Mudanças
O Domingo passou rápido, fiquei o dia todo montando os relatórios dos depoimentos, Lisa me ligou duas vezes para falar sobre o caso e informar que tinha algumas informações sobre o reitor, pedi que me enviasse por e-mail e assim passei minha folga, ignorando completamente minha noite passada, atribuí tudo o que senti a estar muito tempo sozinha. Na segunda-feira tive meu dia cheio e estressante, Lisa me acompanhou até o pequeno apartamento da vítima e depois que falamos ao síndico o ocorrido ele liberou com pesar a chave do apartamento, fiquei na dúvida se o pesar era pela perda do aluguel ou pela morte da menina, não encontramos nada revelador de primeira apenas fotos dos pais e dela com o namorado, cadernos e roupas que não seriam mais usados, cuidar de assassinatos era uma grande responsabilidade e sempre usei toda minha frieza e profissionalismo para cada caso porém quando se tratava de vítimas muito novas eu sempre ficava emotiva, e aquela menina era só 6 anos mais velha que minha irmã, tinha planos e sonhos que foram interrompidos. O apartamento era mais um dormitório, era apenas o quarto divido no meio por uma pequena cozinha e o banheiro onde eu estava, olhava um frasco do que parecia remédio para dor de cabeça quando Lisa me chamou.
_ Achou alguma coisa?- Disse esperançosa.
_ Não sei, mais para uma menina tímida esses acessórios são bem desinibidos.- disse Lisa olhando uma caixa que encontrara embaixo da cama. Olhei a caixa e lá haviam lingeries, utensílios sexuais, todos jogados de forma relaxada.
_ Pela arrumação, seja lá o que ela fazia, não parecia muito contente. - Disse Lisa olhando uma peça rendada.
_ Como assim? - Disse sem entender seu ponto de vista.
_ Essas roupas e acessórios não são baratos, no mínimo se ela os usava com frequência ou se ganhou de alguém, não acha que estariam em uma situação melhor do que jogados e amontoados em uma caixa embaixo da cama?
_ Bom se ela ficou cansada de servir aos fetiches dessa pessoa, com certeza esse alguém não deve ter ficado contente, pelas condições desse lugar ela não teria dinheiro para gastar em roupas assim. - Disse pensativa.
_ Será que ela se prostituía para conseguir pagar o material ou até o aluguel?
_ Não sei, vamos continuar procurando, uma aspirante a jornalista tem que ter no mínimo um notebook nem que seja velho.
_ Pensei nisso mais só encontrei esse cartão magnético da biblioteca.
Nos entreolhamos pensando provavelmente a mesma coisa, ela não tinha condições para ter um computador, logo deveria ter um passe direto na biblioteca do campus. Pedimos uma equipe para fotografar, isolar a área e coletar possíveis provas e seguimos para o departamento, lá encontramos os pais da vítima nos aguardando, eram pessoas simples a mãe já beirando seus quarenta e poucos anos e o pai um pouco mais velho tinham a mesma aparência cansada e marcada por anos de trabalho no campo, eles tinham uma pequena fazenda no interior e lutaram muito para que a filha não passasse pelas mesmas dificuldades, quando os levamos para reconhecer o corpo e tiveram a certeza de sua morte, foi um caos, a mãe após chorar e gritar entrou em estado de choque e teve um desmaio, o pai ficou firme, mas seu olhar vazio mostrava o grande luto que sentia... esses momentos sempre são bem difíceis para os familiares. Eu ainda lembrava o momento em que eu e minha família recebemos a comprovação de que meu pai não sobrevivera aos ferimentos, minha mãe desabou em um choro tão doloroso que nunca vou conseguir esquecer, eu estava em estado de choque ainda, pois havia presenciado tudo, minha irmã era muito nova para lembrar mas ficou por muito tempo perguntando quando papai voltaria. Foram os piores anos de minha vida. Deixei o casal sendo amparados por Lisa e me retirei, assim que me acomodei González trouxe as imagens das câmeras para analisarmos.

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A Detetive
RomanceSe me perguntassem qual era meu sonho quando eu tinha 12 anos eu diria que seria ser psicóloga como meu pai, porém aos 13 anos eu desisti de entender as pessoas, quando meu pai morreu na minha frente em um assalto esse sonho mudou. A partir de então...