" Nao deixe acumular acontecimentos ou pensamentos negativos. A cada dia seus próprios problemas. "
Heitor
Ansiedade é algo que deveria ser fácil de apagar com a borracha.
Só falta um mês para Victória nascer e já não aguento mais esperar.
Já mudamos o quartinho umas dez vezes de posição, dobramos, desdobramos e dobramos novamente as roupinhas e ainda assim o tempo não passa...
— Amor já estamos alguns meses casados e ainda não conhecemos nossos respectivos sogros, só cunhados.
Sempre que tocava no assunto de conhecer os pais de Júlia ela trocava de assunto.
— Família é família independente do grau de parentesco.
— Jú por que você foge toda vez que menciono seus pais?
— Porque eles já não têm nenhum grau de importância para mim.
— Vem cá vem me explica melhor.
— O que eu vou te contar apenas poucas pessoas sabem, poucas mesmo, só quem eu confio.
Imediatamente fiquei preocupado. Ela não teria falado para poucas pessoas se não fosse algo anormal.
— Quando eu tinha dois anos, minha mãe de sangue faleceu, então fui para um orfanato. Chegando lá, Theo que tinha cinco anos se aproximou de mim com um amor de irmão. E nós não desgrudávamos nem para dormir. As tias tentaram de tudo que é forma me fazer dormir sozinha, mas eu chorava até que estivesse dormindo do lado de Theo. Certo dia, ele foi adotado por um casal que não podia ter filhos. Theo, finalmente teria pais e eu continuaria ali. Comecei a ter febre e Theo também, porque mesmo tendo família ele sentia falta de seu Carrapatinho. O casal, por ter dinheiro, decidiu me acolher também. Só que eles não me queriam. Eu não podia comer na mesa com eles, só no quarto ou com empregados. Eu sempre tentava provar que era boa o bastante para pertencer à família. Eu ajudava nos afazeres da casa depois da escola, procurava tirar as melhores notas e sempre tentava escrever cartas emocionantes que pudesse mexer com o coração deles.
O maior problema se instalou na casa, quando Theo assumiu sua opção sexual. Eles, evangélicos extremistas, passou a vê-lo como a aberração número dois, porque a número um, era eu. Theo já ia fazer 18 anos, quando descobri que nosso pai, estuprava Theo desde os 14 anos, por perceber seu jeito mais afeminado, então dizia que iria ter com o filho o que a esposa não dava. Com 16 anos comecei a trabalhar escondido e a juntar dinheiro. Theo já estava com 19 anos e só aguentava as pontas para não me abandonar. Faltando uma semana para completar dezoito, estava dormindo num sonho bom, quando senti uma mão me tocando e vozes sussurrando. Eu era virgem ainda então fiquei quieta sem entender nada. Aquela mão feminina começou a subir pelo meu corpo, mexendo na minha boceta, enquanto o homem me segurou para não a empurrar. Minha única chance era gritar Theo e torcer que ele escutasse de primeira. _Júlia começou a chorar com a lembrança e eu a embalem nos meus braços. — E então eu gritei tão alto quanto conseguia sabendo que só tinha uma chance. Theo rompeu pelo meu quarto, gritando com nossos pais. Foi à última vez que os vi. Saímos do norte de Minas e viemos para cá. Theo se apaixonou e foi pra Cambuquira com seu boy magia e eu conheci minhas amigas, por fim comecei a namorar, graças a Deus não deu certo e me encontrei com você. Fim.
Não me falta nada Thor, o que nos faz bem é o que temos de cultivar.
Seus olhos brilhando, me agoniavam ao mesmo tempo em que me dava orgulho.
— Você é forte amor, supera tudo e mais um pouco.
Com muito sacrifício e trabalho consegui convencer Júlia a ir conhecer meus pais. Eles moravam em um chalé no interior do Rio.
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(COMPLETO) APÓS A CURVA
ChickLitApós levar alguns foras, Júlia resolve meter o pé na jaca. E, depois de um fim de semana, tomando todas com as amigas ela resolve que não vai ser demitida por causa de sua beleza. E por isso, apenas por isso , se veste de maneira menos convencional...