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| T O M Á S |

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| T O M Á S |

Estacionei o meu carro na vaga habitual e entrei na Veneno, furioso. O seu silêncio diurno era algo normal, que de noite se transformava em música ensurdecedora.

Abri a porta do escritório, violentamente, e sentei-me na cadeira atrás da secretária, desferindo um murro na mesa. A cólera que percorria todo o meu corpo era algo fora do normal.

- Bom dia – ouvi uma voz hesitante murmurar.

Contrafeito, levantei os meus olhos só para ver uma ruiva falsa parada diante de mim.

- Que queres, Sofia? – inquiri sem um pingo de paciência para aturar quem quer que fosse.

- Só vinha perguntar se precisas de alguma coisa...

- Não preciso de nada! – respondi brusco, sem sequer olhar para ela.

- Ouve lá, eu mereço algum respeito! – ela reclamou, elevando a voz.

Rolei os meus olhos na sua direção.

- Tu mereces é voltar para o teu trabalho, que é para isso que te pagamos!

Ela saiu do meu escritório, completamente indignada com a forma que a tratara. Não demorou nem cinco minutos para a o meu escritório ser novamente invadido. Daquela vez, porém, era uma figura masculina que o fazia.

Descontraidamente, o Miguel caminhou até ao sofá e sentou-se espaçosamente.

- Bom dia! – saudou com a sua voz sempre divertida e bem-disposta.

Não lhe respondi, fingindo que prestava atenção a uns papéis que estavam em cima da minha secretária. Com a minha visão periférica, vi-o apoiando-se nos joelhos.

- Parece que as coisas ficaram na mesma...

- Foda-se! – praguejei, dando um empurrão a tudo o que estava em cima do tampo de vidro. Por sorte, o computador não caíra. – Aquela filha da puta conseguiu levá-los, caralho! Se eles tivessem aqui, eu conseguia sempre saber como eles estavam, se precisavam de alguma coisa... Ela só fez isto porque eu a mandei embora no último fim-de-semana!

- Hey, tem calma! A decisão da guarda está quase a sair...

- Miguel, eu nunca vou conseguir ficar com a guarda dos meus irmãos, caralho! Por muitos recursos que eu ponha... o meu passado não ajuda! Sabes perfeitamente disso! Por muito má mãe que ela seja, ela tem aquele filho de uma puta que faz com que ela fique com a guarda deles, sempre!

No meu organismo, só corria a vontade de matar o emprestável do amante da mulher que se intitulava de minha mãe, à porrada.

Levantei-me da cadeira, totalmente revoltado com aquela situação e comecei a dar voltas pelo escritório, endoidecido.

[Concluída] Acasos da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora