Capítulo 57

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Iris Dawson

"—Abortar missão, Corleone não é o cara que você procura. O homem da boate é..."—

A mensagem chegará tarde demais e pra minha falta de sorte, ainda estava pela metade , devido ao péssimo sinal de onde Kandy estava.

Ouvi a mensagem dezenas de vezes, tentando decifrar o nome por trás dos ruídos, mas não consiguia indentificar. Retornei a ligação, deixei mensagens e novamente nada de resposta. Então a ficha caiu, dolorosamente.

Me sentia terrivelmente culpada, não devia ter extrapolado com a bebida e deixado tudo chegar tão longe. Corleone e eu, isso foi um grande erro. Charlotte tentou me confortar de todas as formas possíveis, mas nada adiantou, as lágrimas caiam incessantemente, molhando minha face e escorrendo por minhas pernas. Me sentia minúscula, estava abraçava ao meu próprio corpo, tentando diminuir o imenso vazio que me tomava por inteiro.              

O estrago estava feito e não era possível voltar atrás, o álcool e sensação de tudo trincando que o Gregory casou havia me encorajado, impulsionando-me demais a tomar péssimas decisões, fazendo eu exceder todos os limites. Não que não tenha sido excelente, longe de mim desmerecer a delícia que o Victor é, mas isso não podia ter acontecido de forma alguma. Quanto mais eu pensava sobre e tentava justificar o ocorrido, mais ainda eu chorava, fungando com as narinas já irritadas. Apesar da minha cabeça parecer uma bomba relógio pronta pra explodir a qualquer instante, levantei e tomei o comprimido ao lado do copo de água no criado mudo. Caminhei até o guarda roupas e parei em frente das prateleiras, procurando algo para vestir. Precisava ir até a empresa, iria pedir a conta e terminar de desgraçar minha vida de vez. Magoada e desempregada. Puxei um vestido preto, super básico, modelinho perfeito para um velório, combinava perfeitamente com meu estado de espírito. Vesti e peguei um par de sandálias altas, meu tornozelo já não doía tanto, eu tentava acreditar cegamente nisso, mesmo sabendo a verdade. Porém, se eu iria pedir demissão, não ia lá de rasteira, já bastava a que a vida havia dado em mim. Ainda descalço, em frente ao espelho do banheiro, era hora de mandar ver, peguei a base e corretivo espalhei pela face. Não daria ao carrasco do meu chefe o prazer de saber do meu choro continuo, iria deixar tudo embaixo dos cosméticos, nem meu sorriso seria natural hoje.  Caprichei na quantidade de rímel e delineador, camuflando as olheiras causada pela noite em claro. Um batom nude cobria meus lábios secos e rachados. — Sorria, garota. Ninguém além de você precisa saber de seus problemas. Você consegue, é só um trabalho.— Queria tanto acreditar nisso, mas só em ouvir meu subconsciente, tive que engolir o choro. Peguei a bolsa na poltrona e enfiei no ombro. Ainda descalça peguei também os saltos e deixei o quarto.

— Bom dia, flor do dia.— Disse Charlotte, exibindo seu melhor e mais confortante sorriso.

Eu sabia que ela estava fazendo todo o possível para me animar.     Na mesa posta com todo carinho, tinha uma pilha de panquecas, waffles e torradas caramelizadas do jeito que eu adorava e mamãe fazia quando eu era pequena. O cheiro da primeira refeição do dia trouxe nostalgia e intensificou a dor em meu peito. — Ninguém além de você precisa saber...— Novamente fui avisada, mesmo ciente que Char não era qualquer pessoa.

— Bom dia, Lote. — Me forcei para esboçar um sorriso, por ela.

— Cruzes. — Ela disparou do outro lado do balcão. — Eu lhe conheço desde pequena, não sorria assim, é assustador.— Um sorriso espontâneo curvou meus lábios, Lote e seu bom humor imbatível fizera um ponto contra a tristeza.

Intensa Sedução/ Retornando Para Finalizar Livro Onde histórias criam vida. Descubra agora