Minha cabeça ainda está nas nuvens depois da manhã deliciosa na cama.
Estou andando ao lado de Matt e Daryl, rumo ao portão de embarque. Eu seguro minha bagagem de mão e olho para o final do corredor.
De repente, vejo um funcionário esfregando o chão. Não pode ser... O homem parece muito com o desconhecido que me empurrou em Nova York, o tal homem misterioso que vejo em todos os lugares.
Eu viro para ele enquanto continuo caminhando, então eu franzo a testa, pensativa.
MATT: O que foi? Você esqueceu alguma coisa?
Eu conto ao Matt o que vi. Matt dá de ombros, se inclina até mim e beija meu rosto, sem dizer nada.
Será que estou ficando louca? Eu devo estar alucinando. Eu tenho certeza que era a mesma pessoa. Mas o que ele está fazendo aqui, limpando o chão? E porque ele está por perto em cada um dos nossos voos?
Ou ainda... o que ele estava fazendo na rua, em Nova York...? Eu procuro pensar em alguma explicação, mas por mais que eu tente encontrar uma explicação coerente, não consigo pensar em nada. Eu preciso parar de ser tão paranóica.
É possível ver a mesma pessoa várias vezes ao longo de um curto período de tempo. Foi o que aconteceu com Ryan, ele estava sempre no mesmo voo, quando começamos a nos ver.
Vamos, Julia... pense em outra coisa.
GABRIEL: Para o voo de volta, Julia trabalhará comigo.
MATT: O quê?
Eu digo que isso está fora de questão. Gabriel olha para mim e depois para o Matt, que está prestes a pular sobre ele.
GABRIEL: Julia, comigo. Matt, você fica com os novatos da equipa. Se vocês não concordarem, terei que informar a gerência.
Eu olho para Matt e tento fazê-lo entender que eu ficarei bem, não quero criar mais problemas.
DARYL: O que está acontecendo?
MATT: Nada, está tudo bem...
GABRIEL: Eu montei as equipas, o Matt parece não concordar com a minha decisão.
Gabriel enfatiza a palavra 'decisão'. Daryl coloca a mão no ombro de Matt.
DARYL: Matt...
MATT: Está tudo bem, Daryl, eu não preciso de vigilância.
Matt desaparece em direcção à cabine, Daryl o acompanha de perto e eu olho para Gabriel.
JULIA: Uma mancada sua e você está ferrado, Gabriel.
GABRIEL: Vocês são muito neuróticos.
Eu respiro fundo e tento manter a calma, caminhando até a parte de trás do avião.
GABRIEL: Você pode fazer o seu intervalo, Julia.
JULIA: Já?
GABRIEL: Já estamos voando há quatro horas.
JULIA: Muito bem, farei isso.
Achei que as quatro primeiro horas passaram rápido, eu sento na cama da cabine e ouço alguém abrindo a porta.
JULIA: Gabriel, o que você está fazendo aqui?
GABRIEL: Eu tenho o direito de estar aqui.
Não estou gostando nada disso, eu permaneço imóvel, analisando cada movimento do Gabriel.
GABRIEL: O que você está fazendo?
JULIA: Qual é o seu problema?
GABRIEL: Julia... porque não podemos apenas ser amigos?
Nossa... ele é realmente um chato...
JULIA: Gabriel... eu não gosto desta situação. Você pode me deixar sozinha?
Gabriel fecha a porta lentamente e se aproxima de mim, meu coração começa a acelerar e eu fico pronta para gritar.
JULIA: Fique onde está Gabriel.
GABRIEL: Eu não estou fazendo nada de errado.
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