Eu sorrio para Matt, que está deitado com os olhos fechados. Eu tento esconder a minha preocupação com sorrisos e caricias. Mas... no fundo, estou apavorada.
Eu fico observando Matt por vários minutos, passando minha mão pela sua testa e cabelos. Sinto que ele ainda está ardendo em febre.
Eu olho para ele, angustiada, e me pergunto se esse cansaço é temporário. Alguns pensamentos obscuros passam pela minha mente, eu tento ignorá-los, não posso ceder ao medo e ao pânico.
Eu deito ao lado dele e tento descansar um pouco também. Ouço o som das ondas batendo na areia da praia, escuto sons de animais da floresta e sinto minhas pálpebras se fechando.
Eu acordo com um som forte de um trovão. Pensei que era um sonho, mas agora percebo que há um temporal na ilha. A tempestade atinge o telhado metálico do nosso abrigo.
Eu olho para Matt, que está dormindo. Eu o abano gentilmente para acordá-lo, Matt solta um gemido e olha para mim, com os olhos meio abertos.
MATT: O que é tudo isso?
JULIA: Há muitos relâmpagos lá fora.
MATT: Já vai passar...
A voz de Matt está tão fraca como o seu corpo.
Algumas rajadas de vento passam pelas frechas do metal, os trovões estão mais fortes e a chuva começa a atravessar o telhado.
De repente, um raio cai a poucos metros de nós, tudo começa a balançar. Estou em pânico.
JULIA: Matt temos que ir.
Matt não responde, então eu grito por ele. A chuva está tão forte que cobre a minha voz gritando por Matt.
JULIA: MAAAATT!
MATT: Eu... eu não posso me mexer... Não consigo me levantar, amor... Deixe-me ficar...
JULIA: Isso está fora de questão.
Eu olho ao redor, quando uma rajada de vento levanta o tecto do nosso abrigo. Eu fico em pé e uma chuva torrencial cobre o meu corpo.
Eu olho para Matt e procuro uma solução ao meu redor. Eu vejo um pedaço de metal no chão, então decido colocar Matt sobre ele.
Eu o coloco na parte superior e uso os lençóis como corda. Consigo carregar Matt com a chapa de metal usando dois panos amarrados, então, sigo em direcção à floresta, procurando um lugar seguro, quando...
Um grande relâmpago atinge o meio das árvores, iluminando toda a selva ao redor. O choque da corrente eléctrica me joga no chão. Estou com um zumbido nos meus ouvidos mas eu só penso em ver se Matt está bem...
Ele ainda está sobre a chapa de metal, seu rosto está coberto com chuva e lama. Eu rastejo até ele, pegando algumas folhas de palmeira pelo caminho. Eu deito ao seu lado e coloco as longas folhas verdes sobre nossos corpos.
O sol está nascendo, eu tiro a folha de palmeira do meu rosto. Olho para Matt, ele ainda está dormindo. Eu chamo por ele.
MATT: Sim, eu estou vivo, amor.
Matt me responde, seus olhos ainda estão fechados, seu corpo está recto e rígido.
JULIA: Matt... eu tive tanto medo.
Matt espera alguns segundos em silencio antes de me responder.
MATT: Obrigado pelo que você fez ontem...
Eu olho para Matt, sem dizer nada, e sento ao seu lado.
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