.36 | Parte 1.

1.7K 182 24
                                    


| T O M Á S | 

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

| T O M Á S | 

Deixei o carro estacionado à porta. Abri a porta e desci do veículo, sentindo o vento tocar as minhas pernas apenas tapadas por uns calções de pano cinza. Tranquei-o após fechar a porta e dei dois passos na estrada vazia.

- Merda! – murmurei, lembrando-me de me esquecera da chave de casa dentro do carro.

Retrocedi os passos que tinha dado, destranquei o carro, abri a porta e inclinei-me sobre o banco do condutor, para conseguir chegar ás chaves que repousavam no outro banco.

Dei as passadas necessárias para chegar até casa, abrindo a porta e adentrando na habitação que me recebeu mais calorosamente que a rua. Deduzia que a Joana estivesse na cama, por isso caminhei descontraidamente até à cozinha.

No fundo, por muita porrada que tenhamos levado da vida, nunca estamos verdadeiramente à espera do próximo ataque. Não quando parece que mais nada nos pode magoar, que não há como a ela se esmerar mais para nos deitar abaixo.

Quando entrei naquele compartimento, onde o máximo que queria fazer era o pequeno-almoço e lavá-lo para o quarto, encontrei a Joana encolhida no chão.

A minha cabeça ficou em branco, totalmente apanhada desprevenida para aquilo. O pânico alastrou-se rapidamente, o pavor de, no final das contas, a vida ter dado aquele tiro que finalizaria com tudo.

- Joana! – chamei correndo na sua direção.

Acocorei-me ao seu lado e virei-a para cima com cuidado. O seu rosto estava encharcado e com uma cor extremamente pálida. Ela abriu os olhos quando lhe toquei, dando-me a ciência de que chorava.

- Joana! – voltei a chamar. – Que se passa? Que se passa, Joana? Fala comigo, meu amor!

Apesar de tentar ser racional, o medo começou a tomar conta de mim. Uma máscara de dor dominou-lhe as feições, á medido que o seu corpo se tornava cada vez mais mole nos meus braços.

- Ela morreu, Tomás – A voz da Joana saiu fraca e rouca, demonstrando toda a dor que sentia o seu interior. – Ela morreu. – O seu olhar demonstrava que ela não estava totalmente comigo, era como se estive num outro mundo, num mundo só dela.

Um espasmo de dor trespassou-lhe o rosto, o que a vez envolver o ventre fortemente.

Tirei o telemóvel do bolso e liguei para a médica da Joana, relatando o que se passava. Ela disse que uma ambulância estava a caminho, mas eu aleguei que chegaria ao hospital mais rápido.

- Joana! – voltei a chamá-la com fragor, quando vi que os seus olhos se fechavam. – Não podes fechar os olhos, tens de ficar comigo, sim? Tens de ficar!

Tremendo todo por dentro, peguei na mulher, que carregava a minha filha, ao colo e levei-a para o carro. Conduzi que nem um louco até ao hospital, onde a equipa já tinha sido acionada.

[Concluída] Acasos da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora