Intensa Sedução/ Retornando Para Finalizar Livro

Capítulo 12

Gael Gregory

Minhas pálpebras estavam pesadas, minha cabeça parecia uma escola de samba ambulante. Tudo era incômodo, a claridade. O barulho, as vozes, maldita ressaca.

Demorei mais que o esperado para me levantar, tomar banho e consegui me trocar. O cheiro do café fresco me deixou enjoado, apenas peguei minha pasta sobre o sofá e fui trabalhar.

Michelle pareceu traduzir minha expressão "Hoje é um péssimo dia", pois ela não desejou seu bom dia habitual.

Íris não aparentava o mesmo ânimo do dia anterior, segurava junto ao corpo algumas pastas e seu tablet. Os olhos estavam fundos e cheios de olheiras. Notei a excessiva quantidade de base que ela parecia ter usado para esconder aquilo.

Me sento em minha mesa que esta como me lembrava, ela deixou o material necessário que eu precisava analisar para a reunião do dia seguinte sobre mesa e antes que ela saísse pedi que me buscasse um chá.

Não disse nenhum palavra depois disso.

Durante o decorrer do dia houve um silêncio agoniante, apenas sons das folhas de papéis e do teclado do computador. Não sai do escritório nem para almoçar, Íris pelo contrário pediu licença e se retirou.
Recostei a cabeça no encosto da poltrona e a girei, posicionando-a na frente da janela, meus olhos se prenderam na vista. Os carros indo e vindo, as pessoas caminhando apressadamente pela calçada, esbarrando vez ou outra umas nas outras.
Respirei pesadamente e cochilei.

...

"Era uma noite calma demais, quem poderia imaginar que o telefone tocaria trazendo uma notícia que mudaria minha vida. Já passava das 00:00, eu estava em meu quarto, deitado com fones no ouvido. A música alta, quase estourando meus tìmpanos. Era a única forma que eu encontrava de relaxar sem sair de casa, depois que Carol entrará em minha vida, eu tinha mudado completamente minha rotina. Trabalhava, saiamos e dormiamos em dias intercalados juntos.

Naquela noite ela avisou que acompanharia a mãe em um musical, aquele tipo de evento nunca me agradou, então Preferi ficar em casa. Foi aí que o telefone começou tocar descontroladamente, levei um bom tempo para notar. Quando por fim o atendi a linha havia caído, peguei meu celular e nele também havia dezenas de chamadas, todas perdidas. O telefone voltou a tocar e quando atendi houve um breve silêncio na linha, eu perguntei irritado quem era e porque estava ligando tão tarde e a voz da dona Dulce soou falha do outro lado, não ouvi nada mais depois de "Carol sofreu um acidente e morreu"

...

- Senhor...Senhor Gregory.

Ouvi de longe uma voz me chamar e de imediato meu corpo ser sacudido por algo ou alguém, abri meus olhos e fiquei sem reação ao vê-la.

-Desculpe-me, senhor. Mas eu bati uma, duas e três vezes na porta, e não obtive uma resposta. Eu fiquei preocupada, pensei que estivesse passando mal.- Ela explicou com a voz doce e cheia de preocupação, corrigi minha postura e afastei a poltrona dela.

- Esta tudo bem, Srta. Dawson.- Disse serenamente e ela se afastou sem dizer mais nada, saindo da sala com seu tablet na mão.
...

Desde a morte da Carol, eu vinha tendo dificuldades para dormir. O que me levava a beber excessivamente, como se fosse a única forma de amenizar tudo que aconteceu no passado. Eu sabia que era impossível esquecer, ainda mais nutrindo esse ódio que me fazia recordar a todo instante para que não se repetisse.

A voz dela me trouxe de volta, me resgatou do pesadelo constante que insiste em me atormentar. Ninguém conseguiu esse feito antes, os olhos dela estavam fixos nos meus. Um de cada cor, mas só eu parecia notá-los. Tão bonitos e profundos, aqueles olhos que me prenderam aquela noite na boate, me libertaram hoje da minha prisão.

...

O resto da tarde foi tranquila, seguida de perguntas sobre o projeto que estávamos trabalhando, após cada resposta minha, ela voltava a atenção ao tablet e digitava algo.
Mas era perceptível que havia algo de errado, essa não fôra a mulher corajosa que entrou na minha sala e garantiu um cargo. Parecia mais uma gatinha dócil do que uma felina feroz.
Mas eu não poderia invadir sua privacidade, não depois de repreende-la por ter mexido em minhas coisas. E independente do que estivesse acontecendo em momento algum era foi menos profissional e atenciosa.
Algo dentro de mim estava começando a mudar, era incômodo e não me agradava de forma alguma, já havia sentido isso antes e o fim foi trágico

...

O que está acontecendo comigo?

Cont(...)