Viane.

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As três primeiras aulas foram boas duas de matemática, uma de física minhas matérias preferidas, enquanto vários alunos batiam cabeça com os cálculos como Duda, eu conseguia resolver em questão de poucos minutos.

— Desisto disso, meu Deus! Não tem como. – disse Duda batendo a cabeça na mesa.

Soltei uma gargalhada.

— Olha é super fácil, multiplica número normal com número normal, e depois soma as potências, aí você vai achar a pressão.

Olhei para meu caderno:

Pb = Pa + d. g. Hb
Pb = 1,2. 10*5+ 2,4.10³.10.3
Pb= 1,2. 10*5 + 7,2. 10*5
Pb= 1,2. 10*5+ 0,72. 10*5
Pb= 1,92. 10*5 N/m²

Pronto!
Como física podia ser tão fácil!?

— Quero saber é o que é o lanche.. – resmungou Grazy atrás de mim. — Nem tomei café.

Sorri para a mesma, que parecia estar com sono e no mundo da lua, Grazy era uma das mais animadas do nosso trio e inteligente também, mas naquela manhã parecia bem cansada.

— Aí menina acredita que vou ter que trabalhar hoje de novo!? Meu Deus, cadê meu direitos? Sou um proletariado agora? – disse Duda fazendo uma careta.

Grazy sorriu da mesma.

Mas nossa atenção logo foi tomada, quando a porta da sala se abriu, entrando a coordenadora Antônia e um garoto alto e magro, de pele parda, cabelos cacheados e olhos castanhos claros.
O mesmo usava uma camisa da Legião Urbana e uma calça jeans desbotada.

— Que isso papai!? Esse neném eu ninava o dia inteiro. – disse Grazy baixinho, fazendo Duda soltar uma gargalhada.

— Cuidado Grazy! Ele pode ser seu irmão. – respondeu Duda, me fazendo ter uma crise de riso e atraindo a atenção do garoto para mim.

Era nossa piada interna, Grazy tinha mais de cinco irmãos de mães diferentes, o que fazia eu e Duda brincarmos com isso, Duda ás vezes dizia que Grazy tinha um irmão em cada cidade o que levava até a mesma a sorrir.

Mas naquele momento, não foi muito conveniente ter uma crise de riso, o problema era que por mais que eu quisesse não conseguia parar, algumas pessoas da sala também começaram a rir e juntamente com eles o tal garoto.

— Aí meu Deus. – falei depois de um tempo, recuperando o fôlego.

— Bem agora que todos resolveram fazer silêncio, não é Maria Viviane!? – gelei. Precisava falar meu nome todo? Eu gostaria de apresentar pra vocês o aluno novo, Henrique. – completou ela.

Voltei minha atenção para o garoto que estava me fitando para minha surpresa, olhei para Duda que também pareceu perceber e quase dar pulinhos de alegria, senti minha garganta fechar e meu rosto queimar, desviei o olhar rapidamente.

Henrique dispensou apresentações e foi logo se sentar, e pra minha segunda surpresa bem do meu lado.
Felipe pareceu perceber e olhou rapidamente para mim.

Eu e Felipe éramos apenas amigos, jogamos juntos as vezes e sempre discutirmos questões matemática por mensagem, as vezes ele curtia minhas fotos e eu, bem eu retribuía, ás vezes até com mais frequência.

— O Felipe olhou pra cá ou é impressão minha? – perguntei, me sentido corada.

Duda bufou.

— Filha presta atenção no gato que tá do seu lado e não para de olhar pra você. – respondeu ela.

Olhei discretamente para o garoto que ainda estava me olhando, ele era bonito, não tanto como Felipe, mas ainda sim bonito.

A campainha bateu, me levantei e assim que me virei Duda e Grazy já haviam saído.

"Ah essas trouxas.."

— Oi. – disse uma voz rouca no pé do meu ouvido.

Me virei rapidamente e dei de cara com Henrique, minha reação não foi uma das melhores fiquei uns dois minutos com a boca aberta apenas olhando para o mesmo parecendo uma idiota.
Henrique sorriu e repetiu o "Oi"

— O.. Oi. – falei, sentindo minha voz falhar. — Bem-vindo a escola! - falei animada, balançando a cabeça.

Ah se eu pudesse me bater.

— Ah obrigada, aqui parece bem legal. - disse gentilmente.

Dei um sorriso tímido ao mesmo que devolveu o sorriso.

— Então quer me mostrar a escola?

Fiquei surpresa com a proposta.

— Seria um prazer, mas primeiro o mais importante.. o lanche. – falei, puxando seu braço.

— Aaaa me conta tudo! – disse Duda sentando na mesa da lanchonete de sua mãe

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— Aaaa me conta tudo! – disse Duda sentando na mesa da lanchonete de sua mãe.

— Também quero saber. – disse Grazy do caixa.

Terminei de ajeitar meu avental e olhei impaciente para as duas, não havia sido nada demais, ficamos juntos e depois fizemos dupla na aula de biologia, ele gostava Alessia Cara assim como eu, o que me deixou um pouco mais animada.

— Minha música preferida dela é Scars to you Beautiful. – disse ele.

But there's a hope that's waiting for you in the dark
You should know you're beautiful just the way you are.. – cantei um trecho.

Seus olhos se arregalaram, e um sorriso surgiu no canto de sua boca.

— Poxa! Sua voz é muito linda. – Disse ele admirado.

Sorri timidamente.

Henrique não era o primeiro que me dizer isso, Duda e Grazy e até o professor de música Danilo viviam enchendo meu saco, dizendo que eu deveria investir naquilo.
Bem eu até tentei participei da competição de canto da escola e fiquei em 4°lugar no 9° ano, então acabei resolvendo deixar a música de lado.

Voltei a realidade quanto senti Duda empurrar minha testa, a mesma fez sinal de reprovação seguido de um risinho.

— Planeta chamando Viane! – gritou Grazy.

— Hummm.. deixa eu adivinhar, tava pensando no Henrique e esqueceu de mim e da Grazy aqui não é!?

Quase balancei a cabeça positivamente.

— Não, não, tava pensando no teste de química que a gente vai ter amanhã, tenho que estudar. – falei, pegando uma vassoura e começando a varrer a lanchonete.

Duda levantou o dedo do meio para mim, me fazendo olhar surpresa.

— Conheço você dês dos sete anos, acha mesmo que é fácil assim mentir pra mim? Eu respondo não é não querida, primeiro você sabe todo o assunto de química e segundo você tava sim pensando nele. – protestou ela confiante.

Balancei a cabeça fazendo a mesma da um sorriso de aprovação, e depois olhar para Grazy como se dissesse "Eu não disse?"

Henrique era bonito, inteligente e tinha um ótimo gosto musical, mas seríamos melhor como amigos.
Mas não foi isso que passou pela minha cabeça quando ele entrou na lanchonete naquela tarde.

Como Arrumar Um Namorado Em 17 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora