Viane.

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— É uma oportunidade única, quando você acha que vai ter a chance de conhecer a cantora que você é fã e gravar uma música com ela? – questionou Grazy.

Bufei irritada.

— Não interessa, se eu vou ter ou não essa oportunidade. Eu não pedi nada disso, não pedi pra ter essa festa de aniversário, pra terem feito esse plano de namoro e muito menos para me inscreverem nisso. – protestei.

Duda balançou a cabeça e deu um sorriso, não um sorriso agradável, mas amargo e impaciente.

— Essa ideia do namorado em 17 dias também foi sua, e até estava dando tudo certo. – ela me olhou. — Mas percebemos que o Henrique não merece você.

Passei as mãos pelos cabelos angustiada, eu sabia que mesmo que ficasse uma hora discutindo com Duda ela não mudaria de ideia.

— Você não conhece ele direito, não pode julgar uma pessoa de cabeça quente. Ontem foi uma exceção a regra, ele não é daquele jeito.

Ela balançou a cabeça e deu dois passos para trás e me deu as costas, mas não saiu da sala, apenas ficou encostada na porta olhando para fora.

— Vamos esquecer o Henrique um pouco tá bom? Por que você não considera a ideia de se apresentar? – perguntou Grazy.

Balancei a cabeça negativamente.
Vitória entrou na sala logo depois, estava animada, mas quando viu nossas caras pareceu preocupada.

— Vocês ainda não se resolverem?

— A Viviane não quer participar do concurso. – respondeu Duda.

Vitória comprimiu os lábios receosa e inclinou a cabeça e levantou os ombros para o lado parecendo se dar por vencida, antes mesmo de tentar me convencer.

— Por que a gente não vai lanchar? Se a Viviane não quer participar não podemos fazer nada. – disse por fim.

Vitória estava sendo legal em não forçar a barra, mas no fundo ela parecia até me entender bem mais, não queria ficar tentando me convencer porque sabia que eu estava convencida.
É claro que eu tinha adorado a ideia e se eu ganhasse seria a melhor coisa do mundo para mim, mas eu não iria tentar.

Eu não queria comprar briga com Letícia porque não aguentava mais aquela rivalidade feminina que ela havia criado, era chato, desnecessário e ridículo.
As vezes eu me perguntava como seria se ainda fossemos amigas, se ela ainda dormisse na minha casa nos finais de semanas, se ainda fizéssemos penteados iguais quando fossemos sair ou se ainda falássemos sobre tudo, seria bem melhor, eu acho.

— Vamos, eu tô morrendo de fome. – falei, começando a andar em direção da porta.

Passei por Duda que ainda estava encostada na porta e a puxei pelo braço, fomos todas ao refeitório e pegamos nossos lanches.
Eu senti alguns olhares sobre mim, e eu sabia que não era paranoia da minha cabeça porque até às meninas já tinham percebido também.

— Perderem alguma coisa aqui? – perguntou Duda a um grupo de meninas que me olhavam e cochichavam.

Elas fecharam a cara e desviaram o olhar, mas ainda sim eu conseguia sentir os olhares sobre mim.
Talvez aquilo estava acontecendo por conta do beijo com Henrique,  do concurso ou  porque todos já sabiam o que havia ocorrido na lanchonete.

— Bando de curiosos! Não suporto essa gente. – disse Grazy fazendo Vitória sorrir.

Eu não podia discordar totalmente.

Perdida em meus pensamentos quase não vi Henrique passar por mim, estava com o semblante sério e dava passos rápidos, ele se sentou sozinho e ficou olhando para o nada.
Uma vontade enorme de ir até ele surgiu, quase me esmagando, eu podia sentir minhas pernas vibrarem e se firmarem no chão para eu me levantar, meu peito doía e uma falta de ar surgiu em mim, eu queria, mas não tinha coragem de ir até o mesmo.

Mas eu precisava.

Preciso falar com o Henrique. – me levantei de uma vez. — Me desculpem.

Comecei a andar em sua direção, aquilo era loucura e se o mesmo se levantasse e me deixasse plantada ali? Ou agisse com indiferença? O que eu iria falar?

Parei na frente da sua mesa, sentindo minha respiração ficar mais pesada.

— Po-posso me sentar com você? – perguntei chamando sua atenção.

Ele balançou a cabeça afirmativamente, bem devagar, quase imperceptível e desviou o olhar logo depois.

— Me desculpa pelo o que aconteceu ontem, mas você tem que entender que também não está totalmente correto. – falei de uma vez.

Ele deu um sorriso debochado.

— Esse é seu jeito de pedir desculpas?

Engoli em seco.

— Eu sei que a gente brigou, mas não precisamos se afastar por causa disso, eu tava cheia de coisa na minha cabeça. – olhei nos olhos dele brevemente. — Eu gosto de você.. é meu amigo, nós dois erramos.

Ele se ajeitou na cadeia e levou seu corpo para a frente quase em um impulso, de modo que ficou mais próximo de mim.

— Eu também gosto de você, Viane. – ele suspirou. — Não acho que devemos nós afastar por causa da sua prima, do Guto ou por causa das suas amigas acho que nenhum deles querem sua felicidade de verdade.

Abaixei o olhar ao ouvir ele se referir a Guto e minhas amigas, é claro que os mesmos torciam pela minha felicidade, eu não deveria duvidar daquilo.
Mas me sentia péssima porque de certa forma, as palavras de Henrique não me pareceram absurdas.

— O Guto gosta de você.. ele não vai querer ver você com mais ninguém do que com ele mesmo. – ele deu de ombros parecendo indiferente. — Suas amigas amam você, disso eu tenho certeza, mas talvez elas estejam com inveja ou com ciúmes, aposto que não estão fazendo por mal. Mas você não pode deixar eles contratarem a sua vida.

Senti meu estômago revirar.

— Eu não consigo pensar dessa forma, tudo que elas fizeram e fazem por mim só prova o quanto se preocupam.

Ele balançou a cabeça se afastando um pouco.

— Não duvido da lealdade delas, mas você não pode deixar elas interferirem tanto assim. – ele me olhou, com a aparência calma e os olhos simpáticos. — Por que você não toma suas decisões!? Pelo menos agora.

Respirei fundo, a ansiedade e tensão saíam do meu corpo, e eu pude me sentir mais relaxada, pela primeira vez dês da contagem regressiva para o meu aniversário.

— Que tal a gente sair hoje? Só nos dois, sem ninguém saber.

Dei um sorriso animado ao mesmo.

— Me parece uma boa ideia. – respondi.

Como Arrumar Um Namorado Em 17 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora