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  "I'm so over all this bad luck

Hearing one more: Keep your head up

Is it ever gonna change?"  

| J O A N A |

Os meus olhos corriam pelas vitrines de vidro, que revelavam pequenos manequins. As roupinhas delicadas, pequenas e de cores, maioritariamente, claras vestiam os bonecos, dando-lhes um ar adorável.

Sorri ao ver todas aquelas roupinhas. Involuntariamente, passei a minha mão pela barriga.

- Queres entrar? – a Iara Vanessa inquiriu-me.

Neguei com a cabeça.

- Ainda não comprei nada – disse como se aquilo fosse um segredo.

- Porquê?

- Não sei... isto parece tão surreal, Vanessa! E eu tenho medo. Primeira gravidez, primeiro trimestre. E se acontece alguma coisa? Seria muito pior se eu já treinasse o meu cérebro a comprar roupinhas e acessório.

Eu não queria ser pessimista. Não queria atrair coisas más, mas não me sentia segura em começar o enxoval dos bebés.

- Amanhã vou ter consulta, o Tomás vai comigo.

Sentamo-nos num banquinho que havia na Avenida por onde passeávamos.

- Nossa, trocas-te com uma pinta, hein? – a Iara fez-se de ofendida.

- Desculpa! Tu sabes que eu te adoro! – dei-lhe um abraço de lado. – Tens sido uma amiga tão boa para mim, Vanessa. A sério, nem sei o que faria sem ti!

- Oh, bem, bem! Essas hormonas andam a tornar-te muito sentimental, Joana! Assim ficamos duas carpideiras! – A Iara retribuiu o meu abraço, tentando não se rendar às ligeiras lágrimas.

***

O despertador tocou, fazendo com que as nossas mentes acordassem para aquela quarta-feira.

Aninhei-me ainda mais no peito do Tomás e fingi que não o tinha ouvido. Ele fez o mesmo, até o segundo toque se fazer ouvir.

- E se fingirmos que desmaiamos aqui na cama? – sugeri, dando-lhe uma mordida no braço., tão inesperada, que até eu me senti confusa com a minha atitude.

- Ai! Para que foi isso?

- Desculpa! – pedi enquanto me afastava do calor corporal do Tomás e me espreguiçava sobre o colchão.

Retirei o lençol sobre os nossos corpos, revelando a nossa nudez. Olhei diretamente para a semi-ereção do Tomás, esboçando um sorriso pervertido.

Ele rolou para cima de mim, posicionando-se nas minhas pernas abertas, roçando o seu pau na minha vagina. Compartilhamos um beijo ardente demais para aquelas horas da manhã.

Um gemido escapou dos meus lábios, enquanto ele sussurrava ao meu ouvido, com a sua voz lenta e grossa:

- Banho conjunto e sexo matinal. Tens algo melhor?

Consegui sair de baixo do corpo do Tomás e corri até à casa-de-banho, sendo seguida por ele.

***

À hora marcada, o Tomás foi-me buscar ao trabalho. De lá, partimos de imediato para o hospital onde seria a minha consulta de obstetrícia. Nós já tínhamos feito aquele percurso outrora, e daquela vez, nada mudara.

Entrei no consultório. Deitei-me na maca. A médica passou-me o gel na barriga e projetou a ecografia no ecrã ao meu lado. O Tomás, sentado na minha lateral, olhava atentamente para os borrões cinza, quase impercetíveis. O coração acelerado foi ouvido. Por momento, foquei a expressão da médica.

[Concluída] Acasos da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora