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| T O M Á S |

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| T O M Á S |

Se eu soubesse que aquela mulher teria tanto poder na minha vida, provavelmente já teria corrido atrás dela há mais tempo. Porque não se trata do poder, trata-se de todas as outras sensações que a Joana me traz.

É um conforto constante, uma sensação de pás e uma tranquilidade nunca sentida antes. Ela tem a capacidade de despertar um emaranhado de sentimentos com um único sorriso, um enrugar de testa ou palavra sussurrada.

Não me devia sentir feliz por toda a dependência que eu estava a adquirir sobre ela, devia me sentir apreensivo pelo facto de acordar de mau humor sempre que ela não dormia ao meu lado ou quando insistia em não me mandar uma mísera mensagem a dizer se estava bem.

A Joana era extremamente independente e sempre que eu dizia que a buscaria ou levaria a casa, os seus pequenos olhos apenas rolavam na minha direção e reviravam de uma forma nada agradável. E nem precisava que dissesse mais alguma coisa para eu saber que a sua resposta seria um redondo e gigante não.

Mesmo assim, ela era insegura. Insistia em achar que nunca se sairia bem em alguma apresentação na faculdade, dormia nervosa no dia anterior e rolava inúmeras vezes na cama, apesar de saber o seu discurso de cor e ser uma ótima falante.

Os seus sorrisos envergonhados eram adoráveis, os seus gritos de prazer a meio da noite eram como música para os meus ouvidos e as suas investidas sexuais eram sensuais e enlouquecedoras. Os seus lábios, ao tocarem na minha pele eram como brasas incandescentes, que sempre tinham o poder de me acender todo por dentro. Os seus cabelos tinham sempre um cheiro agradável e eram fofos e preenchiam sempre todo o meu peito, sempre que a sua cabeça lá pousava.

Tê-la conhecido fora um dos melhores acontecimentos da minha vida. Que desencadeou tantos outros, que me sentia um filho da puta sortudo por a ter conhecido. Por a ter carregado nos meus braços até ao meu escritório e posteriormente para minha casa. Eu sabia, bem lá no fundo, que assim que tive contacto com os seus dedos finos, eles não só teriam a capacidade de tocar o meu rosto, mas também o meu coração.

E foi isso que aconteceu. E com isso declaro, de peito cheio de orgulho e cabeça erguida, que estou apaixonada pela cacheada que entrou na minha vida desacordada e deitada no chão da casa-de-banho.

Eu amo a Joana Matias!

Esse era o pensamento central que povoava a minha cabeça, enquanto a música suava abafada no andar de baixo e o escritório se encontrava extremamente quieto.

A minha mãe tinha acabado de sair daqui. Viera me acusar, aos prantos, de eu lhe ter roubado tudo: o marido e agora os filhos.

Eu já tinha aprendido a lidar com a sua chantagem emocional. E altivamente, olhava-a com nojo pelo seu joguinho imundo.

- Desparece daqui! – berrei. – Não voltes a importunar a vida da Milena nem a do João, tu não os mereces!

- E tu, mereces? – ela limpou as lágrimas de crocodilo e apontou o dedo na minha cara. – Mereces? Aproximaste-te daquela moça só para ganhares a confiança do juiz, que bem o sei.

Engoli em seco perante as suas palavras, parcialmente verídicas.

- Não me enganas, Tomás, és da mesma laia que eu. E para ganhar o jogo fazes de tudo o que for preciso.

- A vida das crianças não é um jogo! – sibilei. – Mas já que queres ver por esse lado, aproximando-me da Joana por benefício ou não, eu ganhei! Ganhei a guarda deles! E agora já não tens poder nenhum sobre mim, sobre eles. Eles finalmente vão ser felizes, comigo. E tu vais desaparecer das nossas vidas, como já o deverias ter feito há muito tempo.

- És miserável – ela ainda teve o descaramento de dar um olhar superior, como se realmente eu não valesse nada. – Achas-te tão superior a mim, mas acabas por usar as pessoas da mesma maneira – ela gargalhou maldosamente. – Mas pensando bem, talvez ela mesma seja como tu, como nós...

- Sai daqui! – berrei transtornado. – Não sou como tu, te garanto. Muito menos ela!

Ela foi embora sem mais nada para dizer. E na quase penumbra, refletindo sobre as palavras da mulher que tinha o mesmo sangue que eu e tudo o que acontecera na minha vida, eu chegava à perfeita conclusão de que amava a Joana.

E isso deixava-me aterrorizado. Porque sentia no meu peito, um peso nada agradável. Como se o facto da minha mãe ter mencionado a Joana e o seu caracter, fosse de facto um prenúncio de que algo estivesse por vir.

No Veneno, durante a noite, ficava um de nós por semana. Aquela semana tinha sido a minha. Em casa, a Lurdes tomava conta das crianças e a Joana decidira ir para o seu apartamento, para dar uso à renda que pagava, como alegou.

O burburinho mais intenso no andar de baixo fez-me ir espreitar à varanda que dava vista diretamente para todo o espaço. E o os meus olhos focaram, foi algo tão surreal, que ponderei estar a sonhar.

Desci as escadas a correr e parei diante do balcão, furando o amontoado de pessoas.

- Joana, sai daí de cima! – gritei com a cólera a povoar a minha corrente sanguínea.

O que ela estava a fazer, caralho?

Os seus quadris balançavam ao som da música, de uma forma provocadora. O tecido da sua camisola tinha acabado de deslizar pelos seus braços, revelando o sutiã preto de renda.

- Joana, que caralho estás a fazer?

- Era isto que esperavas de mim, Tomy'zinho? – inquiriu, com a voz mole, declarando que estava seriamente bêbeda. – Era isto que esperavas de alguém que apenas servia para mostrar estabilidade?

Ela cuspiu as palavras tão azedamente que me arrepiaram a espinha. Os seus olhos soltavam lágrimas silenciosas e a dor estava estampada no seu rosto.

Engoli em seco e implorei para que ela saísse dali de cima.

As pessoas olhavam para nós atentamente, muitos dos telemóveis estavam apontados para a Joana e com certeza gravavam todo o seu show.

- Joana, desde daí, vamos conversar. – Aproximei-me mais dela, tentando agarrar-lhe na mão.

Porém, estupidamente e na sua concessão bêbeda, ela não pensou que o balcão fosse finito, dando um passo para trás e caindo estonteantemente.

Corri para trás do balcão, clamando pelo seu nome e temendo o pior.

- Joana – chamei, deparando-me com ela estendida no chão. Os seus olhos estavam fechados e quando lhe toquei na cabeça, vi que sangue lhe escorria de algum ferimento. – Joana... - implorei para que abrisse os olhos, para que me olhasse, nem que fosse para me insultar, gritar comigo, fosse o que fosse.

A minha respiração estava descompassada, as minhas mãos tremiam nervosamente e eu senti-me um inútil. Culpado por aquilo ter acontecido.   

~~~~~<>~~~~~
Olá, meus amores!! ❤

Como se sentem?

Espero que tenham gostado do capítulo!!!

Seguindo a regra, a seguir teremos capítulo da Joana, onde ela explicará TUDINHO o que aconteceu para ter aquela atitude.

Espero que estejam tão ansiosas como eu para o próximo!!

Bem, não esqueçam da estrelinha e do comentário lindo que faz o meu dia!!

Beijinho, até domingo! 😙   

[Concluída] Acasos da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora