Viane.

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Eu estava me preparando para ir embora quando alguém bateu na portar, Guto se levantou e foi abrir a porta. Ele voltou com uma criança nos braços e com uma senhora logo atrás, deduzi que seria seu irmão e sua avó.

A criança olhou para mim e falou algo no ouvido de Guto que o fez sorrir.

— É a Viane minha amiga. – disse ele, colocando a criação no chão.

Devid colocou os braços para trás envergonhado e ficou me olhando e depois começou a sorrir.

— Você é coleguinha do meu irmão? – perguntou ele timidamente.

— Sou sim.

Ele correu até a avó e pegou um avião de brinquedo que estava com ela e veio em minha direção.

— Minha vózinha me deu. – disse ele mostrando o brinquedo.

— É lindo. – respondi.

A senhora se aproximou de mim com um sorriso intrigante e eu me levantei para cumprimenta-lá, a mesma me abraçou e depois olhou para Guto.

— Então você é famosa Viane.. – disse ela animada.

Olhei para Guto sem entender e ele fez uma careta para a avó que apenas tapou um sorriso.

— A senhora me conhece?

— A sim.. o Guto sempre fala de.. de todos os funcionários da lanchonete. – respondeu ela.

Dei um sorriso em resposta e ela começou a me olhar de cima a baixo e a mesma arregalou os olhos quando viu meus machucados.

— Deus do céu, o que foi isso?

— Ela tava andando de bicicleta e se desequilibrou. – respondeu Guto. — Mas eu já fiz o curativo.

— Na verdade eu ia cair dentro do caminhão de lixo, e quando eu tentei desviar caí com tudo no chão. – respondi fazendo ela sorrir.

— Vocês jovens, têm que tomar mais cuidado! Não podem ariscar a vida desse jeito.

Antes que eu pudesse responder que aquilo não foi uma tentativa de ser radical e sim um acidente, senti alguém puxar minha blusa, olhei para baixo e vi que era David.

— Você quer brincar comigo?

— Ela já vai embora...

— Tudo bem, eu posso ficar mais um pouquinho. – respondi interrompendo Guto.

Ele olhou para mim surpreso e Devid tratou de me puxar pelo braço fomos até a sala onde estava um baú de brinquedos, ele me mostrou seus carinhos e eu dei a ideia de brincarmos de corrida, mas ele desistiu da brincadeira depois de perder duas vezes seguidas.

— Você também usa óculos. – disse ele olhando pra mim. — Deixa eu ver?

Tirei meu óculos e mostrei para o mesmo que pediu para usar, mas Guto não deixou.

— Não confia nele, ele sempre destrói meus óculos.. é um pestinha. – disse me fazendo sorrir.

— É mentira! – gritou Devid.

Os dois começaram a imitar um briga e eu comecei a sorri, Devid tentou agarrar o irmão que foi mais rápido e deitou ele no chão e começou a fazer cócegas no mesmo.

Paraaa, eu vou morrer! – disse Devid nós fazendo sorrir.

Guto soltou ele que saiu correndo pela casa com seu a avião, nesse meio sentamos no sofá com dona Lúcia vó de Guto.

— Quantos anos você tem? – perguntou ela.

— Tenho quinze, mas vou fazer dezesseis daqui a dez dias. – ela me olhou animada. — Vou fazer uma festa.. na Casa dos sonhos.

Guto olhou para mim com os olhos arregalados e disse:

— Sério? Ouvi falar que uma das melhores casas de festas da cidade.

Confirmei com a cabeça.

— Você está convidado, na próxima semana acho que a Duda te entrega o convite. – falei.

Ele hesitou e depois coçou a cabeça meio envergonhado, sua avó olhou para mim e revirou os olhos.

— Meu neto é muito antisocial, nunca gosta de sair.. mas pode ter certeza que no seu aniversário ele vai!

Ele olhou para avó com recriminação e depois abaixou o olhar, eu sabia que o mesmo era tímido só não sabia que era tanto.
Guto não tinha muitos amigos que eu soubesse, uma vez outra eu via o mesmo conversando com algum conhecido na lanchonete, mas era só isso.

— O Guto já te contou que quer ser engenheiro? É o último ano dele na escola e do jeito que ele é inteligente aposto que vai ser aprovado.

Balancei a cabeça surpresa.

— Eu já pensei em ser também, porque eu gosto muito de fazer cálculos e essas coisas, mas por enquanto ainda não me decide.

— Minha família toda tá no meu pé dês que eu escolhi engenharia. – disse ele.

Ficamos calados por um tempo o que foi um pouco constrangedor, eu podia ver Lúcia e Guto conversando por olhares, ele as vezes fazia uma careta de reprovação e ela mexia os lábios e sorria, mas depois de um tempo a mesma resolveu quebrar o silêncio:

— Então Viane você tem namorado? Uma moça bonita como você é difícil estar sozinha.

Tive vontade e sorrir e depois de chorar, mas continuei plena perante aquela pergunta constrangedora.

— Vó! A senhora não deveria ficar perguntando essas coisas. – brigou Guto.

— Não, tudo bem.. eu não tenho namorado. – respondi.

Ela assentiu e disparou:

— O Guto também não.

Sente meu corpo se arrepiar e meu rosto ficar quente, olhei para Guto que estava absurdamente vermelho e com o olhar assutado.

— Desculpa, min.. minha vó é meio sem noção. – sussurrou ele para mim.

— Tudo bem, eu entendo bem. – revirei os olhos impaciente. — Eu acho que já vou embora.

Sua lábios se curvaram e ele assentiu parecendo desanimado.

— Se você quiser eu te acompanha até lá.

— Não precisa, eu tô de bicicleta e minha casa não fica muito longe. – respondi.

Levantamos do sofá e eu me despedi de sua avó e de Devid, Guto me acompanhou até a varanda e como despedida lhe dei um abraço, mas Guto pareceu alarmado e confuso e não retribuiu.

— Tchau. – falei envergonhada.

O mesmo ainda parecia estar confuso, pois só respondeu quando eu já havia subido na bicicleta, ele se despediu com um aceno que eu retribui e depois comecei a pedalar.
Me sentia satisfeita comigo mesma porque havia conseguido falar com ele e pedir desculpas por minha falta de educação, agora eu só precisava focar no plano, até porque faltavam pouquíssimos dias e agora que toda a minha família achava que eu tinha realmente um namorado tudo ficava mais complicado.

Como Arrumar Um Namorado Em 17 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora