CAPÍTULO 32

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"A ansiedade atropela fatos que poderia ser mais que perfeitos"

Júlia

Eu não queria conhecer os pais de Heitor, na verdade eu tenho tanto trauma de pais que eu pensei que jamais conseguiria ser uma mãe boa o suficiente.

Eu pesquisei e li muitos relatos de adoções com sucesso. Pais adotivos que amam de paixão e de coração seus novos filhos. Há casais que fazem festas e agem como se realmente estivessem grávidos no processo de adoção.

Theo e eu, fazemos parte de uma pequena estatística que não deu certo.

Por muitos anos, eu tentei não pensar, mas não posso ficar escondendo ou guardando coisas por muito tempo.

Geralmente, tenho alguns bloqueios mentais que aparecem em sonhos.

Eu descobri isso, pouco tempo depois que Theo foi embora.

Eu me sentia extremamente sozinha, achava que ninguém me amava porque sempre era abandonada.

Tive princípio de depressão e pedi ajuda, foi num dos encontros de grupo que conheci Gabrielly. Com a recuperação, entendi que nada do que me aconteceu, tive culpa, apenas foi um intermédio para que eu chegasse a algum lugar.

E eu cheguei.

A gravidez é uma fase sensível na vida de uma mulher, seja ela com traumas ou normais.

Não é uma doença realmente, mas é uma fase única e individual.

Quando cheguei na casa dos pais de Heitor, a mãe dele não conseguiu disfarçar sua insatisfação, provavelmente imaginou que eu fosse alguma caça dote, ou que dei o golpe da barriga.

Eu realmente não posso com anticoncepcional, me doem as pernas e me dá dores terríveis de cabeça, por isso sempre me prevenia até mesmo porque, doenças sexualmente transmissíveis não se evita com remédio anticoncepcional.

No Rio, eu me sentia retraída, pelo fato de ter sido mais uma vez rejeitada por uma figura materna.

Heitor veio para ver os pais, mas acabou ficando mais tempo comigo, o que acabou me incomodando também.

O que mais amei no local foi o jardim. No domingo de manhã, fiquei a maior parte lá, sentada no banco ou deitada na grama.

Estava sentindo umas colicazinhas chatas, mas a Drª me disse que era normal, que se chamavam contrações de treinamento.

Meia hora antes de ir embora, dona Roberta aproveitou que eu estava sozinha e se sentou do meu lado.

Desculpe meu mau comportamento.

— Não tem problemas, creio que estava protegendo seu filho, por ser o único homem e porque li que mães tendem a ter dificuldades de enxergar que os filhos cresceram.

Você é muito inteligente e educada. Acabei te julgando mal.

— Realmente não tem problemas, sua reação e justificável.

Qual o nome do bebê?

— É Victória, Heitor ainda nem sabia da gestação quando sonhou com ela e com o nome.

Ohhhhh então isso é de família. Aconteceu a mesma coisa com meu marido.

Roberta começou a contar da infância de Heitor e de suas irmãs, ela não é uma pessoa ruim, mas ainda tinha medo de suas "crises dramáticas" e espero de coração reverter esse sentimento.

Já fazia mais de uma hora que estávamos na estrada, quando aquelas dorzinhas chatas, começaram a ganhar proporções maiores.

Eu tinha imaginado que minha bolsa estouraria em uma caminhada, num momento de sexo, no trabalho ou que não estourasse para que eu pudesse fazer à cesariana, mas o destino que resolver me meter um pé na bunda bem dado, decidiu que o local ideal para a bolsa explodir, era dentro de um carro, no meio do nada.

(COMPLETO) APÓS A CURVAOnde histórias criam vida. Descubra agora