Capitulo 42
Rubí
Dia dezessete de novembro era um dia terrível para mim e como para simbolizar meu estado de espírito desse dia em particular chovia consideravelmente, arrumamos tudo para o fim de semana e logo cedo já estávamos nos dirigindo a minha antiga cidade, Arthur e Dália viam algum desenho no Tablet enquanto Carolina cantarolava a musica do radio, tocava - Suedeheade - Morrissey, particularmente nunca entendi muito bem o titulo dessa música mas o som era gostoso de ouvir e até cantei o refrão com ela que sorriu pra mim cantando junto, se o motivo da viagem não fosse complicado e triste até aproveitaria mais a companhia deles.
Parei em frente a minha antiga casa e minha mãe esperava na varanda, a chuva havia aumentado então Carolina entrou primeiro com Arthur para que não se molhassem, Dália e eu fomos depois com as malas, na sala Carolina conversava com minha mãe normalmente e assim que entramos em casa ela nos encarou sorrindo para Dália que a abraçou cheia de saudade, eu apenas subi direto para o quarto levando nossas coisas e evitando contato visual, como iríamos dormir lá achei melhor levar um colchão inflável de casal para por no quarto assim Arthur dormiria na cama e eu e Carolina no colchão perto dele, fiquei arrumando as coisas no meu antigo quarto até ouvir a porta se abrindo e ver Carolina entrando.
_Ei tudo bem? Você nem falou com sua mãe. – Falou se aproximando e sentando na cama ao meu lado.
_Eu não consegui, por mim eu nem teria vindo, mas Lia me pediu e eu nunca consigo dizer não a ela, e Arthur onde está?- Desviei o olhar para a roupa de cama que eu estava dobrando.
_Está com sua mãe na cozinha ela fez biscoitos pra ele e os dois foram comer com chocolate quente, ela é um amor com ele e parece encantada, me tratou muito bem se quer saber.
_Isso é ótimo, ela sempre quis um neto ela ama crianças e não tem como não se encantar por você amor então isso não me surpreende, o problema dela é só comigo. – Sorri de lado e sem muita convicção.
_Porque você não dá um desconto nessa briga com ela pelo menos hoje? Não foi só você que perdeu alguém nessa data não é?- Disse acariciando meu joelho e se levantando para sair. –Vou estar lá embaixo, mas pensa no que eu falei.
Acenei com a cabeça e assim que ela saiu me joguei na cama, estava exausta dessas brigas com minha mãe, mas ela sempre conseguia me tirar do sério, e eu mais do que ninguém sabia como ela sofreu com a morte de meu pai, mas nunca entendi a mudança drástica dela depois do enterro. Respirei fundo e resolvi descer e me juntar a eles na cozinha, a chuva não dava trégua, desci as escadas olhando os quadros de nossa infância que adornavam as escadas, antes havia o de papai e ela e o da família, mas pouco depois do enterro ela retirou todos, até hoje não sei o motivo, da sala podia ouvir as risadas de Arthur e a voz alegre de minha mãe falando com ele e por um momento reconheci em sua voz a alegria que a muito tempo eu não ouvia e isso me alegrou um pouco, Dália contava algo que ele havia aprontado com ela e ele ria, cheguei no batente e os observei, Mamãe estava com ele sentado em seu colo e Carolina tomava seu chocolate sentada a mesa e Dália descascava laranjas na pia enquanto contava a história, o menino logo me viu e me chamou, sorri e me junte a eles a mesa pegando um pouco do chocolate no bule.
_Se a senhora é a mamãe da Rubí onde ta a outra mamãe dela?- Disse Arthur olhando pra minha mãe e eu quase cuspi o chocolate, mas Carolina não resistiu e se engasgou de leve.
_Não filho, a Rubí nasceu diferente de você, ela teve um papai para colocar a semente dele dentro da barriga da mãe dela. –Explicou Carolina.
_E onde ele ta?- Continuou curioso.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A Detetive
RomanceSe me perguntassem qual era meu sonho quando eu tinha 12 anos eu diria que seria ser psicóloga como meu pai, porém aos 13 anos eu desisti de entender as pessoas, quando meu pai morreu na minha frente em um assalto esse sonho mudou. A partir de então...