Capítulo 55

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Íris Dawson.

  Após o acontecido no banheiro, engoli a vontade de chorar e retornei a mesa. Puxei a  bebida do Corleone mesmo para mim e a virei goela abaixo, precisava de um anestésico de verdade e muita coragem para o que viria a seguir. As mesas espalhadas ao redor da nossa, estavam todas ocupadas. A grande maioria por casais, que desfrutavam de um jantar romântico e troca de olhares apaixonados. Mas, tinha também duas ou três ocupadas pelo que parecia grupo de amigos, comemorando algo. Uma única mesa, era ocupada por um casal com três crianças, pareciam tão felizes e despreocupados com tudo que se passava ao redor deles. Olhava ao redor, observando cada detalhe, ocupando a mente e desviando a atenção momentaneamente da minha própria mesa. Senti o olhar fixo do Corleone, ouvi as risadinhas insinuosas de Beth e presenciei o charme do Corleone mais novo.
Uma pequena explosão interna me desligou e voltei a interagir, em meio a goles do saboroso e caríssimo vinho, que devia ser mais carro que meu apartamento. O valor era satisfatório dado o efeito rápido que ele teve ao me ajudar se soltar, fazendo-me tomar coragem. Os pratos foram servidos e todos começamos a comer, encarei as lâminas finas de carne crua em meu prato, uma louça branca, refinada e elegante. Meu estômago revirou, tentei supor que era culpa do álcool, estômago vazio e tal. Mas, eu sabia, àquilo não desceria por vontade própria de forma alguma. Usei os talheres e cortei um pedaço minúsculo do cordeiro para experimentar enquanto isso minha mente gritava. — Idiota. Devia ter optado pela massa, nunca peça algo que nunca provou se vier cru.—  O levei a boca e mastiguei devagar. As especiarias até que tentaram esconder o gosto de ferro, só conseguia pensar na carne crua, no sangue e até na expressão do cordeiro antes de ser executado para virar minha refeição. — Pare de beber, Íris.—Insistia. E eu empurrava a comida com vinho, tentando fazê-la descer. Graças ao bom Deus Corleone chamou minha atenção e tentei sorri, mesmo que forçada e para minha sorte, fui salva por sua atenção e cavalheirismo. Ele sugeriu que eu trocasse o prato, fizesse outra escolha no cardápio, mas, eu tomada pela coragem que o vinho alimentou, pedi que trocássemos de prato. Não queria parecer enjoada e pedir a essa altura que preparassem outra coisa, ou ser o centro das atenções quando retirassem apenas meu prato da mesa ou até mesmo atrasar o jantar deles, que comeriam gelado apenas por aguardar a chegada do meu novo pedido. Ele super solicito, empurrou discretamente o prato em minha direção e puxou o meu para si. Sempre exibindo um sorriso capaz de chamar mais atenção que os lustres maravilhosos que compunham a decoração do ambiente.
Experimentei a massa dele e estava realmente divina, bem preparada, leve e super recheada. Nem parecia comida de rico, que sempre peca na quantidade. Aliás, o prato não tinha uma quantidade digna de quem deseja matar a fome, mas em compensação estava incrivelmente saboroso. Terminamos de comer e bebemos mais vinho, e novamente lá estava minha consciência, gritando alto e incessante. — Isso vai dá merda. — Negativa ela, eu só precisava de uma ajudinha para me soltar e iniciar o que me levou até ali, a investigação. Não fosse isso, eu estaria em casa, deitada de pés pra cima e teria sido privada do ataque que sofri. Íamos pedir a sobremesa, já até explorávamos as opções no cardápio, quando Théo se pôs de pé e convidou Beth a se levantar. Quis morrer por um segundo, ela não ia simplesmente me abandonar. Ia? Claro que ia, era  a Beth que passará as últimas semanas me convencendo a vir a esse jantar e não parou de falar do lindos e gostosos Corleone por um segundos até então. O sorrisinho na face dela deixava transparecer a vontade que ela tinha de sair logo dali e aproveitar a noite sozinha com seu crush. Até tentei insistir que ficassem, mas foi em vão. Os dois saíram, Théo Corleone atraiu os olhares das moças que ocupavam a mesa ao lado da nossa —Ele tá acompanhando vadias.— Pensei em defesa da honra de Beth. Mas ela não ficou atrás, estava lindíssima e foi merecedora dos olhares que recebeu dos rapazes que ali bebiam.
Bem, voltando a mesa, onde estamos Corleone e eu. O que eu faria? Pensava sobre isso quando o telefone vibrou, ganhando tempo para eu refletir sobre minha estratégia. Pedi licença, expliquei que poderia ser minha tia Charlotte que estava hospedada em casa com seus filhos. Ele não pareceu ficar aborrecido por eu querer atender no meio do jantar, pelo contrário, me deixou a vontade para verificar o celular. — Puta que pariu. — Pensei ao ver o nome da minha melhor amiga na tela, era simplesmente Bethânia. Uma mensagem de texto, precisamente.

" Íris, espero que esteja depilada e não tenha vestido uma calcinha de velha. Escolha esse homem de sobremesa ou farei a Charlô te matar quando eu voltar para casa. Ps. Estou no quarto de um motel, lhe cedendo preciosos minutos do meu tempo para por juízo na sua cabeça. Tenha uma excelente noite, agora é minha vez de se divertir de verdade e dá até ficar assada, completamente dolorida.

Com amor, Beth."

Logo abaixo, uma mensagem de Charlotte.

"Pense no que eu te disse.".

E Outra.

" Aproveite a noite. A vida é uma só, sua mãe não gostaria de vê-la bem sucedida, porém sozinha e cheia de teias de aranha."

Outra mais a baixo em meio às mensagens de ligações perdidas.

" Íris Dawson Johnson, eu exijo ser surpreendida ao me contar desse jantar "

E mais uma.

" Estava olhando pela janela. Pai amado, esse homem é um Deus, esse pinto deve ser abençoado. Ore nele. Toque-o. Sente  e use a boca também por garantia, tenho certeza que chuverá bençãos e se tudo der errado, será uma chuva das boas."

Minha vontade  seria de abrir um buraco no chão e sumir, mas isso antes do álcool. Talvez não se lembrem, mas não sou grande amiga das bebidas, principalmente misturadas a medicamento, que acabaram por me deixar alta e soltinha. Minha intimidade assim como minha face, ambas estavam quentes e uma em especial ansiava por descobrir se o Corleone era o homem misterioso do banheiro.

Fizemos os pedidos da sobremesa, Victor sorria de forma forma tão  sedutora, mesmo que inconscientemente. As mesmas  moças que olharam para Théo, cresceram os olhos nele. Após terminámos de comer e jogar um pouco mais de conversa fora, a noite fora encerrada, Corleone me levou para casa e eu ainda estava repleta de dúvidas, já que ele deixou muitas questões em aberto.

...

Ele estacionou e me ajudou descer, se ofereceu para me levar até a porta, eu estava tão exausta que aceitaria sem ele precisar insistir. Entramos no elevador que assim como o saguão, estava vazio. Foi então que a bela influência da bebida me levou a parar o elevador e atacar o Corleone ali mesmo, pedindo que ele me beijasse como na noite da boate e me entreguei ao desejo de senti-lo novamente como naquela vez. Beijávamos com vontade e o puxei para mim, não o deixaria recuar. O plano B era minha única oportunidade de descobrir tudo de uma só vez.

Um grande apagão.•

Acordei de bruços no dia seguinte, com o gosto horrível de vômito na boca, o que fez ter ânsia e inclinar o corpo, vomitando novamente. Charlotte entrou rapidamente no quarto e Anne veio em seu encalço, elas me ajudaram a levantar e se despedir, deixando-me apenas de calcinha. Sentei recostada na banheira e Anne falou algo para a mãe, que assentiu e a menina se retirou, deixando nos a sós.

A água morna caia sobre minha pele nua e eu pensava "Cadê minha calcinha?"

— Charlô, o que eu fiz?— Indaguei com a voz embargada e os olhos repletos de lágrimas. A parte mais profunda do meu íntimo se contorcia, sabia tanto quanto eu que Corleone não era a pessoa que eu esperava que fosse, quem eu desejava.

Charlotte fitou-me carinhosamente e começou a relatar como eu havia chegado em casa após o jantar.

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Dedicado ao Corleone, novos acontecimentos e reviravoltas.

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Intensa Sedução/ Retornando Para Finalizar Livro Onde histórias criam vida. Descubra agora