia de novo.
_Seu pai ficaria orgulhoso de você agora, se ele pelo menos...
_Por favor não continue, não preciso passar por isso também... - Disse me levantando e indo em direção a minha moto.
_Elisabeth! Filha espera! - Disse ela me gritando e me fazendo parar e encará-la de novo. _ Me desculpe, eu sei que sou tudo que você odeia, mas queria que você soubesse que eu amo você e eu sinto muito orgulho de quem você é... Eu só sinto tanto... - Disse começando um choro sentido.
_Se você se importasse, deixaria eu realmente te ajudar... Olha eu vou me atrasar, se precisar de mais alguma coisa  me liga. - Disse montando na moto e colocando o capacete que não deixou que ela visse minhas lágrimas, olhei pelo retrovisor e vi quando ela se ajoelhou no chão para chorar sozinha e eu apenas acelerei a moto para ir embora dali o mais rápido possível...Passei o dia calada e pensativa, sempre que eu fechava meus olhos eu a via chorando então me foquei apenas em ajudar Rubí com Mônica e o nosso caso, claro que teria que ter alguma alfinetada daquele demônio louro, mas até que Rubí se saiu bem, passamos a tarde toda montando relatórios e a reunião que teríamos amanhã a noite com nosso chefe, não tive nem um oi de Luna e foi até melhor que ela não me procurasse, eu não seria uma boa companhia principalmente por telefone, ela e essa viagem que nunca acabava, eu também não poderia cobrar nada dela afinal um beijo ou dois não quer dizer nada, mas eu estava com saudade e precisava do conforto de seu abraço, então eu teria que esperar. Cheguei em casa e me enfiei embaixo do chuveiro onde chorei tudo que guardei o dia todo, amanhã era outro dia e eu teria que continuar firme, talvez eu precisasse voltar ao terapeuta, mas por hoje eu só precisaria chorar até tirar tudo de mim.

N/A : As coisas vão começar a se desenrolar agora gente ^^.... Espero que tenham gostado e sofrido um pouco, rsrsr até a próxima!!!

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